Ambiente e Desenvolvimento
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Browsing Ambiente e Desenvolvimento by browse.metadata.advisor "Laroque, Luís Fernando da Silva"
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- ItemOpen AccessO bem viver Kaingang: as conexões entre os princípios da teoria do Buen Vivir e os saberes tradicionais que orientam o seu modo de ser(2018-08-06) Prestes, Fabiane Da Silva; Laroque, Luís Fernando da Silva; http://lattes.cnpq.br/6550642682865922; Turatti, Luciana; Pereira, Walmir Da Silva; Cenci, Daniel RubensEsta tese discute sobre o reconhecimento dos saberes tradicionais indígenas que orientam o modo de ser desses povos desde os tempos de Abya Yala, ou seja, antes da colonização da América, e como se perpetuou até sua positivação pelo Novo Constitucionalismo da América Latina e a incorporação do Buen Vivir, uma nova teoria fundamentada em antigas tradições. Assim, o problema que esta tese busca responder é: Quais as conexões existentes entre os princípios do Buen Vivir e os saberes tradicionais indígenas que orientam o modo de ser Kaingang em territórios da Bacia Hidrográfica Taquari-Antas, Caí e Sinos? Portanto, a tese proposta é que: se em tempos mais remotos, os povos ameríndios conviviam em Abya Yala, uma terra sem males, e os antepassados dos Kaingang, igualmente, habitaram este continente. Estes ancestrais vivenciaram práticas que priorizam a cultura da vida, conectadas por sua vez com a sustentabilidade, identidade e cosmologia. Desse modo, acredita-se que os princípios que orientam o modo de ser Kaingang, em especial, aqueles aqui pesquisados, guardam afinidades com os princípios do Buen Vivir. O objetivo da pesquisa consistiu em analisar as conexões entre os princípios da teoria do Buen Vivir com os saberes tradicionais indígenas que orientam o modo de ser Kaingang em territórios da Bacia Hidrográfica Taquari-Antas, Caí e Sinos. Este estudo foi proposto com base em fontes bibliográficas, e em fontes documentais que se encontram no Ministério Público Federal de Lajeado e Novo Hamburgo e na Secretaria Estadual de Educação do Rio Grande do Sul. A pesquisa de campo foi desenvolvida nas Terras Indígenas: Jamã Tÿ Tãnh,em Estrela, Foxá, em Lajeado, Pó Mág, em Tabaí, Pã Nónh Mág e Ká Mág, em Farorupilha, e Por Fi Gâ, em São Leopoldo, sendo estes espaços localizados em territórios da Bacia Hidrográfica Taquari-Antas, Caí e Sinos, no Estado do Rio Grande do Sul/Brasil. Trata-se de uma pesquisa qualitativa, já que, tem como objetivo investigar traços culturais, atitudes, percepções, motivações e modo de vida do povo Kaingang, o qual representa o objeto de estudo. Ademais foi realizada pesquisa de campo, com o uso das técnicas de observação participante e entrevista. O método da História Oral foi utilizado para a aplicação das entrevistas. Foram realizadas 163 saídas de campo e 24 entrevistas, envolvendo indígenas e não indígenas. A pesquisa teve como aportes teóricos para análise, estudos sobre cultura e identidade, cosmologia e natureza, direitos humanos e desenvolvimento e que a partir da apreciação do modo de ser Kaingang e suas relações com o ambiente, possibilitou constatar um movimento contra hegemônico de desenvolvimento. Por fim, a partir das aproximações entre os princípios norteadores da teoria do Buen Vivir e o modo de ser do Kaingang, confirma-se a Tese proposta, já que também constatou-se que os Kaingang vivenciam práticas que priorizam a cultura da vida, conectadas por sua vez com a sustentabilidade (ambiental e econômica), identidade e cosmologia. Desse modo, afirma-se que os princípios que orientam o modo de ser dos Kaingang em territórios da Bacia Hidrográfica Taquari-Antas, Caí e Sinos, guardam afinidades com os princípios do Buen Vivir.
