Ambiente e Desenvolvimento
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Navegando Ambiente e Desenvolvimento por Orientador "Mazzarino, Jane Márcia"
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- ItemAcesso AbertoA formação de professores em educação ambiental: hortas escolares como espaço de dinamização de ecossistemas múltiplos(2022-12) Marques, Marilaine De Castro Pereira; Damasceno, Mônica Maria Siqueira; Mazzarino, Jane Márcia; http://lattes.cnpq.br/4570485590802043; Souza, Lise Mary Soares; Kaick, Tamara Simone Van; Neuenfeldt, Derli JulianoA pesquisa parte do pressuposto de que a Educação Ambiental contribui para a formação integral de professores e estudantes e para a construção da cidadania planetária. A horta escolar, por ser uma estratégia que possibilita o contato com a terra, com as plantas e o envolvimento com os cuidados necessários às espécies cultivadas, revela-se uma importante ferramenta pedagógica para propor aulas significativas, que resultam em aprendizagem ativa e interdisciplinar, articulada aos Temas Contemporâneos Transversais, que podem favorecer a construção de conhecimentos, valores e atitudes, indispensáveis para a formação do sujeito crítico, cuidadoso com a saúde e com o bem-estar individual, coletivo e planetário. O objetivo geral do estudo foi investigar a potência dos processos colaborativos e das hortas escolares, na formação de professores de Ciências da Natureza, na perspectiva teórico-metodológica da Educação Ambiental, articulada à proposta ecosófica, tendo como foco um grupo de professoras de Ciências da Natureza que atuam na rede pública estadual, no município de Alta Floresta-MT. Como objetivos específicos foram traçados os seguintes: a) identificar a existência de hortas nas Escolas Estaduais de Alta Floresta, a fim de avaliar suas funções no ambiente educativo; b) caracterizar os processos de comunicação e de educação ambiental no cotidiano dos professores de Ciências da Natureza; c) realizar, por meio da pesquisa-intervenção, um processo de formação continuada voltado a professores de Ciências da Natureza, com foco nos temas da educação ambiental, educomunicação socioambiental e horta escolar; d) avaliar a potência da formação colaborativa e das hortas escolares, como dispositivos de educação ambiental e para a dinamização de ecossistemas de comunicação ambiental. A abordagem metodológica da pesquisa é qualitativa, incluindo métodos e procedimentos baseados na pesquisa-intervenção, além de estudo bibliográfico, documental e de campo. Como técnicas de coleta de dados, foram utilizados questionários, entrevistas, observações, relatos em diários de campo e análise das produções dos professores, a partir de encontros formativos. A pesquisa de campo foi realizada em 2021, com dois grupos de professoras. Para um dos grupos foi aplicada somente uma entrevista; com o outro, foi realizada uma formação. Foram comparados os relatos de ambos, a respeito de como compreendem a potência de processos colaborativos e das hortas escolares na formação de professores, na perspectiva teórico-metodológica da educação ambiental, articulada à proposta ecosófica. O grupo de intervenção foi formado por professoras de Ciências da Natureza, que demonstraram receptividade à proposta, disponibilidade e compromisso para participarem da formação. Adotou-se a perspectiva das metodologias não extrativistas e de estratégias de produção de conhecimento, que valorizaram a dimensão corpórea e a integração dos três registros ecológicos: ambiental, social e da subjetividade, do que decorre o conceito de ecosofia. Na iniciativa em questão, foram exploradas cinco categorias de análise como temas a serem problematizados na formação: memórias, cuidado, interdependências, ecossistemas e transformações. A formação realizada possibilitou aprofundar a compreensão das dimensões da ecosofia, já que, entre as professoras entrevistadas, os modos de cuidado, as possibilidades de interdependência, de organização ecossistêmica e as transformações demonstraram menor complexidade, assim como no início da formação das duas professoras. Ao longo dos encontros formativos, observou-se uma mudança de perspectiva nos relatos das participantes. De modo conclusivo, o estudo aponta para a potência da criação e do aprimoramento de ecossistemas comunicativos (presencias e on-line), que possibilitaram que as professoras participantes dos encontros passassem a integrar à sua concepção materialista de educação ambiental, um viés sensível. Fortaleceu-se a concepção da horta como laboratório vivo, espaço de aprendizagem interdisciplinar, coletivo e colaborativo, onde se podem desenvolver práticas pedagógicas de educação ambiental e de Ciências da Natureza, utilizando métodos colaborativos, estratégias educomunicativas e princípios ecosóficos, que possibilitam desenvolver habilidades cognitivas e socioafetivas, sem dicotomizar razão e emoção. A formação fortaleceu também a ideia de interdependência entre todas as formas de vida, bem como, do papel dos professores na construção de sociedades mais sustentáveis, o que requer o cuidado consigo, com o outro e com o ambiente. Observou-se que as professoras que participaram da formação passaram a entender a aprendizagem como atividade corpórea, vislumbrando alternativas a serem desenvolvidas nas aulas, bem como compreenderam que as atividades ligadas à horta e ao ambiente ecológico mais amplo contribuem para o bem-estar físico, mental, espiritual e social. As memórias afetivas emergiram nos dois grupos de professoras pesquisadas, com ênfase nas vivências familiares. Poucas lembranças vieram do contexto escolar, o que indica que as escolas e as instituições de formação inicial e continuada de professores, ainda não incorporaram em suas propostas formativas atividades envolvendo as memórias afetivas, de forma exitosa. Essa incorporação tem muito a contribuir com a educação integral de alunos e professores, a qual é um imperativo nos documentos educacionais em vigência na atualidade. Vale ressaltar que a pesquisa está articulada mais diretamente a quatro Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODSs): Saúde e bem-estar; Educação de qualidade; Cidades e comunidades sustentáveis; Consumo e produção responsáveis, visto que aborda questões relevantes para se alcançar esses propósitos no contexto local e global.
