Fintech é um termo que tem origem nas palavras financial e technology, que, no inglês, significam, respectivamente, “financeiro” e “tecnologia”. Uma fintech é, então, uma startup (empresa emergente) que associa tecnologia, inovação e oferta de soluções ao mercado financeiro. Esses foram conceitos muito comuns ao professor da Universidade do Vale do Taquari Gabriel Machado Braido durante a realização de seu doutorado, concluído recentemente pelo Programa de Pós-Graduação em Administração da Universidade do Vale do Rio dos Sinos (Unisinos).
A trajetória acadêmica do docente foi iniciada logo após a conclusão do bacharelado em Administração, na Univates, em 2009 - curso do qual atualmente é também coordenador. O mestrado, concluído pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (Ufrgs), em 2012, abriu as portas da área acadêmica para que o docente continuasse seus estudos e concluísse o doutorado uma década depois da graduação.

Bruna Lais Alves/Dipes
“No mestrado eu estudei a aplicação de modelos matemáticos como apoio ao processo decisório organizacional. A dissertação buscou propor um modelo para minimização dos custos de cadeias de suprimento globais. O doutorado teve outra temática, bem diferente da pesquisa do mestrado”, comenta o professor. “No mestrado eu foquei em estudos quantitativos, enquanto no doutorado tive a oportunidade de realizar uma pesquisa qualitativa, o que, na minha percepção, é algo extremamente positivo pois possibilita o contato e a aplicação das mais diversas técnicas de pesquisa.”
Braido credita à busca pela qualificação a principal motivação para ingressar no doutorado. “O doutorado possibilita a realização de pesquisas de alto nível e permite o desenvolvimento integral do pesquisador”.
Para ele, o título de doutor também representa a realização de um sonho, alcançado com muito planejamento e esforço. “Lembro que, em 2007, quando cursei a disciplina de Empreendedorismo do curso de Administração aqui da Univates, tivemos que definir o nosso sonho e planejar as etapas para alcançá-lo. O meu sonho, já em 2007, era chegar aonde cheguei hoje”, revela.
A tese
O professor trabalhou com fintechs de pagamentos móveis - dois assuntos que, na sua opinião, ainda são pouco conhecidos e difundidos no Brasil. “A fintech é uma empresa financeira, com forte base tecnológica (uma espécie de startup financeira) que oferece soluções que concorrem diretamente com grandes bancos e instituições financeiras no Brasil”. O objetivo do estudo, portanto, foi analisar as mudanças institucionais que precisam ocorrer no contexto brasileiro para que essas empresas possam ingressar e se desenvolver no país. “Os resultados comprovaram o poder que os grandes bancos exercem no contexto, seja na discussão e proposta de regulações ou na aquisição de fintechs emergentes, a partir do momento em que elas começam a crescer e ganhar mercado.”
A tese analisou, também, os aspectos individuais da população entrevistada para adoção de pagamentos móveis e demonstra que a infraestrutura de acesso à internet no Brasil ainda é o principal dificultador para adesão das pessoas aos pagamentos móveis, seguido por questões culturais - entre elas a resistência à utilização de um novo meio de pagamento e aspectos de segurança.
“Acredito que o mais relevante do processo tenha sido ter contato com essas empresas, poder entrevistar os empresários e conhecer as dificuldades enfrentadas na abertura de um novo negócio. Da mesma forma, destaco como positivas as soluções inovadoras desenvolvidas e propostas pelos gestores, que são verdadeiros empreendedores, capazes de identificar oportunidades de negócios onde a maioria das pessoas enxerga apenas dificuldades”, observa o docente.
Os resultados encontrados pelo professor a partir de seu estudo oferecem subsídios aos empreendedores que desejam ingressar no mercado financeiro brasileiro, além de sugerir direcionamentos aos órgãos reguladores e ao governo.
A banca examinadora da tese foi composta pelos professores doutores Norberto Hoppen, Diego Antônio Marconatto e Yeda Swinski de Souza, da Unisinos, e Eduardo Henrique Diniz, da Escola de Administração de Empresas de São Paulo (FGV/EAESP).
“O doutorado encerrou, mas a pesquisa continua”
Com material de trabalho coletado durante quatro anos, existem muitas possibilidades para trabalhar com novas abordagens e desenvolver ainda mais a pesquisa e, por consequência, o trabalho da área. “Os dados da tese estão sendo utilizados para a escrita de artigos, que é a principal forma de divulgação das pesquisas acadêmicas”. O professor permanece vinculado ao grupo de pesquisa e ao projeto de pesquisa da professora doutora Amarolinda Zanela Klein, sua orientadora do doutorado.