Dona de casa em Lajeado, com 57 anos, Leiani Eni Persch viu sua vida mudar com um olhar. Foi um olhar mais humano e integral para a paciente que a fez enxergar novas possibilidades de vida. Ela chegou ao Centro Clínico Univates em 2016, pouco depois do início das atividades do Ambulatório de Especialidades Médicas, após sofrer um derrame.
Na primeira consulta com o cardiologista, por meio do olhar integral da equipe de saúde foi possível perceber que a atenção que Leiani precisava ia além de cuidados médicos. “Tenho o coração grande e lento e foi preciso trocar a medicação”, lembra ela. Na ocasião, o cardiologista conduziu a paciente até a sala da assistente social e disse que ela precisava de uma escuta qualificada, pois a dona de casa tinha problemas de ordem emocional que estavam afetando sua saúde. Foi então que ela começou a frequentar a nutricionista mensalmente, a realizar exames de acompanhamento e a participar do grupo Vivendo e Convivendo.
Ela encontrou no artesanato muito mais que um passatempo, encontrou uma realização e um emprego. “Comecei a trabalhar fora em uma loja de artesanato de Santa Clara do Sul. Com isso me tornei mais autônoma e independente. Não me vejo sem participar do grupo do Centro Clínico. Se eu não venho, fico com saudades”, diz.
Ela tem três filhos e dois netos. A relação com eles também mudou. “Eu amo cozinhar, fazia almoço para todos e isso era pesado, pois era um compromisso. Com isso eu era uma chata. Agora cada um faz o seu almoço durante a semana e nos reunimos mais nos finais de semana. Meu humor mudou e aproveitamos para sorrir juntos. É muito gratificante e todos pegam junto”, relata. Agora, Leiani também consegue vislumbrar o futuro.

Nicole Morás Quero estar bem, diminuir o uso de medicamentos e realizar muitos sonhos. Fazer coisas que deixei de fazer e viver um pouco
Atendimento multidisciplinar
Assistente social do Centro Clínico Univates, Tânia explica que o olhar integral e o atendimento multidisciplinar visam a atender às demandas individuais dos pacientes, que são encaminhados pela equipe que realiza atendimentos. “Geralmente são pessoas que apresentam fragilidades ou algum tipo de vulnerabilidade social e que relatam outros problemas. Nosso trabalho também auxilia para que o paciente tenha adesão ao tratamento, seguindo as orientações da equipe”, esclarece.
Ela acrescenta que alguns problemas de saúde podem estar associados a falta de higiene, negligência familiar e problemas sociais. “É uma questão de saúde coletiva. Esse olhar resulta não apenas em um impacto positivo para o paciente, mas para toda a sociedade. Isso porque há restauração das relações familiares, dos vínculos, e um melhor convívio social”, defende Tânia.