- ItemAcesso AbertoAmbientalização curricular no ensino superior no nordeste do Brasil: indicadores de sustentabilidade para cursos da área da saúde(2022-07) Oliveira, Ildoana Paz; Lima, Lucia Ceccato De; Mazzarino, Jane Márcia; http://lattes.cnpq.br/4570485590802043; Rempel, Claudete; Teixeira, Mauricio Fernando Nunes; Dickmann, IvoNo decorrer das últimas décadas têm ficado ainda mais evidente que grandes problemas ambientais são causados por um conjunto de fatores responsáveis pelo atual processo de degradação, que atinge diversas partes do mundo, cabendo destacar como causas a intervenção humana, o crescimento populacional, as práticas inadequadas na agropecuária, assim como a falta de articulação entre as políticas ambientais e de educação, entre outras. A proposta de trazer as questões ambientais para o seio do currículo acadêmico pode contribuir para repensar estratégias pedagógicas que visam incorporar conteúdo de sustentabilidade e educação ambiental na formação profissional. Um dos princípios da educação para a sustentabilidade é a promoção da cooperação e o diálogo entre indivíduos, instituições e órgãos de educação ambiental, com a finalidade de criar modos de vida que causem menor impacto ao ambiente e atendam às necessidades básicas de todos. Esta tese tem como objetivo geral analisar a ambientalização curricular e propor indicadores de sustentabilidade para os cursos da área da Saúde do ensino superior, tomando como base estudos dos cursos de Enfermagem, Farmácia e Odontologia, em universidades públicas da Região Nordeste do Brasil. Como objetivos específicos, definimos os seguintes: a) apresentar um panorama da atuação das Instituições de Ensino Superior no desenvolvimento de práticas sustentáveis com viés na ambientalização curricular; b) realizar análise integrativa de artigos que tratam do tema no currículo dos cursos da área da Saúde, publicados em bases de dados; c) identificar os pressupostos que norteiam a ambientalização curricular nos cursos Enfermagem, Odontologia e Farmácia; d) propor indicadores de ambientalização curricular; e) exercitar o uso dos indicadores como categorias de análise da ambientalização na análise dos Projetos Pedagógicos dos Cursos (PPCs) de três cursos da área da Saúde nordestinos: Farmácia, Odontologia e Enfermagem. A pesquisa realizada é de caráter quanti-qualitativo, baseada em levantamento bibliográfico e análise dos documentos, especificamente legislações e documentos norteadores da educação ambiental e registros de práticas de ambientalização curricular nos três cursos escolhidos, na região Nordeste do Brasil. Para o tratamento de dados coletados foi realizada a análise textual. Como resultados são propostos sete indicadores de sustentabilidade como caminhos para ambientalizar os currículos da área da Saúde, a começar pelos cursos de Enfermagem, Farmácia e Odontologia. Os sete indicadores são: Diversidade, Contextualização, 6 Transversalidade, Cuidado, Abordagem Curricular, Formação Profissional e Cidadania/Participação. Eles serviram como categorias de análise de 23 Projetos Pedagógicos dos três cursos das nove universidades públicas nordestinas que serviram de recorte do estudo documental.