- ItemOpen AccessComunidade remanescente de quilombos Carrapiché, microrregião Bico do Papagaio-Tocantins: história, território e aspectos socioambientais(2022-06) Clímaco, Veríssima Dilma Nunes; Laroque, Luís Fernando da Silva; http://lattes.cnpq.br/6550642682865922; Machado, Neli Teresinha Galarce; Magalhães, Magna Lima; Carvalho, Herli De SousaA tese aborda o processo de constituição identitária e territorial da Comunidade remanescente de quilombos Carrapiché, localizada na microrregião Bico do Papagaio, região norte do estado do Tocantins, tendo em vista que essas comunidades ao longo do século XX foram identificadas como comunidades negras rurais e somente a partir da Constituição de 1988, iniciam um processo de ressignificação identitária firmado na sua origem e cultura, pois essas comunidades negras rurais são uma extensão dos quilombos do século XIX. Nesse sentido, é tratado as dinâmicas governamentais de territorialização das comunidades remanescentes de quilombo na microrregião em estudo e as intervenções no processo de identificação quilombola da Comunidade Carrapiché, a partir das suas transições identitárias e relações socioambientais. A questão que orienta o problema de pesquisa é: Como se constitui a territorialidade na Comunidade Remanescente de Quilombos Carrapiché, localizada na microrregião Bico do Papagaio - TO, considerando a sua historicidade, traços culturais e relações socioambientais? Assim, a tese proposta é que esta comunidade tem sua territorialidade constituída por meio de sua historicidade (negros, quilombolas, nordestinos, extrativistas, pescadores) que foi ressignificada e de práticas socioambientais (o manuseio da terra, ocupação do território, o uso de ervas na alimentação e cura de enfermidades, o respeito aos ciclos de renovação da terra, a proximidade e identificação com o ambiente biofísico) atendendo as características do bioma Amazônia, dos ecossistemas e também das manifestações simbólicas (festividades religiosas como a do Divino Espírito Santo e a dança da Sussa). Para tanto, o trabalho tem como objetivo central investigar a história, os aspectos socioambientais e o modo como os Carrapichés legitimam seu território na microrregião Bico do Papagaio – TO. É uma pesquisa qualitativa, os procedimentos metodológicos usados foram incursões etnográficas na comunidade quilombola tendo como amostragem 13 interlocutores e as técnicas dos registros de dados consistiram em rodas de conversas, registros em diários de campo e entrevistas semiestruturadas utilizando como base a história oral As fontes bibliográficas constituíram-se de livros, artigos, dissertações e teses e as fontes documentais, foram decretos, instruções normativas e leis, este conjunto de dados foram analisadas com base em teóricos que discutem sobre território e territorialidade, cultura e identidade e sustentabilidade ambiental. Os resultados obtidos revelaram que os Carrapichés estão vivendo um processo de auto definição quilombola nos seus territórios físico, ambiental e simbólico, observado nas articulações sociais que estabelecem na comunidade e no seu entorno. Dessa feita, constatou-se que o modo de ser e viver dos Carrapichés junto ao rio, à terra, a manutenção das relações de parentesco, a produção de alimentos, caracterizam uma identidade de resistência que se externa também na luta pelos direitos assegurados constitucionalmente, priorizando as características ambientais como as marcas físicas do bioma, dos ecossistemas e simbólicas dos elementos culturais legados por seus antepassados.
- ItemOpen AccessA comunidade ribeirinha Santo Antônio do Rio Morais/Amazônia: história e território(2022-02) Ramos, Messias Barbosa; Laroque, Luís Fernando da Silva; http://lattes.cnpq.br/6550642682865922; Pinheiro, Fernanda Storck; Mourad, Leonice De Fátima Alves Pereira; Trombini, JanaíneO presente estudo com o título A Comunidade ribeirinha Santo Antônio do Rio Morais/Amazônia: história e território, ocorre a partir das relações ribeirinhas com o ambiente e a produção do seu território desde a sua fundação, em 1978, até o tempo presente, 2021, perfazendo pouco mais de 40 anos. Localizada na zona rural do município de Maués/Am, latitude 3°24’05”S e longitude 57°40’11”W, a 5,5 km distante do centro da cidade, o objeto da pesquisa é constituído por 56 famílias totalizando 380 moradores. Os problemas norteadores da pesquisa são: a) Como a comunidade Santo Antônio do Rio Morais foi criada? b) Que motivações levaram a isto? c) Como era a paisagem do local antes e como mudou ao longo dos quarenta e dois anos de existência do lugar? d) Quais sãos as festividades, o que teve continuidade e o que foi transformado? e) Qual é a relação do ribeirinho com a natureza, suas percepções sobre o ambiente onde vive? O objetivo geral da investigação consiste em entender a formação da Comunidade Santo Antônio do Rio Morais e suas mudanças ao longo da história, desde sua fundação pela igreja católica em 1978 até 2021, considerando suas origens e a relação de seus moradores com o ambiente. Como metodologia trata-se de um estudo de caso alinhado a pesquisa qualitativa, de caráter exploratório e natureza descritiva. Dentre os procedimentos metodológicos, destaca-se a revisão bibliográfica, a pesquisa documental e pesquisa de campo com a aplicação de entrevistas semiestruturadas, história oral e diário de campo. Como resultado aponta-se a descrição da história e da formação do território da comunidade, as transformações ocorridas ao longo do tempo, assim como as mudanças na paisagem, a cultura e as reatualizações culturais como dinâmicas sociais importantes para a permanência do ribeirinho em seu ambiente. Ao final se discute possibilidades de enfrentamento de desafios futuros com soluções voltadas ao desenvolvimento de tecnologias socias, a exploração sustentável dos recursos naturais através do ecoturismo e da organização social para beneficiar os comunitários.
