Ambiente e Desenvolvimento
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- ItemAcesso AbertoA formação de professores em educação ambiental: hortas escolares como espaço de dinamização de ecossistemas múltiplos(2022-12)A pesquisa parte do pressuposto de que a Educação Ambiental contribui para a formação integral de professores e estudantes e para a construção da cidadania planetária. A horta escolar, por ser uma estratégia que possibilita o contato com a terra, com as plantas e o envolvimento com os cuidados necessários às espécies cultivadas, revela-se uma importante ferramenta pedagógica para propor aulas significativas, que resultam em aprendizagem ativa e interdisciplinar, articulada aos Temas Contemporâneos Transversais, que podem favorecer a construção de conhecimentos, valores e atitudes, indispensáveis para a formação do sujeito crítico, cuidadoso com a saúde e com o bem-estar individual, coletivo e planetário. O objetivo geral do estudo foi investigar a potência dos processos colaborativos e das hortas escolares, na formação de professores de Ciências da Natureza, na perspectiva teórico-metodológica da Educação Ambiental, articulada à proposta ecosófica, tendo como foco um grupo de professoras de Ciências da Natureza que atuam na rede pública estadual, no município de Alta Floresta-MT. Como objetivos específicos foram traçados os seguintes: a) identificar a existência de hortas nas Escolas Estaduais de Alta Floresta, a fim de avaliar suas funções no ambiente educativo; b) caracterizar os processos de comunicação e de educação ambiental no cotidiano dos professores de Ciências da Natureza; c) realizar, por meio da pesquisa-intervenção, um processo de formação continuada voltado a professores de Ciências da Natureza, com foco nos temas da educação ambiental, educomunicação socioambiental e horta escolar; d) avaliar a potência da formação colaborativa e das hortas escolares, como dispositivos de educação ambiental e para a dinamização de ecossistemas de comunicação ambiental. A abordagem metodológica da pesquisa é qualitativa, incluindo métodos e procedimentos baseados na pesquisa-intervenção, além de estudo bibliográfico, documental e de campo. Como técnicas de coleta de dados, foram utilizados questionários, entrevistas, observações, relatos em diários de campo e análise das produções dos professores, a partir de encontros formativos. A pesquisa de campo foi realizada em 2021, com dois grupos de professoras. Para um dos grupos foi aplicada somente uma entrevista; com o outro, foi realizada uma formação. Foram comparados os relatos de ambos, a respeito de como compreendem a potência de processos colaborativos e das hortas escolares na formação de professores, na perspectiva teórico-metodológica da educação ambiental, articulada à proposta ecosófica. O grupo de intervenção foi formado por professoras de Ciências da Natureza, que demonstraram receptividade à proposta, disponibilidade e compromisso para participarem da formação. Adotou-se a perspectiva das metodologias não extrativistas e de estratégias de produção de conhecimento, que valorizaram a dimensão corpórea e a integração dos três registros ecológicos: ambiental, social e da subjetividade, do que decorre o conceito de ecosofia. Na iniciativa em questão, foram exploradas cinco categorias de análise como temas a serem problematizados na formação: memórias, cuidado, interdependências, ecossistemas e transformações. A formação realizada possibilitou aprofundar a compreensão das dimensões da ecosofia, já que, entre as professoras entrevistadas, os modos de cuidado, as possibilidades de interdependência, de organização ecossistêmica e as transformações demonstraram menor complexidade, assim como no início da formação das duas professoras. Ao longo dos encontros formativos, observou-se uma mudança de perspectiva nos relatos das participantes. De modo conclusivo, o estudo aponta para a potência da criação e do aprimoramento de ecossistemas comunicativos (presencias e on-line), que possibilitaram que as professoras participantes dos encontros passassem a integrar à sua concepção materialista de educação ambiental, um viés sensível. Fortaleceu-se a concepção da horta como laboratório vivo, espaço de aprendizagem interdisciplinar, coletivo e colaborativo, onde se podem desenvolver práticas pedagógicas de educação ambiental e de Ciências da Natureza, utilizando métodos colaborativos, estratégias educomunicativas e princípios ecosóficos, que possibilitam desenvolver habilidades cognitivas e socioafetivas, sem dicotomizar razão e emoção. A formação fortaleceu também a ideia de interdependência entre todas as formas de vida, bem como, do papel dos professores na construção de sociedades mais sustentáveis, o que requer o cuidado consigo, com o outro e com o ambiente. Observou-se que as professoras que participaram da formação passaram a entender a aprendizagem como atividade corpórea, vislumbrando alternativas a serem desenvolvidas nas aulas, bem como compreenderam que as atividades ligadas à horta e ao ambiente ecológico mais amplo contribuem para o bem-estar físico, mental, espiritual e social. As memórias afetivas emergiram nos dois grupos de professoras pesquisadas, com ênfase nas vivências familiares. Poucas lembranças vieram do contexto escolar, o que indica que as escolas e as instituições de formação inicial e continuada de professores, ainda não incorporaram em suas propostas formativas atividades envolvendo as memórias afetivas, de forma exitosa. Essa incorporação tem muito a contribuir com a educação integral de alunos e professores, a qual é um imperativo nos documentos educacionais em vigência na atualidade. Vale ressaltar que a pesquisa está articulada mais diretamente a quatro Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODSs): Saúde e bem-estar; Educação de qualidade; Cidades e comunidades sustentáveis; Consumo e produção responsáveis, visto que aborda questões relevantes para se alcançar esses propósitos no contexto local e global.
