Com o avanço da inteligência artificial, surge curiosidade e até medo ligados à substituição do trabalho humano por máquinas e robôs. Afinal, como é possível termos destaque diante de um serviço considerado mais rápido e rentável?
De forma geral, o mercado de trabalho já seleciona quem possui boa qualificação e se destaca entre os concorrentes. “O mercado quer os melhores. Ao sair da universidade, preciso de habilidades e competências ligadas ao meu curso e estar conectado com o que vem sendo feito na minha área”, afirma o diretor do Centro de Gestão Organizacional (CGO), Sandro Faleiro. O professor do curso de Administração também destaca a importância de o aluno e futuro profissional ter interesse em seu desenvolvimento pessoal, ter comprometimento e aprender de forma rápida. “Nesse último item a faculdade pode ser uma aliada, porque se eu já vi aquilo antes e tenho conhecimentos sobre o assunto, é muito mais fácil aprender e colocar em prática depois”, explica.

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Olhe para trás
Diferentemente das máquinas e robôs que decoram atividades pela repetição, nós, humanos, temos a vantagem de associar situações distintas pelas quais já passamos e resolver problemas que nunca foram vistos antes. Então, quanto mais vivenciarmos experiências diferentes, mais nosso cérebro procurará na memória formas de resolver problemas a partir de conexões imprevisíveis e até com ideias criativas.
Arte como aliada
Da mesma forma que momentos ampliam o famoso “jogo de cintura”, a arte também expande os conhecimentos e muda as convicções das pessoas. Assim, quanto mais tivermos contato com obras, locais e culturas, mais referências serão gravadas, o que posteriormente pode ser recordado e transformado em combinações úteis.

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Todo o contato permite que sejamos criativos e façamos associações importantes para a resolução de problemas ou até para a sugestão de boas ideias a empresas. Dessa forma, o foco do trabalho deixa de ser a “tarefa que a pessoa exerce” e passa a ser “as habilidades que ela traz para o próprio trabalho”, o que permite o destaque no mercado e, consequentemente, a diminuição do medo da substituição por robôs, por exemplo.
Dia a dia = experiência artística
A professora do Programa de Pós-Graduação em Ensino Angélica Munhoz cita o filósofo francês Michel Foucault ao se referir à estética da existência. Angélica destaca que a arte não é uma técnica ou um procedimento, mas uma forma de olhar para o mundo e de se permitir outras experimentações. Segundo a pesquisadora, a “vida enquanto obra de arte” permite uma experiência sensível, o que faz com que a pessoa se recrie a todo o momento. E é justamente tendo contato com situações diferentes e reparando em detalhes do dia a dia que essa visão sensível, de busca por criação e invenções, pode ser desenvolvida. “Com o olhar automatizado atual, não percebemos as coisas sensíveis. Já quando entendemos a nossa formação como uma arte de viver, temos que recriar sempre”, afirma
A prática na universidade
Viagens e saídas de campo são um diferencial que o curso pode oferecer ao estudante a fim de ampliar as visões e, consequentemente, incentivar a criatividade, independência e facilidade na resolução de situações. Cursos como o de Fotografia realizam saídas semestrais que aliam o conhecimento prático e teórico. “Todos somos fotógrafos em potencial, todos produzimos e publicamos fotografia, mas para um fotógrafo profissional não é só produzir, é produzir com um sentido. A profissão irá se destacar pela reflexão crítica”, explica Paula
Mas os robôs vão dominar tudo?
Para Faleiro, nos próximos anos é improvável que as atividades de um empreendimento sejam realizadas em sua totalidade por robôs, pois há um alto custo na automatização e determinadas funções exigem contato entre pessoas. “Os processos que dependem de atendimento pessoal dificilmente serão substituídos por completo, mas podem contar com o auxílio de máquinas. Já a montagem de materiais e produtos pode sim ser substituída, pois a máquina será programada e realizará a montagem”, exemplifica Faleiro. Por outro lado, o professor percebe que essa possibilidade incentiva os profissionais a inventarem formas novas de trabalhar, fugindo da mecanicidade.
Então fica a dica: se todos os dias você aceitar novos desafios e dedicar-se a conhecer algo novo - pode ser aquela série ou música sobre a qual seu amigo falou no fim de semana -, mais chances você terá de estar à frente dos robôs
Essa matéria faz parte da Revista Univates, nº 8. A versão digital pode ser conferida aqui.