A forma de produção dos alimentos influencia na sua qualidade e, consequentemente, na nossa saúde, além de causar impactos ambientais, sociais e culturais. Um dos impactos causados pelo sistema de produção agrícola convencional é a formação de extensas áreas de terras degradadas, que se tornam improdutivas, o que exige a aplicação cada vez maior de fertilizantes e agroquímicos e aumenta o custo de produção. Há diferentes formas de fazer agricultura; buscar alternativas mais sustentáveis é essencial.
Segundo Silva et al. (2012), a presença de árvores em sistemas agrícolas auxilia no controle da erosão e fornece aporte contínuo de matéria orgânica ao solo. As práticas utilizadas nos sistemas agroflorestais são favoráveis à recuperação de áreas degradadas e manutenção dos agroecossistemas. O uso de cobertura vegetal enriquece o solo com matéria orgânica, possibilitando o aumento da atividade microbiana, que atua na ciclagem de nutrientes, disponibilizando às plantas os nutrientes necessários ao seu desenvolvimento. A diversidade de espécies em uma mesma área favorece a redução de pragas e doenças.
Com o sombreamento das árvores, em um SAF mais desenvolvido, a temperatura fica mais baixa, proporcionando um ambiente de trabalho mais ameno aos agricultores. Outro benefício dos SAF é que podem ser implantados em áreas de Reserva Legal (RL) e até em Áreas de Preservação Permanente (APP), em propriedades de base comunitária e familiar, desde que não descaracterizem a área de implantação, conforme previsto na Lei no 12.651/2012 (BRASIL, 2012).
É importante refletirmos sobre como nos relacionamos com a natureza. Não se trata somente de preservar as florestas, mas das nossas escolhas diárias, quais produtos consumimos e os impactos causados por eles, em especial a forma de produção dos alimentos. É preciso ter visão sistêmica e buscar soluções mais equilibradas de produção, que são imprescindíveis para nossa qualidade de vida. A adoção dos sistemas agroflorestais diversos, baseados na cobertura vegetal nativa da região onde são inseridos, possibilita a produção de alimentos enquanto preserva os recursos naturais. Assim, devem ser amplamente divulgados como uma alternativa sustentável de produção de alimentos e seu uso incentivado na recuperação de áreas degradadas.