- ItemAcesso AbertoQualidade do leite bovino das propriedades produtoras de leite e das indústrias do Vale do Taquari-RS(2023-01)A região do Vale do Taquari é uma das principais produtoras de leite do Rio Grande do Sul. A qualidade do leite produzido pode ser influenciada por diversos fatores associados ao manejo, obtenção, transporte ou armazenamento do leite. A presente tese teve como objetivo avaliar a qualidade do leite cru refrigerado coletado nas propriedades produtoras de leite dos municípios do Vale do Taquari – RS, e dos leites cru refrigerado, pasteurizado e esterilizado pelo processo Ultra Hight Temperature (UHT) de indústrias dessa mesma região. Foram realizadas análises microbiológicas: contagem bacteriana total (CBT), contagem de mesófilos, contagem de psicrotróficos e análises de coliformes totais e termotolerantes. Análises físico-químicas e de composição do leite: acidez, densidade relativa, temperatura, proteína, gordura, lactose, extrato seco total (EST) ou sólidos totais (ST) e extrato seco desengordurado (ESD) ou sólidos não-gordurosos (SNG), para os três tipos de leite. Adicionalmente, no leite cru refrigerado das propriedades e dos caminhões tanque das indústrias realizou-se a contagem de células somáticas (CCS) e o teste de álcool alizarol. Foi realizada também a análise do microbiota, por meio do sequenciamento de alto rendimento do gene ribossomal 16S para os leites cru refrigerado, pasteurizado e esterilizado das indústrias. Os dados obtidos nas análises foram comparados com o que preceitua a legislação vigente, Instrução Normativa no 76 e Instrução Normativa n° 77 e com a Portaria n° 370, do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA). As coletas das amostras ocorreram em 33 propriedades produtoras de leite e duas indústrias beneficiadoras da região. Os resultados mostraram que há uma grande diversidade de gêneros e espécies, sendo que a indústria 1 demonstrou maiores quantidades de microrganismos. Os resultados das análises físico-químicas demonstraram que apenas duas propriedades estavam com a acidez acima do limite estabelecido pela legislação vigente. A indústria 1 apresentou acidez acima do limite nos três tipos de leite, alizarol positivo no leite cru refrigerado e densidade fora do estabelecido para o leite pasteurizado. Os parâmetros de composição do leite demostraram que mais da metade das propriedades (53%) e as duas indústrias estavam com a CCS acima do estabelecido. As análises microbiológicas demostraram CBT acima do permitido na indústria 1 e em nove das 33 propriedades analisadas. A quantidade de microrganismos psicrotróficos foi maior nas indústrias em comparação com as propriedades e ficou acima do estabelecido por autores da área. O leite cru refrigerado das indústrias apresentou maiores quantidades de CBT, psicrotróficos e coliformes totais e termotolerantes do que o leite cru refrigerado das propriedades produtoras de leite. A indústria 1 apresentou maiores quantidade de CCS, CBT, mesófilos e psicrotróficos que a indústria 2. Os parâmetros físico-químicos e microbiológicos são extremamente importantes para comprovar a qualidade do leite produzido e rastrear possíveis falhas no processamento. A utilização de ferramentas moleculares, como o sequenciamento de alto rendimento, torna o diagnóstico da qualidade do leite mais eficiente e minucioso, podendo ainda ser utilizado para a melhoria do processo produtivo.