- ItemAcesso AbertoBiografias socioambientais cultivadas em hortas familiares em Alta Floresta- Mato Grosso(2023-10) Wanzke, Iraci Da Rocha; Mazzarino, Jane Márcia; http://lattes.cnpq.br/4570485590802043; Adami, Fernanda Scherer; Damasceno, Mônica Maria Siqueira; Turatti, LucianaEste estudo Biografias socioambientais cultivadas em hortas familiares em Alta Floresta - Mato Grosso – se propõe a investigar algumas questões relacionadas ao desenvolvimento local sustentável, especificamente a segurança alimentar de famílias. Estas são realidades que precisam ser refletidas, principalmente em razão do advento da pandemia causada pelo coronavírus. Uma das mais recentes iniciativas para o caminho de sustentabilidade é através da Agenda 2030, que possui 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS). Neste trabalho o enfoque deu-se nos ODSs: 2 - “fome zero e agricultura sustentável”; 3 - “saúde e bem-estar”; 11 - “cidades e comunidades sustentáveis”; e 12 - “consumo e produção responsáveis”. Sabe-se que, culturalmente, antes do surgimento das práticas da comercialização na agricultura, as famílias faziam o cultivo de plantas exclusivamente para a manutenção da subsistência. Todavia, essas práticas culturais foram mudando com a modernização da agricultura, principalmente com o aumento da população e com a urbanização de grandes centros e cidades, fazendo com que aumentasse o contingente de pessoas nos perímetros urbanos. O cultivo de alimentos (hortaliças e plantas condimentares) foi ficando mais restrita, pela praticidade de encontrá-los em supermercados, feiras, entre outros. Reflexo disso foi a diminuição das práticas de cultivo das hortas familiares, ficando a produção das hortaliças por conta de produtores rurais. Por isso, um melhor entendimento acerca de hortas familiares se torna um importante indicativo para o desenvolvimento local sustentável, uma prática cultural que tem reflexo direto na segurança alimentar das famílias. O objetivo geral deste trabalho foi, por meio da exploração de biografias, investigar formas de conhecimento e fontes de informação, herdados ou adquiridos, para cultivar hortas domiciliares em Alta Floresta/MT, especificamente aquelas realizadas por famílias que cultivam hortas para consumo próprio, avaliando o impacto dessas práticas para o meio ambiente local durante a plena pandemia do coronavírus. Para tanto, foi realizada uma pesquisa qualitativa, de cunho bibliográfico, documental e de campo, com aplicação de entrevistas, com roteiro semiestruturado, composto por questões abertas e fechadas, realizada com as famílias bem como foram realizadas além de observações sistematizadas. O tratamento dos dados foi realizado por meio da análise textual. Este estudo deteve-se nos significados das experiências de famílias com suas hortas. As histórias de vida revelaram experiências marcantes e verdadeiras, parecendo que abríamos caixas de sentimentos vivos. Estas caixas são reservatórios de vida coletados no espaço entre fronteiras do passado e do presente. As entrevistas relembraram caminhos, trajetos, cheiros e sabores. Pode-se considerar que as plantas com potencial para alimentação, nas suas diferentes categorias de uso constituem-se parte integrante da dieta diária dos pesquisados, auxiliando na redução dos gastos mensais das famílias, especificamente no quesito alimentação. A prática dos pesquisados apresenta singularidade em relação a outros estudos à medida que evidencia um fenômeno socioeconômico pautado numa produção mais sustentável, o que pode ser observado no melhor aproveitamento de resíduos orgânicos como substratos e adubos, assim como o controle de pragas e doenças vegetais de baixo custo e de pouco impacto ambiental. Além disso, o uso para o consumo da família sem preocupação de venda com a produção excedente também pode ser considerado uma condição diferenciada entre os achados no presente estudo. Entre as motivações dos pesquisados para possuírem sua própria horta, está a melhoria na qualidade de vida, rica fonte de nutrição, auxílio na saúde mental, segurança alimentar, ampliação da renda familiar, interação com os membros da família e melhoria da paisagem, o que converge com trabalhos visitados na revisão literária realizada para o presente estudo. As hortas constituem-se em importante espaço pedagógico no qual as pessoas do núcleo familiar têm a oportunidade de realizarem cotidianamente importantes experiências de plantio e manejo de espécies vegetais diversas. Esses espaços oportunizam a construção e a ressignificação de conhecimentos pautados na história de vida e das relações criadas com as plantas a partir de vínculos familiares e de parentescos, fazendo assim, com que esse rico saber quanto à arte de plantar, colher e conservar permaneça vivo e perpetue. A Pandemia do Covid-19 (Coronavírus Disease 19) não trouxe mudanças relevantes para com os cuidados e cultivos da horta para a maioria dos pesquisados. No entanto, houve relato de alguns terem ficado em casa por mais tempo, aumentando a dedicação para com a horta. O estudo evidencia o quanto as histórias de vida dos pesquisados entrelaçam-se entre si e se correspondem mutuamente à medida que desvelam o quão singular é o ser humano em sua individualidade. Denota que as hortas urbanas, rurais e rurbanas constituem-se em espaços sociais e sustentáveis de aprendizagem e de resistência à lógica capitalista que impera em nossa sociedade. A relação do alta-florestense com o ambiente local pode ser visualizada a partir dos quintais urbanos, refletindo um misto de uso e conservação dos recursos naturais com ênfase no atendimento de necessidades primárias da família. Observa-se, ainda, que o tema em pauta tem figurado pouco nas pautas de discussão das políticas públicas do Brasil, ao passo em que deveria estar situado no rol dos temas de ordem relevante uma vez que diversos estudos, como este, têm indicado a necessidade das políticas públicas se ocuparem da agricultura rurbana, especialmente quanto ao uso do solo, saúde ambiental, desenvolvimento social e incentivo para a sua prática.
