Este ano a Universidade do Vale do Taquari - Univates comemorou os 20 anos do Museu de Ciências (MCN). O espaço recebeu, ao longo dos anos, mais de cem mil visitantes que puderam aprender mais sobre ciências, com seus acervos e exposições.
As coleções somam mais de 135 mil itens e tombos de patrimônio pertencentes ao Vale do Taquari. Enquanto laboratório, o MCN Univates é um espaço de iniciação científica e capacitação técnica dos estudantes de graduação e pós-graduação da Universidade, além de prestar assessorias e consultorias para a comunidade regional em suas áreas de atuação (arqueologia, história regional, preservação de fontes históricas, acarologia, botânica, ecologia e evolução, paleobotânica e evolução de biomas e zoologia). O espaço também tem como finalidade produzir conhecimento científico sobre aspectos ambientais, priorizando as dinâmicas regionais e ser espaço para divulgação e educação científica.
A pró-reitora de Pesquisa, Extensão e Pós-Graduação, professora doutora Maria Madalena Dullius destaca que o museu tem um papel fundamental de ser instrumento de promoção da cultura científica. “O museu é um espaço de preservação e fortalecimento do conhecimento científico e cultural, de gestão e divulgação da ciência”, diz. O MCN representa um potencial de pesquisas para a Instituição a partir da interação de grupos de pesquisa da Univates com outras organizações nacionais e internacionais. Na opinião da pró-reitora o espaço também possibilita o enriquecimento de atividades de extensão e ensino da Univates, se tornando um ambiente para educação formal e não formal. “Também por meio dele intensificamos as nossas relações com a sociedade, principalmente popularizando a ciência”, comenta.
“Na área da educação ambiental desenvolvemos diversas atividades, como visitas guiadas, oficinas, exposições itinerantes com o objetivo de aproximar a comunidade do Museu e, assim, instigar o gosto pela ciência”. Além dessas atividades o MCN recebe e sempre esteve aberto à visitas guiadas de escolas da região.
Laboratórios e coleções
O Museu de Ciências Univates (MCN) conta atualmente com laboratórios de pesquisa e coleções científicas e didáticas nas áreas de Acarologia, Arqueologia, História Regional e Institucional, Botânica, Ecologia e Evolução e Paleobotânica e Evolução de Biomas. A existência das coleções, no entanto, precede a criação do espaço. Em 1985, quando iniciou a oferta do curso de Ciências Biológicas pela Instituição, docentes já se preocupavam com a organização de uma coleção didática para atender as necessidades das aulas práticas dos estudantes. Aos poucos, ao longo dos 15 anos seguintes, foram formadas as coleções de Zoologia, Botânica e Paleobotânica e o acervo na área da Arqueologia. Conforme os itens foram aumentando em quantidade e em diversificação de finalidade, houve a necessidade de dividir as coleções entre as didáticas e as científicas. Tudo isso demandava espaço físico próprio para as atividades, o que foi possível em 2001. Em 2001 o Museu passou a ocupar o espaço onde está sediado, no Prédio 8. O Centro de Memória, Documentação e Pesquisa da Univates (CMDPU) foi incorporado ao Museu de Ciências em 2016, ampliando as áreas de atuação, com enfoque na preservação das fontes históricas regionais.
“Para qualquer publicação que eu encaminhe ou para qualquer análise que eu faça é necessário ter o material registrado”, explica Jasper. Os itens organizados em coleções permitem que seja possível rastreá-los e as coleções podem receber a visita de pesquisadores de todos os lugares do mundo que estejam trabalhando com pesquisas similares.
O futuro
Em 2013 foi elaborado o primeiro Plano Museológico do MCN, instrumento por meio do qual a Univates demonstra o comprometimento com o desenvolvimento científico-cultural da região. Já em 2016 o MCN começou a integrar o Index Herbariorum, diretório global de herbários, por meio de sua coleção de Botânica, o Herbário do Vale do Taquari (HVAT). Além do Index Herbariorum, o HVAT integra a Rede Brasileira de Herbários, a Rede de Herbários do Rio Grande do Sul e o Herbário Virtual da Flora e dos Fungos do Brasil. Nos últimos dez anos, o MCN tem passado pela revisão e informatização dos seus sistemas de documentação. “Cada coleção foi migrada para um sistema informatizado mais adequado a sua tipologia”, explica Miriam. Com isso as pesquisas ficam otimizadas e o trabalho de recuperação dos itens também. Além de contribuir para a qualidade do Ensino da Univates, conforme a bióloga, o Museu vai seguir se adaptando para atender necessidades do futuro. “Pretendemos continuar aperfeiçoando as atividades realizadas e incluir novas áreas de conhecimento, tornando o Museu mais atrativo, aproximando-o cada vez mais da comunidade para que ele continue contribuindo para a popularização do patrimônio natural, cultural e científico da região”, projeta ela.
O Museu como uma presença constante
A pesquisadora e professora, doutora Liana Johann, encontrou o MCN em diversos momentos de sua trajetória profissional. Quando iniciou a graduação em Ciências Biológicas, em 2000, o MCN representava um sonho pra ela. “Em 2002, o professor Ferla me convidou para trabalhar na secretaria do museu e na estruturação da sala de exposições. Meu sonho se tornou real”, diz ela, para quem o cotidiano do museu passou a ser, também, o seu dia a dia. “Vivenciei todas as pesquisas que eram desenvolvidas no museu, além de ter contato diário com os professores do curso de Ciências Biológicas que eu tanto admirava”. O trabalho no local permitiu que ela experimentasse a pesquisa, o ensino e a extensão. “Além disso, o trabalho no museu me trouxe oportunidades. Me interessei pela pesquisa em ácaros na cultura da videira. Ingressei no mestrado e iniciei minha caminhada na pesquisa”. No doutorado, a pesquisadora desenvolveu seu trabalho no Laboratório de Acarologia, parte da estrutura do MCN. Atualmente Liana é a curadora da coleção de Zoologia de Vertebrados.