- ItemOpen AccessEncontro pragmático entre história ambiental e história indígena nas missões da frente missionária do Uruguay nos séculos XVII E XVIII(2022-12) Cristo, Tuani De; Laroque, Luís Fernando da Silva; http://lattes.cnpq.br/6550642682865922; Machado, Neli Teresinha Galarce; Silva, Sergio Baptista Da; Santos, Júlio Ricardo Quevedo DosNos séculos XVII e XVIII, os territórios que configuram os países da Argentina, Uruguai e sul do Brasil integraram a Frente Missionária do Uruguay, espaço de atuação da Companhia de Jesus. Os referidos territórios eram habitados por distintos povos indígenas, dentre eles, os Guarani, com ampla atuação nos espaços missionais. Além da diversidade cultural e linguística, os referidos territórios eram formandos por uma ampla biodiversidade, a exemplo de biomas como a Mata Atlântica e o Pampa. Ao longo da formação e existência das reduções jesuíticas, os padres jesuítas precisaram se relacionar com os distintos grupos indígenas, mas ainda com os extra-humanos que habitavam estes espaços e também fizeram parte das missões. Com base na História Ambiental e na História Indígena problematiza-se: Como se deram as relações entre os povos Guarani e padres jesuítas com os seres que integravam os territórios da Frente Missionária do Uruguay durante os séculos XVII e XVIII? Qual a influência dos extra-humanos no cotidiano dos espaços missionais? A formação dos espaços missionais e a introdução de sujeitos de outras espécies e conhecimentos geraram transformações no ambiente? Os extra- humanos agiram ou reagiram as transformações? A pesquisa construiu um diálogo entre a História Ambiental e História Indígena visando compreender as ações dos Guarani, jesuítas e extra-humanos que habitaram e interagiram na Frente Missionária do Uruguay, nos séculos XVII e XVIII. Para isso, foi realizado uma apresentação dos biomas onde as reduções foram erguidas e quais suas principais características. Também foi possível encontrar intercâmbios de conhecimentos entre os Guarani e os jesuítas, com foco nas espécies nativas que constantemente foram mencionadas na documentação, a exemplo, do cedro, erva-mate, milho, mandioca, tabaco, dentre outros. As ações mais visíveis aos olhos dos padres e descritas na documentação foram analisadas, demonstrando as diferentes ontologias que atuaram nos eventos do período colonial, mas recorrendo a História Ambiental com vista a analisa-los a partir dos encontros pragmáticos, visando não sobrepor ontologias. A metodologia utilizada é qualitativa e descritiva, com base em análise documentais de cartas ânuas e outros escritos dos padres jesuítas. Os resultados demonstram que as reduções jesuíticas não foram formadas apenas por relações entre Guarani e jesuítas, mas contou de encontros e desencontros com os extra- humanos. Por fim, defende-se que o encontro pragmático entre História Ambiental e História Indígena é profícuo para análises de eventos em que diferentes ontologias são operantes.