- ItemAcesso AbertoConsórcios intermunicipais: condições e possibilidades de atendimento da Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS) a partir do princípio da visão sistêmica(2018-08-29) Calderan, Thanabi Bellenzier; Turatti, Luciana; Mazzarino, Jane Márcia; http://lattes.cnpq.br/4570485590802043A Política Nacional dos Resíduos Sólidos no momento em que incorporou princípios, que até então configuravam somente na doutrina, trouxe novas orientações para o gerenciamento dos resíduos, destacando-se o princípio da visão sistêmica que considera as variáveis ambiental, social, econômica, cultural, tecnológica e de saúde pública, na gestão de resíduos sólidos. Por outro lado, a gestão de resíduos sólidos urbanos, apresenta uma série de contradições e deficiências, impondo assim uma melhor atuação dos municípios, a fim de atingir as metas e objetivos da lei. Os impactos dos resíduos gerados extrapolam os limites municipais, demandando instrumentos de atuação conjunta. Entre estes instrumentos, os Consórcios Públicos possibilitam a organização microrregional orientada segundo as demandas locais. A Lei no 11.107/2005 que dispõe sobre os consórcios públicos oferece solução para que haja união de esforços entre os entes federados na solução de problemas comuns, tornando-se um importante mecanismo na preservação ambiental e na prestação de serviços públicos de saneamento. O objetivo geral da pesquisa é investigar o papel dos consórcios intermunicipais de gerenciamento de resíduos sólidos no cumprimento das prerrogativas da PNRS para os municípios e, especificamente, em relação às dimensões do princípio da visão sistêmica. O estudo é exploratório, descritivo e explicativo. A pesquisa de campo foi dividida em duas etapas, sendo que primeiramente foram aplicados questionários aos consórcios públicos de gestão de resíduos existentes no Rio Grande do Sul e, no segundo momento, aos municípios consorciados. Concluiu-se que 96,87% dos municípios não estão totalmente adequados às metas da PNRS, contudo 100% deles indicam que o consórcio é uma importante ferramenta e tem auxiliado na busca pela adequação.
- ItemAcesso AbertoEcosofia: uma sabedoria do viver(2023-10) Marques, Rodrigo Müller; Mazzarino, Jane Márcia; http://lattes.cnpq.br/4570485590802043; Figueiredo, Aida; Santos, José Guilherme Wady; Henning, Paula CorrêaA contemporaneidade traz problemáticas complexas e diversas, ganhando destaque nas últimas décadas aquelas voltadas às questões socioambientais. Pode-se dizer que se vivencia uma crise ambiental atrelada às mudanças climáticas, advinda principalmente do antropocentrismo e da racionalidade moderna e econômica de cunho capitalista. O contexto de crise cobra algumas ações e neste sentido, emerge, nas últimas décadas, a área de pesquisa e de atuação das Ciências Ambientais. É nela que se insere o Programa de Pós-Graduação em Ambiente e Desenvolvimento (PPGAD), da Universidade do Vale do Taquari - Univates, o qual engloba temáticas socioambientais com abordagem interdisciplinar. A área das Ciências Ambientais e o PPGAD trazem em seus escopos, possibilidades científicas múltiplas que tangenciam as relações entre sociedade e natureza. Nos seus horizontes, visualizam-se diversas propostas e, no caso desta pesquisa, ganha relevância e força a ecosofia, um conceito que se refere à sabedoria ecológica da casa, sensível para com as relações entre sociedade e natureza que estejam atentas à conquista de equilíbrios e harmonias entre os diferentes seres e ecossistemas. Desta forma, problematiza-se: em um cenário de crise ambiental, como enfrentar as problemáticas existenciais a partir das contribuições que a perspectiva ecosófica pode oferecer para a construção de novos territórios existenciais? A partir de tal questionamento, tem-se por objetivo principal de pesquisa mapear reflexões teórico-metodológicas para gerar movimentos inventivos no campo das Ciências Ambientais a partir da perspectiva ecosófica. A fim de alcançar tal objetivo, utiliza-se a metodologia qualitativa, tendo-se como procedimentos metodológicos a pesquisa bibliográfica e a análise integrativa. Os resultados obtidos a partir da análise integrativa demonstram que a ecosofia possui diferentes abordagens. Além disso, esta análise levou à evidência que três autores balizam o conceito: Arne Naess, Félix Guattari e Michel Maffesoli. Estes autores possibilitam uma compreensão profunda do conceito. O mapeamento realizado construiu um terreno fértil para interlocução com outros conceitos e práticas, do que emergiu uma ecosofia artesanal como contribuição para as Ciências Ambientais. O trajeto foi composto por um olhar para o panorama atual, que traz temas emergentes dos quais as Ciências Ambientais não podem se colocar à margem. Observamos onde estamos e os indicativos e para onde vamos, propondo, por fim, linhas transversais para uma epistemologia ecosófica nas Ciências Ambientais. Imagine que nossa caminhada inicia por Gaia, perpassa tempo, espaço, lugar, território, técnica e tecnologia, adentrando a eletrificação dessas relações entre humano e meio a partir do ciberespaço e do ciborgue, chegando até o Antropoceno. Eis alguns caracteres do lugar onde estamos, porém, a proposta desta tese é repensar futuros, sendo assim, ao se abordar sobre para onde se deseja ir, abordam-se possíveis decrescimentos, decolonialidades, visões ecossistêmicas e o bem viver, para propor, quatro linhas transversais para uma epistemologia ecosófica nas Ciências Ambientais: a) Inventividade; b) Organicidade; c) Afetividade; d) Ativismo. Estas linhas refletem sobre como o campo das Ciências Ambientais pode atualizar seus modos de fazer incorporando diferentes saberes, experiências e práxis para atualizar-se em relação aos problemas e aos paradigmas científicos do nosso tempo-espaço planetário. A pesquisa demonstra que a ecosofia é polissêmica, complexa e capaz de gerar movimentos inovadores na área das Ciências Ambientais. A ecosofia, com sua proposta, potencializa reflexões e atuações que tangenciam mudanças transpessoais, intra/intergrupais, ambientais e científicas em diferentes escalas. Dessa forma, além de ser uma possibilidade para reinvenção individual e coletiva nas relações com a natureza, também possibilita o alcance dos diferentes Objetivos do Desenvolvimento Sustentável (ODSs), propostos pela Organização das Nações Unidas. Os ODSs, analisados em uma perspectiva ecosófica, estariam sintetizados em um: cuidado incondicional com a vida em todas as suas formas. Por fim, esta tese deixa o convite para que todos possam ecoso-fiar-se.