- ItemAcesso AbertoÁreas protegidas na Amazônia, Green Criminology e o parâmetro preventivo governança ambiental: um elo de proposições com vistas à preservação da natureza(2022-03)A Green Criminology emerge no cenário internacional enquanto teoria preventiva aos danos ambientais. No Brasil, Flores (2017) apresentou parâmetros a partir da construção de metodologia preventiva de controle de ilícitos ambientais por meio da Green Criminology, aplicando-os em unidades de conservação (UCs) amazônicas de âmbito federal, localizadas no Estado de Rondônia. O objetivo desta pesquisa consistiu em falsear os parâmetros preventivos desenvolvidos pela autora, aplicando-os nas unidades de conservação amazônicas de esfera administrava estadual e municipal, localizadas em Rondônia, a fim de validar a green criminology como instrumento preventivo aos danos ambientais em áreas protegidas, além de corroborar, refutar ou ampliar a metodologia proposta. Para elaboração do estudo utilizou-se o método hipotético-dedutivo, onde o pesquisador elege o conjunto de proposições hipotéticas que acredita serem viáveis como estratégia de abordagem para se aproximar de seu objeto. No decorrer da pesquisa, essas hipóteses podem vir a ser comprovadas ou não, mediante a experimentação, ou dito de outra forma: com base em um problema, são elaboradas hipóteses, ou seja, conjecturas de solução a priori, proposições possíveis e, a partir de princípios estabelecidos, são deduzidas consequências que são testadas por meio de derivações ou tentativa de se chegar a um falseamento, contradições que rejeitam ou corroboram a(s) hipótese(s) formulada(s). Realizou-se um comparativo dos resultados obtidos com o estado da arte apresentado no estudo antecessor. Conjuntamente, traçou-se o perfil genérico das Unidades de Conservação rondonienses, de competência administrativa estadual e municipal, a partir do levantamento de dados gerados por meio dos relatórios parametrizados consultados no Cadastro Nacional de Unidades de Conservação, disponível na página do Ministério do Meio Ambiente e, os dados oriundos dos processos administrativos protocolizados na Secretaria de Estado de Desenvolvimento Ambiental de Rondônia. O panorama do perfil genérico das UCs associado ao falseamento dos parâmetros desenvolvidos por Flores (2017) indicam corroboração e ampliação dos parâmetros preventivos. O resultado das análises revelou incoerências de cunho gestionário, já que das 39 UCs estudadas apenas 05 possuem planos de manejo, esse considerado o instrumento técnico essencial para orientar e gerenciar as áreas protegidas, além de orquestrar suas funções no sentido de fundamentar sua criação. Ainda, diagnosticou-se uma falta de governança ambiental, questão que desencadeia uma série de controvérsias que acabam minando o papel das unidades de conservação, em um contexto social conflituoso, pois a população brasileira na sua grande massa, tende a confundir a noção de preservação. Desse modo, os resultados da pesquisa culminaram na elaboração e inclusão de novos parâmetros referentes a gestão e a governança ambiental das unidades de conservação.
- ItemAcesso AbertoProdução e purificação de biogás utilizando biotecnologia de microalgas como alternativa energética renovável(2022-12)A fonte de energia renovável verde é uma promissora opção para superar a instabilidade energética, reduzir o lançamento na atmosfera de gases do efeito estufa e alcançar a sustentabilidade na produção de energia, e assim, cumprir os objetivos da Agenda 2030, que requer substituir as reservas de combustíveis fósseis por recursos renováveis. A geração de biogás a partir de microalgas por digestão anaeróbia é uma tecnologia que oferece vantagens sobre outras rotas de produção de biocombustíveis, como, por exemplo, a de apresentar elevada concentração de metano e baixas concentrações de enxofre quando comparado ao biogás oriundo de outros substratos. A aplicação de métodos biológicos tem se tornado uma alternativa atraente para o desenvolvimento sustentável na purificação do biogás. Suas principais vantagens são a facilidade e simplicidade de operação, baixo custo e preservação do meio ambiente. Esta pesquisa teve como objetivo avaliar o potencial de geração e de purificação biológica de biogás utilizando microalgas. A purificação biológica por processo fotossintético foi realizada em protótipo de purificador em escala piloto, composto por um sistema de dois estágios, constituído um por reator interligado a uma coluna de absorção, utilizando como microrganismos um consórcio de microalgas/bactérias. A avaliação da produção de biogás foi realizada por digestão anaeróbia em escala laboratorial, utilizando a microalga Euglena sanguinea. Para os ensaios de dessulfurização, as análises mostraram concentrações de H2S acima de 1.000 ppm no biogás bruto e sua remoção completa (eficiência de remoção de 100%) por meio do processo biológico com microalgas/bactérias aos 180 minutos de operação do sistema. Para os ensaios de verificação dos teores de CO2, CH4 e O2, o biogás bruto apresentou concentração de CO2 em torno de 32%; CH4 variando de 63,08% a 64,32 %; e O2 de 0,17% a 0,71%. Após a purificação biológica, o biogás apresentava concentrações de CO2 variando de 9,15% a 18,46%; CH4 de 71,4% a 76,2%; e de O2 entre 1,24% a 3,26%. Eficiências de remoção de CO2 de 42,46% a 72,02% foram registradas no biogás purificado. Na avaliação da produção de biogás, foi utilizada a biomassa da microalga Euglena sanguinea, que apresentou uma produção média acumulada de biogás de 1.619,63 ± 283,00 mL e o volume de metano de 746,27 ± 140,85 mL, atingindo o máximo de 65,54 ± 1,97% no 31° dia. O Potencial Bioquímico de Biogás obtido foi de 703,19 ± 127,31 mL.gVS -1 e o Potencial Bioquímico de Metano de 334,37 ± 63,35 mL.gVS -1 , o que representa um rendimento de 27,02 ± 4,89 m3 de biogás por tonelada de microalgas e 12,85 ± 2,43 m3 de metano. Assim, os resultados demonstraram que o processo biológico com microalgas se mostrou satisfatório e promissor para a purificação do biogás e que a microalga Euglena sanguinea apresentou potencial para uso como substrato para geração de biogás e metano.
