Você conhece a planta jaracatiá ou mamãozinho-do-mato? Sabia que ela é nativa do Brasil e possui potencial para uso na área alimentícia e da saúde?
A pesquisa desenvolvida por Lilian, sob orientação da doutora Elisete Maria de Freitas, é vinculada ao Programa de Pós-Graduação em Biotecnologia (PPGBiotec) da Universidade do Vale do Taquari - Univates. Conforme Lilian, trata-se de uma pesquisa preliminar, que identifica a possível potencialidade da espécie, conhecida como mamãozinho-do-mato, para tratamento de câncer.
A pesquisa faz parte de uma série de investigações que estão sendo realizadas sobre as potencialidades da planta. Ainda não podemos afirmar que o mamãozinho-do-mato é um antitumoral, mas sim, que os resultados obtidos indicam que a planta possui compostos com potencial para serem explorados na busca de novos fármacos contra células cancerígenas. Este estudo preliminar mostra e serve de estímulo para que as pesquisas com a espécie tenham sequência Lilian da Silva, mestre em Biotecnologia
Os resultados e o próximo passo
Principais resultados se deram nas células de câncer uterino, tendo redução de mais de 75% das células cancerígenas após o período de 24 horas de incubação. Porém esses testes são realizados in vitro, por isso se tratam de resultados preliminares Líliam da Silva, mestre em Biotecnologia
Lilian afirma que sua pesquisa foi apenas o primeiro passo da investigação da potencialidade antitumoral do látex de mamãozinho-do-mato. Agora é necessário que outros pesquisadores, por meio de parcerias, deem sequência ao estudo. A professora orientadora da pesquisa e coordenadora do Laboratório de Botânica da Univates, doutora Elisete Maria de Freitas, reafirma o caráter preliminar do estudo e destaca que essas pesquisas são como um “pontapé inicial” e salienta que não se deve passar a utilizar partes da planta ou o seu látex para o tratamento do câncer.
“Por outro lado, precisamos passar a dar mais importância para as plantas que temos em nosso meio, em nossas florestas, pois elas podem ter várias utilidades. É preciso conhecer as espécies que compõem a biodiversidade regional e valorizá-las, para então explorá-las de forma sustentável”, comenta Elisete.
Estudos com plantas nativas
“Trabalhamos com bioprospecção de espécies vegetais nativas. Ou seja, investigamos possibilidades para a exploração econômica, e sustentável, de diferentes plantas nativas, tanto para a produção de alimentos como para aplicação na área da saúde, ou ainda para o futuro desenvolvimento, a partir de extratos e óleos de plantas, de bioherbicidas para o controle de plantas invasoras”, explica Elisete.
Os estudos realizados no Laboratório ocorrem em parceria com outras instituições e laboratórios e em conjunto com pesquisadores e alunos vinculados aos cursos de Ciências Biológicas e aos Programas de Pós-Graduação em Biotecnologia (PPGBiotec) e em Sistemas Ambientais Sustentáveis (PPGSAS). O Laboratório de Botânica também integra os laboratórios do Parque Científico e Tecnológico do Vale do Taquari, o Tecnovates.
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Pertencente à família Caricaceae e popularmente conhecida como mamãozinho-do-mato ou jacaratiá, a espécie é nativa do Brasil e ocorre desde o sul da Bahia até o Rio Grande do Sul, podendo ser encontrada também em regiões tropicais e subtropicais da América Central, América do Sul e África. Sua ocorrência é em bordas de matas e capoeiras. É considerada uma Planta Alimentícia Não Convencional (Panc), ou seja, plantas nativas com potencial para uso na alimentação.
“Conforme uso popular, a medula caulinar (centro do caule) ralada é utilizada em substituição ao coco no preparo de um doce, denominado doce-do-pau-ralado. Os frutos verdes, quando cozidos, podem substituir a batata-inglesa (Solanum tuberosum) em purês e saladas, enquanto os maduros podem substituir a abóbora (Cucurbita maxima) e as sementes maduras e secas podem ser utilizadas como pimenta-do-reino. A composição de seus frutos é rica em: amido, proteínas, lipídios, fibra alimentar, potássio e nitrogênio”, explica Lilian. Dentre as proteínas, destaca-se a papaína que o Brasil importa para uso na indústria farmacêutica e de alimentos.