- ItemAcesso AbertoEducação Ambiental e Educação Física escolar: uma proposta de formação de professores a partir de vivências com a natureza(2017-01) Neuenfeldt, Derli Juliano; Silva, Jacqueline Silva da; Mazzarino, Jane Márcia; http://lattes.cnpq.br/4570485590802043; Fensterseifer, Paulo Evaldo; Barcelos, Valdo Hermes De Lima; Mejía, Margarita Rosa GaviriaEste estudo investiga contribuições de vivências com a natureza na formação de acadêmicos e professores de Educação Física no sentido de articular a atuação à Educação Ambiental no contexto escolar. Problematizam-se as razões que têm dificultado a Educação Física escolar a desenvolver o tema transversal meio ambiente. A pesquisa caracteriza-se como qualitativa. Quanto aos fins, é descritiva e aplicada e, quanto aos meios, bibliográfica, documental e de campo. O estudo também apresenta características da pesquisa-ação-participativa, que são: escuta dos interesses dos participantes; planejamento coletivo e intervenção na formação pessoal e profissional dos envolvidos. Participaram da pesquisa 28 integrantes do Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência do Universidade do Vale do Taquari UNIVATES/RS/BRA, pertencentes a dois subprojetos da Educação Física, Licenciatura, caracterizados da seguinte forma: dois professores universitários, três professores de rede pública de ensino da Educação Básica e 23 acadêmicos. No estudo de campo, na produção de dados, fez-se uso de: entrevistas semiestruturadas, questionários, diário de campo, registros fotográficos e memoriais descritivos. Ministraram-se oito vivências com a natureza, orientadas pelo método Aprendizado Sequencial (CORNELL, 2008a; 2008b), bem como, pela proposta formativa elaborada pelo pesquisador, norteada por três dimensões pedagógicas: alteridade, ludicidade e sensibilidade. Na continuidade, os participantes planejaram e ministraram atividades relacionadas ao tema meio ambiente entre si, efetivando assim mais três vivências. Em relação aos dados, realizou-se a análise textual qualitativa proposta por Moraes (2007), a partir de três categorias estabelecidas a priori, alteridade, ludicidade e sensibilidade, além de uma emergente, a experiência docente. Analisando a formação inicial dos professores universitários e da rede pública, percebe-se que temas relacionados à Educação Ambiental não estão presentes ou são contemplados superficialmente nas aulas, como, também, não despertam o interesse dos professores. Na formação inicial dos acadêmicos, a Educação Ambiental é contemplada no currículo em algumas disciplinas das áreas das ciências humanas e didático-pedagógicas. A partir de vivências com a natureza, a dimensão da alteridade auxiliou os participantes a reconhecerem o Outro como legítimo Outro, a se compreenderem como parte da natureza e a olharem com mais atenção para o mundo ao seu redor. A dimensão da ludicidade destacou a relevância de o professor perceber-se como um “ser brincante”, o que rompe com o uso da ludicidade na formação inicial apenas como recurso didático-pedagógico. A dimensão da sensibilidade, a partir da exploração dos sentidos corporais, auxiliou os participantes a construírem as próprias opiniões sobre o mundo que os cerca. Essas dimensões foram identificadas nos planejamentos de aulas, o que consolida a experiência docente como mais uma dimensão necessária para a formação docente. Na experiência docente, constata-se que os participantes são autores do seu fazer pedagógico, utilizam saberes construídos a partir da pesquisa, como também os articulam com outros, acrescentando competitividade em algumas atividades. Conclui-se que as vivências com a natureza contribuem na compreensão da natureza, não apenas como espaço, mas, também, como parceira. O corpo revela-se como lugar possível de aprendizagens e de sensibilização do professor em relação à importância de trabalhar o tema meio ambiente na escola, elo entre a Educação Física e a Educação Ambiental.