- ItemOpen AccessHistória ambiental e espacialidades Ítalo-brasileiras: um comparativo em territórios no norte italiano e ao norte do Rio Taquari/RS(2020-12) Trombini, Janaíne; Laroque, Luís Fernando da Silva; http://lattes.cnpq.br/6550642682865922; Beneduzi, Luis Fernando; Barden, Júlia Elisabete; Zanini, Maria Catarina Chitolina; Harres, Marluza MarquesOs imigrantes italianos e descendentes que ocuparam os territórios ao norte do rio Taquari/RS a partir do final do século XIX são oriundos do norte italiano - Vêneto, Lombardia e Trentino Alto-Ádige, e encontraram no território emigrado um ambiente que apresentava semelhanças e diferenças com a região de origem. Os problemas levantados para investigação foram: Quais semelhanças e diferenças ambientais apresentavam os territórios ítalo-brasileiros? Quais situações e relações sócio-políticas são possíveis observar no decorrer do processo histórico nos territórios ítalo-brasileiros? Que atividades agropecuárias foram desenvolvidas e suas relações com os respectivos ambientes ítalo-brasileiros? A pesquisa investigou a História Ambiental dos italianos, imigrantes italianos e descendentes em espacialidades ítalo- brasileiras e o objetivo consistiu em analisar de forma comparativa o ambiente, questões sócio-políticas e as atividades agropecuárias entre os territórios ao norte da Itália e ao norte do rio Taquari entre os anos de 1860 a meados da década de 1910, apontando semelhanças e diferenças. A pesquisa teve uma abordagem qualitativa e comparativa, recorreu-se a revisão bibliográficas e pesquisa documental em arquivos na Itália e no Rio Grande do Sul. Realizou- se ainda pesquisa de campo com incursões etnográficas gerando diários de campo e a utilização da História Oral, tendo como amostragem vinte e quatro famílias interlocutoras em espacialidades ítalo-brasileiras. Os dados foram analisados como base em aportes teóricos da História Ambiental, espacialidades territoriais e atividades econômicas. Os resultados confirmaram a tese proposta evidenciando que as correlações ambientais nas regiões apresentam características distintas no que se refere ao relevo com altitudes no norte italiano de até 4.000m e ao norte do rio Taquari com apenas 1.000m. Enquanto as semelhanças referem-se à posição territorial geográfica ao “norte”, clima com invernos rigorosos e rios principais como é o caso do Pó e Taquari. Respectivamente ambos territórios possuem espécies da flora em família conífera e da fauna como a lebre (Lepus), Serelepe (Sciurus ingrami) e o cervo (Cervidae). Em situações sócio-políticas identificou-se similaridade em questões fundiárias, agrárias e da Primeira Guerra Mundial. As atividades econômicas possuem afinidades resultantes do desmatamento para as práticas agropecuárias, como a exploração madeireira, vitivinicultura, milho, feijão, trigo, gado e suinocultura, as quais eram voltadas para subsistência e fins comerciais onde o imaginário do homem domesticando a natureza foi bastante operante. Vale salientar que ao analisar questões ambientais ítalo- brasileiras abordou-se aspectos sobre recursos naturais, a biodiversidade e manejo florestal, portanto relacionados às Ciências Ambientais e alinhados a metas e Objetivos do Desenvolvimento Sustentável. Contatou-se, por fim, que investigando a História Ambiental foi possível acompanhar as ações do grupo étnico em estudo e as modificações que suas atividades socioeconômicas geram no meio ambiente.
- ItemOpen AccessQualificação profissional e formação cidadã: estudo de caso em cursos FIC do PRONATEC envolvendo aspectos ambientais(2017-07) Pouey, João Francisco Fernandes; Laroque, Luís Fernando da Silva; http://lattes.cnpq.br/6550642682865922; Konrad, Odorico; Santos, Simone Valdete Dos; Silva, Neuza Maria Correa DaConsidera-se que as ações humanas interferem diretamente na natureza, pois, enquanto possibilitam o conforto, a segurança e o abrigo, também provocam a destruição do ambiente. No que se refere à construção civil, os impactos estão na extração de matéria-prima, no consumo de energia, na geração de resíduos, sobretudo pelo fato de muitas vezes serem descartados de maneira equivocada acarretando problemas ambientais e sociais. A pesquisa identificou em que medida a conscientização ambiental sustentável tem sido abordada em Cursos FIC de Infraestrutura (Construção Civil) do Programa Nacional de Acesso ao Ensino Técnico e Emprego (Pronatec), sendo este seu objetivo principal, tendo como base a legislação e uma análise empírica que utilizou como amostragem dois Institutos Federais (IFs) e duas Escolas do Sistema Nacional de Aprendizagem Industrial (SENAI) dos municípios de Pelotas e Passo Fundo no Rio Grande do Sul. Usando uma metodologia de cunho qualiquantitativa, dentro de um método indutivo e como procedimentos metodológicos foram utilizados revisão bibliográfica, análise de documentos e pesquisa de campo com sete professores e quinze estudantes, com entrevistas e questionários. Constatou-se como resultados que: os projetos pedagógicos dos cursos são deficitários no que tange aos aspectos de formação pessoal e ambiental e que os estudantes não receberam uma satisfatória formação cidadã junto com a capacitação técnica no que se refere à conscientização ambiental sustentável. O aspecto humano, através da educação ambiental, de conhecimentos sociais, políticos, econômicos, ambientais e de sustentabilidade não estiveram suficientemente presentes nos cursos estudados.
