Muitas vezes considerados um lugar de tabu ou associados a significados negativos, os cemitérios também podem ser importantes fontes históricas e locais de pesquisa, como a diplomada do curso de História Gésica Favaretto abordou no seu trabalho de conclusão de curso (TCC). Intitulada “Primeiro cemitério municipal de Lajeado: inferências sobre a localização e perfil social dos sepultados entre 1916 e 1933”, a pesquisa teve como objetivo recuperar dados sobre um cemitério público que seria o primeiro de que se tem registro no município.
A ideia para o TCC surgiu quando Gésica realizou estágio no Arquivo Municipal de Lajeado. É lá que está o livro de registros do Cemitério Municipal de Lajeado, o único indício de que esse local existiu. “A partir da análise do livro, realizei pesquisa em diversos órgãos públicos e privados na busca de informações e de documentos legais que auxiliassem no encontro da possível localização geográfica do cemitério no município. Porém, além desse livro, há poucos registros sobre esse assunto”, explica ela.
Os cemitérios, assim como outras construções, são um importante patrimônio histórico, que ajudam a contar a história de uma localidade, de sua colonização, organização social e desenvolvimento, sendo a preservação e a restauração dessas construções de suma importância para a compreensão da história de cada povo pelas gerações futuras Gésica Favaretto
No livro de registros, a historiadora identificou o nome de 126 pessoas que teriam sido sepultadas no cemitério municipal durante o período de 1916 a 1933, sendo possível verificar o perfil dos falecidos. “Considerando as convenções sociais da época, é provável que os indivíduos ali sepultados não fossem sócios das instituições religiosas que administravam outros cemitérios existentes em Lajeado, pois para se ter acesso a esses cemitérios era necessário pertencer a uma instituição religiosa e contribuir financeiramente com ela. Assim, há uma alta probabilidade de os mortos serem das classes mais baixas da sociedade, já que suas famílias não teriam condições financeiras para sepultar e manter um sepulcro em cemitérios particulares”, analisa ela.
A diplomada acrescenta que quase a metade das mortes registradas foi de bebês de até 11 meses de idade. Em relação ao sexo, a maioria dos óbitos foi registrada em pessoas do sexo masculino. Já em relação à cor da pele, os registros apontam que 42% dos falecidos eram brancos. A principal causa de morte foi falta de assistência, seguida de morte natural, e o ano com maior registro de mortes foi 1917. Confira mais dados no final da matéria.
“Caso fosse confirmada a hipótese de o primeiro cemitério municipal ter sido construído onde hoje está localizada a Cohab do Bairro Moinhos, o crescimento populacional e a necessidade de casas populares que atendessem as pessoas que se deslocavam para Lajeado em busca de melhores condições de vida e empregos podem ter sido as causas do desaparecimento do cemitério”, reflete Gésica.
Fontes de pesquisa
Com a realização da pesquisa, a diplomada constatou dificuldades em encontrar fontes de pesquisa ou ter acesso a elas. “A relação das instituições com a documentação, sejam elas públicas ou privadas, na maioria das vezes não contempla a pesquisa histórica. Por não existir um procedimento padrão em relação à pesquisa e à documentação, fica-se à mercê da boa vontade das pessoas que ocupam cargos públicos ou desempenham funções ligadas aos acervos. O desconhecimento em relação aos cuidados de preservação e armazenamento dos documentos foi outro aspecto percebido durante as andanças pelos serviços públicos com os quais se fez contato durante na pesquisa”, avalia ela.
Opção no Vestibular de Inverno
Um dos cursos que recebe inscrições para as provas agendadas do Vestibular de Inverno da Univates é o de História. As inscrições podem ser realizadas em univates.br/vestibular até o dia 3 de agosto. Mais informações podem ser obtidas pelo 0800 7 07 08 09.