- ItemAcesso AbertoEducação ambiental vivencial e o desenvolvimento cognitivo e socioafetivo de crianças com TDAH(2019-12) Damasceno, Mônica Maria Siqueira; Figueiredo, Aida; Mazzarino, Jane Márcia; http://lattes.cnpq.br/4570485590802043; Bücker, Joana; Sperafico, Yasmini Lais Spindler; Dalzochio, Marina SchimdtEsta pesquisa analisa como crianças com Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH) são impactadas por Vivências com a Natureza. O estudo envolve crianças diagnosticadas com TDAH, de escolas públicas do município de Crato, do interior do Estado do Ceará, Região Nordeste do Brasil. O objetivo geral é investigar as potenciais influências das atividades de Vivências com a Natureza nos sintomas e nos processos de desenvolvimento cognitivo e socioafetivo de crianças com TDAH. O método utilizado é a pesquisa exploratória e descritiva, sendo um estudo de caso múltiplo com característica de investigação-ação. Os procedimentos técnicos estão organizados em nove etapas: Revisão Integrativa; Diagnóstico do Município; Perfil dos Sujeitos; Avaliação Ex-Ante; Aplicação dos testes SSRS e WISC-IV; Realização das Vivências com a Natureza; Reaplicação dos testes SSRS e WISC-IV; Follow Up; triangulação e análise dos dados. Na última etapa, consideram-se os dados da observação retrospectiva dos laudos e os da observação prospectiva dos sujeitos, as análises documentais, o diário de campo, os resultados dos testes SSRS e WISC, os dados das duas entrevistas com os responsáveis, professoras e sujeitos e os resultados da análise estatística descritiva. Considerando o tamanho da amostra, utilizam-se os testes não paramétricos: U-Mann Whitney, Kruskall Wallis e Qui-quadrado. Os resultados apontam a escassez de artigos que abordam especificamente a relação entre natureza e TDAH. Após aplicação das vivências, observa-se a minimização dos sintomas do TDAH no Grupo Intervenção, com impactos nos aspectos cognitivos e socioafetivos. A combinação de atividades ao ar livre seguindo este método resulta em efeitos positivos nas relações sociais, na autopercepção e no grau de envolvimento com a natureza dos sujeitos da pesquisa. Resultados dos testes SSRS e WISC- IV evidenciam que o Grupo Intervenção apresenta, na segunda aplicação dos testes, após as Vivências com a Natureza, tendência à evolução significativa nos resultados. Por outro lado, em alguns quesitos, mantêm-se os escores obtidos. Já o Grupo Controle apresenta tendência à manutenção dos resultados entre as duas etapas de testes, com pouca evolução e alguma diminuição de escores. Conclui-se que, ao final das atividades de Vivências com a Natureza, seguindo as orientações do Método do Aprendizado Sequencial e relacionando as atividades com os sintomas do TDAH elencados no SNAP-IV, é possível considerar que este método de contato direto com a natureza proporciona uma experiência genuína, evidenciando a minimização dos sintomas do TDAH e um melhor desenvolvimento cognitivo e socioafetivo dos sujeitos do Grupo Intervenção. Esta conclusão deve levar em conta que, além da influência das atividades com a natureza, os sujeitos recebiam outras interferências dos ambientes nos quais estão inseridos no seu cotidiano.
- ItemAcesso AbertoA estratégia de Criação de Valor Compartilhado na atividade vitivinícola orgânica: um estudo de caso da Cooperativa Vinícola Garibaldi Ltda(2016-09) Britto, João Carlos; Barden, Júlia Elisabete; Mazzarino, Jane Márcia; http://lattes.cnpq.br/4570485590802043; Mazzarino, Jane Márcia; Barden, Júlia Elisabete; Ferla, Noeli Juarez; Schnorrenberger, Adalberto; Garrido, Ivan LapuenteO modelo de negócios dominante, no qual as empresas perseguem unicamente o lucro, sem se preocupar com as externalidades negativas geradas a partir de sua atividade econômica está em crise. Cada vez mais pessoas se engajam em causas sociais, e posicionam-se contrárias às empresas que causam danos ao meio ambiente. Concomitantemente a este movimento social, ganham força os modelos de desenvolvimento sustentáveis e novas teorias, ainda incipientes, têm surgido no cenário educacional. Uma destas é a proposição de estratégias que criem valor compartilhado, proposta por Porter e Kramer (CVC), denominada também de “a grande ideia”. Esta proposta teórica foi lançada no início do ano de 2011, e apresentada no auditório principal do Fórum Econômico de Davos, na Suíça, no final de 2011. Sua proposição é de que os ganhos das atividades empresariais sejam compartilhados, de maneira que ganhos econômicos gerem ganhos socioambientais de maneira concomitante. Para tanto, os autores desenvolveram três maneiras de conformar a estratégia com vistas ao compartilhamento, a saber: reconcepção de produtos e mercados, fomento a estruturação de clusters industriais, e redefinição da produtividade na cadeia de valor. Ao mesmo tempo, o movimento cooperativo assume sua responsabilidade referente a sustentabilidade empresarial, baseada nos três pilares econômico, social e ambiental. Neste interim, as cooperativas, a partir de seus valores e valores de seus dirigentes parecem ser organizações com modelos de negócios propícios ao compartilhamento. A problemática a ser resolvida se dá a partir dos seguintes questionamentos: existe uma relação entre as estratégias em curso, da Cooperativa Vinícola Garibaldi com relação à produção e comercialização de sucos e vinhos orgânicos, e o modelo de Criação de Valor Compartilhado? Como ocorrem os ganhos econômicos, sociais e ambientais a partir da estratégia adotada pela Cooperativa? De que modo se dá o compartilhamento destes ganhos entre a cooperativa e seus cooperados? Como objetivo geral tem-se: O objetivo geral desta pesquisa é analisar a relação existente entre as estratégias adotadas pela Cooperativa Vinícola Garibaldi Ltda., no que diz respeito à produção e comercialização de vinhos e sucos produzidos a partir de uvas orgânicas, e o modelo da estratégia de Criação de Valor Compartilhado. Para atender ao proposto, realizou-se pesquisa classificada como exploratória. Quanto aos meios, foi utilizado o estudo de caso, com realização de entrevistas, observação e análise documental, tendo se valido de triangulações entre a teoria, as entrevistas com os sujeitos da pesquisa, os documentos e as observações. Quanto ao método de abordagem do problema, o estudo foi qualitativo. Após realizadas as análises do material coletado, foi possível constatar que a Cooperativa adotou uma estratégia que cria valor econômico com a atividade de orgânicos, ao mesmo tempo em que gera valor social e ambiental, confirmando assim a proposição teórica. A partir do estudo, propõe-se hipóteses para serem testadas em estudos futuros.
