Tudo começa em 1964. Ou talvez ou pouco antes. Efervescente na comunidade regional, naquela época, crescia o desejo — e a necessidade — de qualificar profissionais no Vale do Taquari para benefício da região. Em um contexto histórico muito diferente do atual, os jovens aspirantes ao Ensino Superior em Lajeado e nas cidades do entorno se viam sem saída para cursar a faculdade senão procurar desenvolver suas aspirações em Porto Alegre ou em outros centros do Estado. O interesse de lideranças regionais na década de 1960 articulou a criação da Associação Pró-Ensino Universitário do Alto Taquari (Apeuat) e a busca de parcerias para a oferta de cursos superiores no Vale do Taquari, enfim uma realidade no ano de 1969.
Pouco mais de dez anos depois, em 2017, e tendo em vista as celebrações do cinquentenário, Silvana foi mais uma vez convidada a mergulhar na história da, agora, Universidade do Vale do Taquari para entregar, em 2019, duas diferentes obras. Uma delas, a expansão do livro “Lendo Memórias”, lançado na década passada, e o outro, um novo material, de perspectiva visual: o “Lendo Imagens”. Na tarefa, a pesquisadora trabalhou com os diplomados da Univates Paula Dresch dos Santos, historiadora, e Lucas George Wendt, jornalista.
A revisita ao Lendo Memórias
Entre os anos de 2007 e 2008 Silvana conduziu entrevistas e colheu relatos de diversos atores dos primeiros 40 anos de história da Univates, para produzir o relato oficial da Instituição sobre suas primeiras quatro décadas. Em 2018 ela e Paula se viram buscando ainda outras pessoas com o objetivo de descrever o cenário institucional e as suas transformações nos últimos dez anos — de 2009 a 2019. O novo texto foi acrescido à obra já lançada, também revisada e atualizada a partir dos fatos institucionais mais relevantes da última década.
Os registros foram analisados a partir do acervo do Centro de Memória, Documentação e Pesquisa da Univates (para os arquivos anteriores a 2002) e do Banco de Imagens Institucional (que reúne as imagens selecionadas de 2002 a 2018). A soma de todas as imagens analisadas é próxima a 180 mil, entre arquivos digitais e analógicos.
O escopo das imagens que compõem o “Lendo Imagens” é amplo. Algumas retratam momentos-chave para a Instituição; outras, fatos históricos para o Vale do Taquari e, ainda, outro grupo, momentos corriqueiros e o dia a dia institucional. O foco da pesquisa que culminou com a seleção do conteúdo imagético foi a busca pelas pessoas, entendidas como personagens, no mesmo sentido que o lugar é chamado de cenário pelos autores e o contexto social e cultural do Ensino Superior na região, bem como o fazer do dia a dia na Univates são tidos como o enredo institucional.
Os dois livros serão lançados oficialmente à comunidade regional em 2020. Ambos já circulam na comunidade acadêmica, tendo sido entregues ao público interno em evento alusivo ao Dia do Professor e do Técnico-Administrativo, em outubro de 2019.
Os números do Lendo Imagens
O material selecionado é proveniente de 14 diferentes acervos. Cerca de 30 diferentes conjuntos de imagens foram analisados. Em relação às autorias, 44 diferentes autores contribuem com fotografias, recortes da história da Univates tomados de 1964 a 2018.
Os desafios postos aos autores
Silvana Rossetti Faleiro destaca que, prontas as obras, o sentimento presente é de contentamento. “Os livros ficaram lindos e recheados de informações preciosas para o entendimento do processo de construção da Universidade do Vale do Taquari”. Uma das maiores obras da região tem a sua história mapeada, organizada textual e imageticamente, estando disponível para toda a comunidade. “Tenho muito orgulho de fazer parte da história desta Universidade. E, além disso, de ter a honra e o gigantesco compromisso de fazer uma narrativa de sua história no correr desses cinquenta anos. Orgulho que acompanha, também, a Paula e o Lucas”, enfatiza Silvana.
O que posso destacar durante a realização do projeto? O cuidado que se teve ou se buscou ter em apresentar esses 50 anos sob diferentes perspectivas”. Existe uma relação clara entre “Lendo Imagens” e o “Lendo Memórias”. “Uma obra completa a outra no sentido de que as duas contemplam, em linguagens diferentes, a mesma história Paula Dresch dos Santos
Em termos de produção foi um caminhar completamente diferente o processo de construção dos dois livros. “Como precisar o que de fato ocorreu naquele momento sem ter presenciado? Sem poder falar com as pessoas que fizeram parte daquele instante? No limite do possível — e do olhar dos autores —, buscou-se representar as pessoas sem as quais essa história não poderia se realizar, e tão pouco ser contada”, lembra Paula.
“O acervo iconográfico da Univates é muito amplo”, conta Paula, citando o fato como um dos grandes desafios. “Como selecionar 500 imagens em cerca de 180 mil?”, questiona Silvana.
“Gerar uma obra linda, plena de significados e que deixasse à mostra o legado iniciado na década de 1960 foi o nosso objetivo”, finaliza a doutora Silvana. “Missão dada, missão cumprida”, brinca.