- ItemAcesso AbertoO fogo no cerrado: influência da queima nos atributos do solo(2022-09)O Cerrado, como outras savanas do mundo, é altamente inflamável durante a estação seca e sujeito a incêndios. Apesar da adaptação do bioma ao fogo, podem ocorrer alterações nas características do solo. Desta forma, objetivou-se com este trabalho avaliar a influência do fogo nos atributos físicos, químicos e biológicos de três solos do Cerrado brasileiro. O solo foi coletado no município de Nova Mutum - MT, que apresenta o Cerrado como bioma predominante. As coletas foram realizadas em três áreas de Cerrado nativo após incêndios florestais, sendo que, para comparação, foram coletadas parcelas atingidas pelo fogo e parcelas preservadas da ação do fogo localizadas o mais próximo possível das parcelas incendiadas, assumindo que ambas eram similares em sua composição vegetal original, com intervalo de dois meses entre o incêndio e a coleta, em quatro camadas (0-2,5; 2,5-5; 5-10; 10- 20 cm) e três repetições. As amostras de solo úmido e resfriado foram submetidas à análise biológica (respiração basal) e as amostras de terra fina seca ao ar foram analisadas quanto aos atributos químicos: potencial hidrogeniônico (pH), matéria orgânica do solo, carbono orgânico total, nitrogênio total, fósforo disponível, potássio trocável, cátions trocáveis (alumínio, cálcio, magnésio), acidez potencial do solo, hidrogênio extraível, boro, ferro, zinco, manganês, cobre e enxofre; e atributos físicos: análise granulométrica, argila dispersa em água, grau de floculação, índice de estabilidade de agregados, diâmetro médio ponderado, diâmetro médio geométrico e fracionamento físico granulométrico da matéria orgânica. Os resultados foram submetidos ao teste t a 5% de probabilidade para determinar diferenças entre as parcelas atingidas pelo fogo e as respectivas parcelas preservadas da ação do fogo. Nas parcelas atingidas pelo fogo, os valores de pH aumentaram, tornando o solo menos ácido, e as concentrações de alumínio e hidrogênio diminuíram na camada superficial do solo. Os teores de fósforo disponível, potássio trocável, cálcio trocável, zinco, cobre, manganês, matéria orgânica do solo e carbono orgânico total apresentaram aumento significativo nas parcelas atingidas pelo fogo, enquanto os teores de ferro apresentaram declínio em algumas camadas dos solos. As concentrações de magnésio trocável e de nitrogênio total não foram alteradas. O mesmo resultado foi observado para a respiração basal solo. Os teores de boro e de enxofre não apresentaram tendência clara, com aumento em algumas camadas e redução em outras. Os solos amostrados, pertencentes às classes texturais franco-arenosos e franco- argiloarenosos, apresentaram redução da dispersão da argila em água em algumas camadas nas parcelas atingidas pelo fogo, enquanto o grau de floculação apresentou resultado contrário, com aumento significativo nestas parcelas. O índice de estabilidade dos agregados variou significativamente apenas na camada superficial (0-2,5 cm) da área 2, resultando em menor porcentagem na parcela atingida pelo fogo, e o diâmetro médio ponderado e diâmetro médio geométrico não diferiram significativamente entre as parcelas atingidas e preservadas do fogo. Quanto às frações de carbono orgânico, observou-se aumento significativo do carbono orgânico particulado em algumas camadas, e, consequentemente, redução do carbono orgânico associado aos minerais nas parcelas afetadas pelo fogo. O efeito do fogo é variado, pois depende não só das suas características intrínsecas, mas da composição do bioma e solo da região; parece ser superficial, estando mais presente nas camadas superiores do solo; e tem aspecto temporário, com normalização dos atributos a médio e longo prazo.