De que modo o cinema, a literatura e a fotografia colocam a escrita em movimento, disparando novos sentidos? Essa foi a questão central na disciplina “Pesquisa em Psicologia III”, do curso de Psicologia da Univates, que teve seu encerramento realizado na manhã desta terça-feira, dia 30, na cafeteria do Prédio 9. Ministrada pelo professor doutor Cristiano Bedin da Costa, a disciplina teve o objetivo de pensar possibilidades para a pesquisa acadêmica, a partir do contato com a obra de autores como Michel Foucault, Gilles Deleuze, Félix Guattari e Roland Barthes.

Além desses pensadores, também foram abordadas as obras de escritores como Julio Cortázar, Carlos Drummond de Andrade e Charles Bukowski. “A disciplina visa a, entre outros objetivos, fazer a defesa da escrita como sendo uma prática efetivamente criadora, performativa, e não apenas um meio neutro para a comunicação de um sentido exterior. Por essa via, se a escrita cria sentidos, ela também pode desviá-los, confundi-los, por meio de experimentações com o estilo e diferentes matérias de trabalho”, explica o professor.

A partir dos autores estudados, a turma buscou pensar também as relações entre a escrita e outras formas de expressão, como a fotografia e a produção audiovisual, refletindo sobre a maneira que esses cruzamentos interferem no pensamento. Assim, na atividade desta terça-feira, os estudantes apresentaram trabalhos realizados durante o semestre, focando a intersecção entre essas diferentes linguagens. “Como no próximo semestre as alunas iniciarão seus Trabalhos de Conclusão de Curso (TCC), o momento também serviu para compartilhar as fantasias de pesquisa, indicar a direção dos próximos estudos, esboçar por onde andam os desejos de escrita”, ressalta Costa.

As estudantes Mayana Tramontina e Gislaine Sarmento apresentaram, por exemplo, as pesquisas que pretendem realizar durante seu TCC a partir de um trabalho com a música “Metade”, de Oswaldo Montenegro. De acordo com elas, a relação feita entre seu tema de pesquisa - o sofrimento psíquico com docentes – e alguns fragmentos da música permitiu que construíssem outras maneiras de expressão do conhecimento. “Por meio de vídeos e analogias, expressamos os resultados de provocações e desacomodações instigadas pelo professor”, comentam as acadêmicas.

Alguns trabalhos desenvolvidos em forma de vídeo pelas estudantes podem ser conferidos neste e neste link. O primeiro é intitulado “Quirologias”, realizado a partir da leitura e discussão do texto “As linhas da mão”, de Julio Cortázar. O segundo é intitulado “Michel Foucault e o poder”, produzido a partir das discussões sobre o conceito de poder na obra desse pensador francês.

 

Texto: Tuane Eggers