- ItemAcesso AbertoFormação de Educadores Ambientais(FEA) no Programa Cultivando Água Boa da Bacia Hidrográfica Paraná III: o processo de construção e as interações como potências para a governança ambiental comunitária(2019-04-02) Klunk, Luzia; Turatti, Luciana; Mazzarino, Jane Márcia; http://lattes.cnpq.br/4570485590802043Considera-se como um desafio em educação ambiental formar sujeitos articuladores de uma governança ambiental comunitária a partir de processos de educação e comunicação ambiental, o que está sendo enfrentado no Programa Cultivando Água Boa (CAB) na Bacia Hidrográfica Paraná III, no oeste do Paraná, por meio da Formação de Educadores Ambientais (FEA). O FEA guia-se pelo Programa de Formação de Educadores Ambientais (PROFEA), publicado pelo Ministério do Meio Ambiente. É uma das linhas do Programa Nacional de Educação Ambiental, que decorre da Política Nacional de Educação Ambiental (PNEA). O objetivo geral desta pesquisa se propôs a investigar os elementos que constituem uma padronagem de educação ambiental praticados no FEA/CAB. O método da pesquisa é bibliográfico, documental e de campo, com viés qualitativo. Como resultados verificam-se elementos relacionados a dois eixos, cada um com duas dimensões. Em relação ao eixo de construção, o processo coletivo do CAB e do educador ambiental do programa enquanto sujeito, foram determinantes para seu enraizamento. No eixo interação, a participação ativa e as trocas de saberes entre seus membros, fundamentaram as redes de relações que são amplas e fortalecidas no CAB. Os dois eixos, suas categorias e subcategorias sustentam a governança ambiental comunitária, sendo ela um processo de construção de cidadania e sustentabilidade local a partir de um programa socioambiental e de sujeitos ecológicos e da interação entre os diversos setores e segmentos que o integram, alicerçados na participação e nas trocas de saberes.
- ItemAcesso AbertoA governança dos recursos hídricos no Comitê de Gerenciamento da Bacia Hidrográfica Taquari-Antas(2018-01) Luz, Josiane Paula Da; Turatti, Luciana; Mazzarino, Jane Márcia; http://lattes.cnpq.br/4570485590802043; Costa, Francisco Da Silva; Basso, Luís Alberto; Meier, Mara Alini; Mazzarino, Jane Márcia; Turatti, LucianaO presente estudo se propôs a investigar a governança dos recursos hídricos no Rio Grande do Sul (RS) e realizar um estudo de caso no Comitê de Gerenciamento da Bacia Hidrográfica Taquari-Antas, com base em documentos e legislações norteadoras. O objetivo geral foi investigar as dimensões da governança hídrica no âmbito do Comitê Taquari-Antas (CTA), a fim de contribuir para o aprimoramento da gestão dos comitês de bacias hidrográficas brasileiras. Os objetivos específicos foram os seguintes: caracterizar os modelos de gestão de recursos hídricos nos contextos: europeu, latino-americano, brasileiro, gaúcho e no CTA; verificar a avaliação dos presidentes e vice-presidentes dos Comitês de Bacias Hidrográficas (CBHs) do RS em relação à governança hídrica, com base nas categorias de análise: informação, participação e gestão de conflitos; verificar como os processos de governança emergem no CTA a partir da perspectiva tridimensional proposta (informação, participação, gestão de conflitos), tendo como base a triangulação da análise documental e legislativa e do estudo de caso; apontar elementos para o aprimoramento do processo de governança na gestão dos CBHs brasileiros. O estudo é interdisciplinar, qualitativo, bibliográfico, documental e envolve um estudo de caso que abrange pesquisa de campo com observação direta, aplicação de questionários e entrevistas. Foram acompanhadas as reuniões do CTA no período de agosto de 2014 a dezembro de 2015. Também foram aplicados questionários aos gestores dos CBHs do RS e aos membros do CTA. Por fim, foram entrevistados representantes do CTA, o mais ativo de cada categoria, bem como, seus gestores, a fim de aprofundar a pesquisa. Na discussão final dos resultados, a análise contemplou a triangulação dos resultados parciais obtidos em cotejo com os conceitos teóricos e com documentos relativos à governança, a fim de verificar em que medida ocorrem processos de governança no CTA. Essa análise evidenciou que a governança hídrica no CTA não se efetiva, especialmente, por causa da omissão do Estado e da precariedade de informações tanto para a sociedade como para os