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Ciências Humanas

A cultura do outro

Por Ana Amélia Ritt

Postado em 24/11/2017


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Se o apoio às diferenças tem revolucionado o papo de elevador, a cultura tem se tornado cada vez mais presente em discussões nacionais. O Brasil tem um rico exemplo no que diz respeito à diversidade cultural e isso se deve à ocupação do território por diferentes nacionalidades, bem como aos encontros que ocorreram e continuam a ocorrer entre as populações que compõem o mosaico que é nosso País. 

Se de norte a sul os pontos extremos totalizam 4.394 km de distância, as tradições das regiões também destacam-se. O domingo de churrasco contrapõe-se ao tacacá e, “de repente”, o que achávamos que era unicamente nosso acabou sendo herdado de outro povo. 

É aí que entra a antropologia, conhecida como "filosofia da cultura".

Um pouco de história

Até o final do século XIV, encontra-se uma ideia muito forte de que as "raças" determinavam como as pessoas eram. Então, se Fulano era de uma "raça", ele possuía determinado tipo de comportamento. Se Beltrano morava no calor, o comportamento era de "tal" forma e, se morava no frio, era outro. 

Os antropólogos mostraram, porém, que, mesmo vivendo nas mesmas regiões, o comportamento era diferente e respondia ao meio de maneira diferente.

Em 1920, nos Estados Unidos, o professor Franz Boas começa a pesquisar e a aprimorar o conceito de cultura. Já em 1930, há uma mudança de paradigma: começamos a explicar os povos não mais em razão das 'raças' ou da herança 'racial' como era até então, mas em razão da cultura antropólogo e professor da Univates Daniel Granada

Antropologia x Senso Comum

Diversidade: ampliação do conhecimento

Granada destaca que a ideia da diversidade é algo que devemos preservar, porque é uma riqueza para a sociedade, diferente da homogeneidade. Quando há vários grupos, a sociedade torna-se mais rica. "Temos que promover a diversidade cultural a partir de uma perspectiva relativista, por meio da qual a gente respeita a outra cultura e busca entendê-la, para que você não pense que a sua cultura é superior e que você só valorize aquilo que é dela", destaca. Ou seja, não julgar o outro por o que ele está fazendo, mas procurar entendê-lo a partir da forma como ele pensa.

Como exemplo, o professor cita a globalização. "Quando se começou a falar em globalização, pensou-se que isso homogeneizaria a cultura no mundo inteiro. Que todo mundo ia comer Mc Donald’s, beber Coca-Cola e ouvir música americana. Só que, dentro desse processo, isso não aconteceu", lembra. Graças a essa diversidade, é possível irmos em uma aula de yoga no final da tarde, comer sushi na região, assistir a uma celebração de outra religião. A cultura, portanto, começa a se espalhar, ser apropriada e reinventada.

Como a arte entra nisso?

"A arte não necessariamente quer dizer alguma coisa, mas ela expressa, de certa maneira, a produção de um determinado grupo, de uma determinada época", explica o professor. Nesse sentido, os agrupamentos humanos têm a expressão artística como uma das primeiras expressões, como as pinturas rupestres em cavernas. 

A arte não pode ser considerada como algo reservado à elite, é necessário procurar meios para que ela se torne acessível.

Ana Amélia Ritt É preciso abrir espaços para que ela possa se manifestar e não tentar enquadrá-la em momentos específicos, se ela é boa ou não. A gente tem exemplos do grafite, arte de rua, teatro que são fantásticos também, que são formas de expressão

Ampliação de horizontes

Segundo Granada, tanto a arte como a cultura provocam sensações, trazem outras dimensões de sentimento, de beleza e de prazer. A professora Rosane Cardoso completa: "Para mim, a arte é como uma flor no asfalto: ela aparece nos espaços mais inusitados, mas é sempre fruto da criatividade e do desejo do ser humano de manifestar-se". Para ela, a arte expressa, manifesta e interroga. "Ela faz a gente sair do lugar-comum. No momento em que atrai os nossos olhos, ouvidos, sensibilidade, já está nos afetando definitivamente", explica. Uma música, um livro, uma fotografia ou um filme podem expandir nossos horizontes de sensibilidade e desenvolver um maior repertório de compreensão.

Esta matéria faz parte da 5ª edição da Revista Univates. Confira a versão digital aqui.

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