- ItemOpen AccessOs rios compõem histórias: os saberes e as percepções de sociedade tradicional e sociedade nacional em espaços da bacia hidrográfica Taquari-Antas(2020-12) Lappe, Emelí; Laroque, Luís Fernando da Silva; http://lattes.cnpq.br/6550642682865922; Périco, Eduardo; Rosa, Rogério Reus Gonçalves Da; Rodrigues, Cíntia RegiaAs atividades da sociedade conectadas à natureza estão relacionadas e, portanto, fazem parte da produção sociocultural do espaço. Nos territórios delimitados pela Bacia Hidrográfica Taquari-Antas (BHTA), observa-se que as distintas sociedades buscaram ao longo do tempo determinados lugares para viver e manusear os recursos existentes, observando o ambiente para utilizá-lo para sua subsistência. A pesquisa se desenvolveu com o intuito de demonstrar a interação da sociedade com a natureza e a ocupação dos espaços da Bacia Hidrográfica Taquari-Antas, na perspectiva da Sociedade Tradicional e da Sociedade Nacional. Entendendo que os territórios são marcados e estabelecidos por relações de poder e manuseados de acordo com a lógica cultural das sociedades que o ocupam tem-se a problemática de pesquisa: Quais as percepções existentes dos integrantes e coletivos de Sociedade Tradicional e de integrantes da Sociedade Nacional no que tange a ocupação territorial de espaços da Bacia Hidrográfica Taquari-Antas? Há articulações entre os saberes dos integrantes de Sociedade Tradicional e de integrantes de Sociedade Nacional em relação ao manuseio destes espaços? A partir dessa problemática, a tese teve por objetivo analisar as percepções, os saberes e as lógicas culturais de integrantes e coletivos de Sociedade Tradicional e de Sociedade Nacional no que tange a ocupação territorial, as relações de poder, os conhecimentos socioculturais e ambientais no que diz respeito aos espaços da Bacia Hidrográfica Taquari-Antas. A metodologia de pesquisa debruçou-se em fontes documentais as quais foram consultadas em arquivos do CODEVAT e Comitê da Bacia Hidrográfica Taquari-Antas, bem como em revisões bibliográficas. Recorreu-se ainda a investigação em campo com a produção de diários, registros fotográficos e a realização de entrevistas utilizando-se da metodologia da História Oral, delimitando como amostragem para interlocução de 31 pessoas, composta por Pescadores artesanais do Vale do Taquari, indígenas Kaingang da Bacia Hidrográfica Taquari-Antas, integrantes do CODEVAT, do Comitê da BHTA, Geógrafos, Biólogos, Mãe de Santo e Líder de bairro, a maioria destes inseridos em espaços da BHTA. Os dados obtidos na pesquisa foram analisados tendo por base aportes teóricos alusivos a territorialidade, cultura e conhecimento tradicional. Os resultados comprovaram a tese de que em espaços da Bacia Taquari-Antas os saberes e a utilização dos territórios pela Sociedade Tradicional e Sociedade Nacional estão pautados nas suas próprias percepções sobre preservação, manuseio e desenvolvimento no que se refere a relação entre sociedade-natureza. Constatou-se, alinhado a área das Ciências Ambientais, que coletividades e integrantes da Sociedade Tradicional usufruem e manejam os espaços naturais pensando na sustentabilidade familiar e os integrantes da Sociedade Nacional utilizam os espaços da BHTA para o desenvolvimento econômico e urbanização, com a alegação que seus projetos se voltam para a preservação do meio ambiente. A partir dos dados pesquisados concluímos que a percepção histórica e sociocultural da Sociedade Tradicional, composta por Kaingang e pescadores artesanais, e Sociedade Nacional, representada na investigação pelo CODEVAT, Comitê da Bacia Hidrográfica Taquari-Antas, agentes acadêmicos e líderes comunitárias, demonstraram singularidades em relação a BHTA e estas percepções estão perpassadas pela cultura do grupo a que se inserem, a qual norteia a apropriação e o uso dos recursos naturais existentes no espaço.
