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Projeto da Univates que ensina Língua Portuguesa a imigrantes prossegue com atividades em meio à pandemia

Por Lucas George Wendt

Postado em 06/11/2020 09:02:07


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O projeto de extensão “Vem pra cá!”, da Universidade do Vale do Taquari - Univates, oferece, desde 2014, aulas semanais e gratuitas de Língua Portuguesa como língua adicional para imigrantes, ministradas por bolsistas e voluntários em escolas da região. 

Mesmo durante a pandemia, o projeto seguiu com as atividades, com o objetivo de assistir aos imigrantes também neste período. Participam cerca de 80 pessoas que residem na região e que vieram de países como Haiti, Bangladesh, Marrocos, Guiné-Bissau, Paquistão e Egito. No último dia 4, um encontro presencial foi realizado com o objetivo de dar sequência às atividades do projeto.

“Essa experiência está sendo muito positiva. Os imigrantes aderiram à proposta de aulas on-line e começaram a interagir com os colegas e os professores voluntários, por meio do WhatsApp, usando o português”, explica a professora coordenadora do projeto Maristela Juchum. “Esse é um espaço importante para todos. Além de poderem praticar a língua portuguesa no contexto de pandemia, também foi uma maneira de acolher os imigrantes e de dizer que continuamos aqui”.  

Reflexos da pandemia

De abril até agosto foram disponibilizadas atividades de forma virtual pelo WhatsApp, em um grupo criado pela organização do projeto. A partir de setembro a metodologia de ensino mudou. Atualmente os participantes estão sendo chamados ao Colégio Estadual Presidente Castelo Branco, em Lajeado, para retirarem cadernos com unidades didáticas.

Os materiais didáticos são produzidos pelos voluntários. “É um material autêntico, que dá ênfase ao uso da língua para o ensino de Português como língua adicional. Baseados na concepção interacionista de linguagem, entendemos que o ensino do idioma Português deva se dar por meio de situações reais de uso da língua”, revela a professora. Isso quer dizer que a abordagem didática privilegia as temáticas do cotidiano dos participantes: seus direitos, a cidadania em outro país, questões relativas à saúde e ao trabalho. 

Rede de apoio 

Outro problema que a região viveu e que teve impacto na vida das pessoas que integram o grupo, além da pandemia, foram as cheias na metade deste ano. Este foi um momento em que o “Vem pra cá!” também atuou. “Os imigrantes que residem aqui precisam muito aprender a Língua Portuguesa para que consigam se inserir na sociedade e dar conta de demandas pessoais como, por exemplo, se relacionar socialmente e procurar emprego”. Muito antes de um espaço que serve para o aprendizado do idioma o “Vem pra cá!” representa uma rede de apoio e inserção social dos imigrantes na comunidade regional.

Interculturalidade 

“Para todos os que participam é uma oportunidade de trocas ímpar”, diz a professora. Ela defende que a perspectiva é válida tanto para os voluntários quanto para os imigrantes. “Muitos falam mais de um idioma e nos ensinam sobre as culturas de origem”. Nesse sentido, a sala de aula, seja ela presencial ou virtual, se constitui um espaço compartilhado por todos. A interculturalidade tem grande força neste contexto, com os imigrantes e os voluntários ensinando e aprendendo ao mesmo tempo.  No encontro do último dia 4 estiveram presentes 8 imigrantes.

Fluxos migratórios contemporâneos 

Para a professora Maristela se faz necessário que as autoridades públicas, em conjunto com a Universidade, comecem a pautar e refletir sobre as consequências do fluxo migratório a longo prazo. Políticas linguísticas, por exemplo, lembra a docente, devem ser pensadas para que as escolas possam atender crianças descendentes de imigrantes que residem no entorno. 

Conforme dados do Núcleo de Estudos de População "Elza Berquó" (Nepo) da Universidade de Campinas (Unicamp), os fluxos migratórios contemporâneos são diferentes daqueles que o mundo viu acontecer nos séculos XIX e XX, com forte prevalência das migrações ocorrendo no sentido Sul-Sul, ou seja, quando indivíduos deixam seu lugar de origem, situado no Hemisfério Sul, procurando países situados também nesta faixa do globo. 

É o que ocorre no Brasil, que recebe imigrantes oriundos de países da África, Ásia e região do Caribe; e o que se verifica no Vale do Taquari. Outra característica dos movimentos migratórios humanos do século XXI é a interiorização das migrações, quando os sujeitos que migram se instalam em regiões no interior dos lugares de destino. 

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