Objetos de Pensar

Objetos de Pensar foi o nome criado pelo Grupo de Pesquisa Currículo, Espaço, Movimento (CEM), vinculado ao Programa de Pós-Graduação em Ensino da Universidade do Vale do Taquari – Univates, com apoio do CNPq e FAPERGS, para designar um projeto destinado a propor exercícios de pensamento voltados para a docência.

Como nenhuma ideia nasce em um espaço neutro ou vazio, este projeto foi gestado em meio a alguns disparadores. O primeiro deles talvez tenha sido a aproximação com os últimos livros de Jorge Larossa, “Elogio da escola” (2017), “P de professor” (2018) e “Esperando não se sabe o quê – sobre o ofício de professor” (2018), cujo contato se deu a partir de um curso intitulado “A escola, o museu, o professor e o mediador”, realizado pelo pesquisador espanhol, em outubro de 2018, na Fundação Iberê Camargo, em Porto Alegre/RS. O segundo disparador e, talvez o mais provocador, foi a visita à 33ª Bienal de São Paulo, em novembro de 2018, cujo bonito título, “Afinidades afetivas”, foi inspirado em duas obras: um romance de Goethe, de 1809, com título “Afinidades eletivas”; e a tese de livre-docência, “Da natureza afetiva da forma na obra de arte”, do crítico de arte e ativista político Mário Pedrosa, defendida em 1949, na Faculdade Nacional de Arquitetura do Rio de Janeiro – a qual se transformou, em 2017, em uma exposição no Museo Nacional Centro de Arte Reina Sofía, em Madri. Mas não se tratava somente disso, pois a temática desta Bienal também trazia a ideia de uma experiência física de habitar o espaço expositivo, tomando como foco educativo conceitual a questão da atenção. “Convite à atenção” era como se chamava a forma de mediação dessa 33ª Bienal, cujo pressuposto consistia em “[…] reafirmar o lugar da arte como lugar único para concentrarmos a atenção no mundo e em favor do mundo” (FUNDAÇÃO DA BIENAL…, 2018, p. 20).

Assim, aos visitantes da 33ª Bienal eram oferecidos exercícios e protocolos, por meio dos quais se tornava possível experimentar de modos diferentes a exposição, bem como perceber o que poderia emergir da experiência de dedicar a atenção a uma obra de arte por um tempo prolongado.

Provocadas por tais encontros e instigadas pelos resultados das pesquisas que vínhamos desenvolvendo no Grupo CEM, indagamo-nos: de que modo pensar a docência a partir de exercícios de pensamento, de experiências de atenção para esse campo minado de representações, de palavras já ditas, de imagens e pensamentos colonizados, mas também de um espaço fértil e potente para novas experimentações? Era necessário então uma ideia, uma noção que fosse propulsora desse movimento. Objetos de Pensar não surgiu apenas como um nome, mas 8 como uma matéria, capaz de provocar o movimento do pensamento, podendo se constituir em exercícios escritos, objetos físicos, atividades criadoras, desafios que pudessem envolver o corpo, procedimentos artísticos, entre outros – desde que fossem autorais, originais e inventivos.

Diante dessa noção, o Grupo CEM, em parceria com o Projeto de Extensão Pensamento Nômade e a Área de Artes da Univates, criou o projeto Objetos de Pensar, lançado por meio de um edital, em março de 2019. O objetivo foi propor a criação de perguntas/questões/indagações/problematizações que necessariamente não precisam de respostas, que coloquem o pensamento a se mover, saindo dos lugares comuns, dos clichês, das coisas já ditas e pensadas no campo educacional. Tal objetivo visou possibilitar movimentos autorais, a fim de lançar outros sentidos às práticas educativas.

Alunos e professores de graduação e pós-graduação da Univates, alunos e professores de graduação da UFRGS, pesquisadores e bolsistas do Grupo CEM lançaram-se a inscrever os seus objetos de pensar, os quais foram avaliados pela comissão organizadora. O edital previa a inscrição das propostas no sistema de Eventos da Univates, que foi realizada no período de abril a julho de 2019. Ao final das inscrições, mais de 50 propostas foram recebidas.

Com os primeiros objetos em mãos, iniciamos as oficinas com professores de escolas parceiras, além de alunos e professores de graduação e pós-graduação. A intenção era experimentarmos esses objetos, mas também encorajar os participantes das oficinas a criarem os seus próprios exercícios de pensar a docência. No segundo semestre de 2019, foi realizada a curadoria da exposição que envolveu pesquisadores e bolsistas do grupo CEM. Para a exposição, 43 objetos foram selecionados e exibidos na Galeria Sesc Lajeado, no período de 16 de outubro a 01 de dezembro de 2019.

Os objetos de pensar, que compõem o livro “Objetos de pensar: exercícios para a docência”, são apresentados em sua formatação original, conforme inscritos pelos autores, de modo a preservar as marcas do processo criador e autoral. A organização do livro também busca dar visibilidade aos diferentes contextos em que foram produzidos – atividades de pesquisa, de ensino e de extensão. Cabe ainda destacar que embora o objetivo principal deste projeto fosse o exercício de criação de objetos de pensar, acreditamos que o material produzido poderá ser utilizado como disparador para pensar a docência. Assim, fica o convite para desfrutá-lo de diferentes maneiras, em espaços diversos, com públicos variados.

 

O download do e-book pode ser feito através do link: https://www.univates.br/editora-univates/media/publicacoes/316/pdf_316.pdf

Fotos