- ItemOpen Access“Trajetório indígena” e trajetórias de vida: a agência do feminino na relação com os territórios, corpos e pessoas Kaingang(2020-12) Silva, Juciane Beatriz Sehn Da; Laroque, Luís Fernando da Silva; http://lattes.cnpq.br/6550642682865922; Mazzarino, Jane Márcia; Freitas, Ana Elisa De Castro; Martins, Maria Cristina BohnA presente tese investiga as trajetórias históricas e culturais de duas coletividades Kaingang, localizadas em territórios da Bacia Hidrográfica Taquari-Antas e do Lago Guaíba, estado do Rio Grande do Sul, Brasil. O estudo é uma contribuição às discussões que abordam sobre trajetórias dos indígenas na História, e também às Ciências Ambientais, pois congrega modos kaingang de saber, relacionar e conceber o território e o ambiente, apontando para outras inter- relações possíveis entre “sociedade-natureza”. Os problemas norteadores da pesquisa são: De que formas os coletivos pesquisados agenciaram as inter-relações no território e elaboraram a colonialidade nos corpos ao longo de suas trajetórias históricas? Quais as percepções do feminino Kaingang sobre processos de luta pela terra, relações intrahumana e na constituição e estabilização de corpos e pessoas kaingang? Portanto, a tese proposta é que: os coletivos pesquisados estabelecem uma malha de relações com as texturas corporais presentes no território, sendo estas imprescindíveis à constituição de corpos, pessoas e coletivos kaingang. Acredita-se que o “estar-sendo” Kaingang ocorre no fluxo e no entrelaçamento das relações sociais que se configuram no fio do tempo das histórias de vida tecidas nas formas de (re)constituir seu mundo e suas historicidades, e nesse processo o feminino Kaingang surge como uma expressão potente. Com essas informações, o objetivo central da pesquisa consistiu em analisar de que formas as trajetórias de vida no fluxo do tempo performam relações, corpos e pessoas que se entrelaçam e se constituem conjuntamente aos territórios, evidenciando a agência do feminino kaingang num construto criativo e na manutenção dos coletivos das Terras Indígenas Jamã Tÿ Tãnh/Estrela e Topẽ Pẽn/Porto Alegre. Este estudo foi proposto com base em fontes bibliográficas, em fontes documentais que se encontram no Ministério Público Federal de Lajeado e Porto Alegre e em fundos documentais acessados no portal da biblioteca digital do Senado Federal e no Portal Kaingang. Trata-se de uma pesquisa qualitativa, já que se propôs investigar percepções, conhecimentos e modos de vida das coletividades Kaingang. Ademais, foi realizada pesquisa de campo, com uso das técnicas de observação participante e entrevista. O método da História Oral foi utilizado para a aplicação das entrevistas. Foram realizadas onze entrevistas com indígenas e setenta e nove saídas de campo. Partindo de considerações teóricas sobre território, colonialidade, natureza, cultura, corpos e pessoas, foi possível melhor evidenciar a compreensão da ontológica e das relações de socialidade Kaingang. Os resultados demonstraram que houve um processo violento de colonialidade nos corpos vivenciado pelas coletividades pesquisadas, contudo souberam orquestrar modos de reagir e resistir que singularizam suas histórias no tempo e no espaço, bem como mantiveram a relação com os corpos das florestas, imprescindíveis para fazer a vida no plano material e cosmológico e ainda se verificou que as mulheres Kaingang agem de forma complementar nas lutas pela terra e nas relações intra-aldeã. A fabricação e a (trans)formação de corpos e pessoas Kaingang constituem um construto que envolve a agência de homens e mulheres Kaingang. Por fim, a tese proposta, da constituição conjunta e da indissociabilidade entre corpo, pessoa e território se confirma. A pessoa Kaingang constitui-se um microcosmo de relações estabelecidas nas trajetórias de vida e no “trajetório indígena” e nesse fluxo o feminino Kaingang configura uma expressão potente, capaz de tecer agenciamentos, conexões e amálgamas fundamentais para a manutenção dos coletivos os quais elas se inserem.