“Antes era chão batido com brita. O banheiro não tinha pintura nem instalação elétrica, a parede que segurava o telhado estava caindo e o armário da cozinha estava tomado por cupins”. Essa é apenas uma parte da fala na qual Teresinha Ferreira descreve a situação da Associação Simon Bolivar, localizada no bairro Santo Antônio, em Lajeado, no início deste ano.
O local, que abriga crianças no turno inverso ao da escola, estava com a estrutura comprometida e era motivo de preocupação para “Tia Sandra”, como é chamada pelos pequenos. Engajados com as diferentes necessidades encontradas no Vale do Taquari, a cada semestre, estudantes de diferentes cursos da Univates são desafiados a pensar em um projeto social para ser desenvolvido na disciplina de Empreendedorismo. A atividade busca envolver os acadêmicos em causas sociais ou ambientais, promovendo a prática da cidadania de maneira conjunta com a comunidade. Foi então que os acadêmicos Alexandre Bohn, Fabiele Imperatori, Luiz Carlos Barbosa, Matheus Marque e Jocieli Lucca se sensibilizaram com a situação da Associação. “Quando chegamos pela primeira vez no local, deparamo-nos com uma realidade bem chocante. O espaço onde as crianças são atendidas e fazem as refeições não tinha piso e a parede de fora do galpão estava quase caindo. Eles não tinham o mínimo para morar de forma digna”, explica Fabiele.
Com poucos recursos financeiros, mas com muita vontade, os estudantes colocaram a mão na massa, mobilizaram empresas, eletricistas, marceneiros e voluntários na busca da revitalização do local. “Jamais imaginamos que íamos encontrar uma realidade dessas tão perto de nós. Sentimo-nos na obrigação de proporcionar bem-estar àquelas crianças”, destaca Jocieli.
A Associação, fundada há mais de 10 anos, atende cerca de 30 crianças em situação de vulnerabilidade. Conforme a presidente da entidade, a estrutura é antiga e gerava muita preocupação, principalmente em dias de vendaval. “Essa foi a primeira reforma feita em 15 anos. O telhado estava ruim e poderia cair em cima de nós”, aponta.
Em dois dias, o grupo desempenhou diversas atividades na Associação. O ambiente destinado à alimentação e ao desenvolvimento das atividades recebeu a colocação de piso de concreto, além da substituição da parede e instalação de melhor apoio ao telhado. Na cozinha, a pia, que estava quebrada, foi substituída. O local também recebeu um armário adequado para a armazenagem dos alimentos.
Já o banheiro foi pintado e recebeu a instalação da rede elétrica. Além disso, foram feitas doações de livros, brinquedos e alimentos. A atividade surpreendeu não só “Tia Sandra”, mas também as crianças. “Eu não esperava tanto. Quando as crianças chegaram, elas perguntaram: ‘cadê a nossa casa?’”, lembra. Quando questionada sobre a nova vida na Associação, ela complementa: “Deus preparou esses jovens como anjos para mim. Eles mostraram que o sonho podia ser realizado. A gente não tinha segurança. Agora fico até mais tranquila”.
O trabalho dos estudantes foi premiado e ganhou destaque, mas, para Fabiele, a melhor recompensa foi ver a felicidade das crianças. “É incrível ver que mesmo enfrentando todas essas dificuldades eles tentam ajudar a comunidade”, afirma. Já Jocieli reconhece: “Se cada um for lá e fizer um pouco, tudo vai ficar melhor”. Segundo os participantes, a ideia não é parar por aí. “A partir de agora, queremos fazer uma ação a cada três meses. Já conseguimos uma empresa que se comprometeu a doar alimentos. Também queremos estruturar uma horta para que eles possam cultivar os alimentos básicos e, assim, incentivar o cultivo orgânico com as crianças”, concluem.
Esta notícia faz parte da edição 2 da Revista Univates. Confira a versão
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Texto e fotos: Artur Dullius