membros, bem como, em virtude de uma participação frágil e da gestão de conflitos com debates insuficientes ou inexistentes. Além disso, o trabalho do CTA não afeta as questões da água na sociedade, por falta de condições para deliberar, especialmente, por causa da omissão do Estado. Consequentemente, não avança no cumprimento de suas atribuições, pois, ao distanciar-se dos cidadãos, não se legitima perante eles. Ainda, contribuem para este cenário, a centralização de poder, pouca articulação do CTA com órgãos estratégicos e as responsabilidades apenas parcialmente assumidas e não compartilhadas. Entende-se que a governança hídrica deve basear-se na combinação de ações e responsabilidades, a serem compartilhadas entre o Estado, gestores do Comitê, membros e cidadãos, devendo cada ator, que pode ser identificado com um dos quatro pilares da governança hídrica, desempenhar seu papel de forma complementar, harmônica e vigilante.
- ItemAcesso AbertoMobilidade e identidade: trajetórias e experiências de moçambicanos na Universidade da Integração Internacional da Lusofonia Afro-Brasileira (UNILAB)(2021-06) Lavor, Anna Ariane Araújo De; Mazzarino, Jane Márcia; http://lattes.cnpq.br/4570485590802043; Brandt, Grazielle Betina; Monteiro, Artemisa Odila Candé; Barden, Júlia ElisabeteA Universidade da Integração Internacional da Lusofonia Afro-Brasileira (UNILAB) tem como objetivo formar pessoas para contribuir com os países membros da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP), especialmente das nações africanas. Os cursos são ministrados conforme as áreas de interesse mútuo do Brasil e dos demais países da CPLP. Além disso, a possibilidade de mobilidade estudantil tem atraído estudantes de diferentes países da África ao Brasil, dentre eles, os moçambicanos. Por isso, o objetivo geral desta tese é investigar interferências identitárias e processos de (re)construção a partir da experiência de mobilidade vivida por estudantes moçambicanos da UNILAB. Como objetivos específicos, definimos os seguintes: a) contextualizar historicamente a criação da UNILAB e os Programas de Colaboração técnica entre os Países Africanos de Língua Oficial Portuguesa (PALOP); b) mapear as trajetórias dos estudantes, considerando aspectos e dimensões da identidade que têm interferências decorrentes de sua mobilidade estudantil, levando-se em conta três tempos: antes de sair do país; na condição de estudantes da UNILAB, e ao finalizar os cursos; c) identificar e analisar as dificuldades e motivações dos estudantes moçambicanos da UNILAB na sociedade local, considerando aspectos e dimensões identitárias, bem como as estratégias que constroem para seu enfrentamento; e d) verificar como a identidade pessoal intercambia com o interesse de vínculo coletivo. A pesquisa realizada foi descritiva, focada na pesquisa bibliográfica, documental e de campo, que foi baseada em entrevistas e questionários. Ao final, evidenciou-se que os elementos mais dinamizados no processo de mobilidade estudantil referem-se a aspectos da identidade africana e nacional, sexual e de gênero, além da social. Também foi possível perceber que a principal dificuldade foi a discriminação (xenofobia, racismo e hiperssexualização). Quanto às motivações, 74% dos entrevistados demonstraram ter um ideal não apenas individual, mas especialmente coletivo (familiar e/ou institucional) que os levou a participar da mobilidade estudantil. Os entrevistados se apresentam como cidadãos de fronteira, que já não serão como os que não saíram, mas também não serão do país para o qual migraram. Eles são, ainda, imigrantes transnacionais que se integraram ao Brasil, sem perder o vínculo com seu país de origem. Além disso, identificou-se que a mobilidade estudantil é dinamizadora de recursividades na abordagem das capacitações: do Estado para a pessoa, da pessoa para o Estado e das pessoas entre si. Assim, a temática da mobilidade contemporânea apresenta uma complexidade e heterogeneidade que induzem a consequências sociais que afetam tanto o migrante, que tem suas relações, modo de vida e identidade modificados nesse percurso, quanto os locais de origem e de destino. Isso porque os entrevistados pretendem com essa mobilidade contribuir para o desenvolvimento de Moçambique, por meio da educação recebida, a qual tem potencial para a remoção de diversas privações de liberdade encontradas no país.