Uma turma de estudantes dos cursos de licenciatura da Universidade do Vale do Taquari - Univates está desenvolvendo ações de extensão no componente curricular Vivências em Território. Os cursos de Licenciatura presenciais integram a nova proposta curricular da Universidade, o Aula+, que tem caráter intervencionista e prático, ou seja, com essa nova metodologia os estudantes se inserem em atividades e desenvolvem ações ao longo da formação de maneira mais intensa - e não apenas nos estágios finais da formação.
Cidades no Vale do Taquari, Vale do Rio Pardo e Serra estão recebendo atividades. São elas Lajeado, Imigrante, Encantado, Roca Sales, Arroio do Meio, Venâncio Aires, Paverama, Anta Gorda e Boa Vista do Sul. São 19 entidades e 40 estudantes envolvidos. Mais de 200 pessoas são envolvidas nas ações da disciplina.
As atividades são diversas e integram um componente curricular que tem o caráter extensionista, ou seja, se propõe a estabelecer a relação entre a universidade e a comunidade. Nas iniciativas que estão sendo desempenhadas pelos estudantes estão contemplados diferentes públicos: crianças em fase de alfabetização, adolescentes, adultos e idosos.
“Eu começo propondo que os estudantes olhem para o seu território”, explica a docente Grasiela Kieling Bublitz, responsável pelo componente, “e vejam se é possível contribuir para esse território a partir dos conhecimentos obtidos na universidade”. Para a docente, a extensão oferece uma ideia de retroalimentação no ciclo de formação do estudante. “Eu investigo em sala de aula, vou para a comunidade, vejo como posso contribuir e aprendo com esse processo. No caso da nossa disciplina, são ações em territórios diferentes, com propostas diferentes.”
Conheça, por município, as entidades que estão recebendo atividades
Imigrante
Escola Estadual de Ensino Médio (EEEM) 25 de Maio
Encantado
Lar de Idosos Raio de Sol
Associação Pró-menor de Encantado - AME
Roca Sales
Escola Municipal de Educação Infantil (EMEI) Cantinho da Amizade
Escolas Municipais de Ensino Fundamental
Arroio do Meio
Escola Municipal Ensino Fundamental (EMEF) Itororó
Venâncio Aires
ONG Parceiros da Esperança - Paresp
Paverama
Escola Municipal de Ensino Fundamental (EMEF) Dom Pedro I
Escolinha de Futebol Fênix
Anta Gorda
Escolas Municipais de Ensino Fundamental
Boa Vista do Sul
Escola Estadual de Ensino Médio (EEEM) Marcelino Champagnat
O grupo é constituído por mais duas colegas do curso de Letras: Bruna Scheeren e Natália Scherer. “Nesse projeto, trabalhamos com o gênero biografia e podcast, falando sobre grandes personalidades femininas brasileiras e sua importância na luta das mulheres. A partir desse conhecimento, o objetivo final do projeto é desenvolver um podcast com participação das detentas, em que elas possam falar de si e suas histórias”.
Para o jovem, o mais positivo é aprender com o contato direto com as mulheres privadas de liberdade do presídio de Lajeado conforme foram realizando as atividades. “Principalmente por ver a importância que elas deram às nossas ações que tinham como um dos principais objetivos desenvolver o empoderamento e o autoconhecimento delas”.
As atividades são realizadas pelos estudantes, com acompanhamento da equipe do Presídio, no pátio. “A atenção e participação foi maior do que esperávamos, e acreditamos que o tempo que o projeto Marias ficou sem atuar no espaço durante a pandemia mostrou para elas a importância dessas atividades quando se está privada de liberdade”, comenta Dell'Osbel.
“Quando optamos por atuar no presídio, um dos meus argumentos foi justamente de ser um dos poucos locais em que eu ainda não havia atuado ao longo da minha formação e eu tinha muita vontade de trabalhar. Então, além da experiência de conhecer o lugar de maneira educativa, a oportunidade de conversar com essas mulheres e poder conhecer as histórias delas é um ganho imensurável na minha formação acadêmica e pessoal”, finaliza o estudante.
O grupo de Mirna optou por trabalhar com um lar de idosos para expandir as fronteiras da formação em Pedagogia. No espaço, estão realizando dinâmicas e intervenções. “É muito gratificante receber um retorno positivo do público com quem estamos tendo contato neste momento, ainda mais quando se trata de um público com pessoas com idades variadas e que não tiveram essas vivências ao longo da vida”. Ela aconselha os próximos estudantes do componente curricular: “Quero que os próximos acadêmicos aproveitem ao máximo. É vivência, experiência, aconchego e muito carinho que acontece nos espaços que realizamos as intervenções. E, sem dúvida, este é um momento que está fazendo parte da minha trajetória acadêmica e que nunca poderá ser apagado da memória”, complementa.
“O público-alvo escolhido - majoritariamente estudantes de primeiro e segundo anos do Ensino Fundamental - deu-se devido ao fato de serem alunos desamparados durante a pandemia de covid-19, e terem sido prejudicados no desenvolvimento da leitura e escrita”, relata a estudante. O mais positivo dessa experiência é poder colocar em prática, de forma dinâmica, todo o conteúdo estudado na graduação, especialmente poder atuar e auxiliar no processo de mudança na cidade em que vivo”.
Para a estudante, o retorno das crianças é um dos destaques do trabalho desenvolvido. “Elas nos enchem de carinho, abraços e sorrisos que aquecem o coração. Além disso, compartilham histórias de vida que inspiram e fazem todo o esforço e trabalho valer a pena. É lindo, também, perceber a evolução, o interesse e a alegria dos alunos em realizar as atividades propostas.”
Na opinião de Eduarda, as atividades de atuação em sociedade propostas pela Univates são importantes por agregarem experiências que transcendem a sala de aula e os componentes curriculares. “Tendo a oportunidade de exercer esse trabalho voluntário, passo a valorizar e enxergar instituições e sujeitos que carecem de atenção, ajuda e cuidado”.
O projeto é um circuito de criação de histórias que se chama "Letrando mundos". As ações ocorreram no espaço infantil da Biblioteca Pública Municipal de Lajeado e contaram com a participação dos alunos que frequentam a Slan no turno da tarde. Ao longo das oficinas, os estudantes conheceram a vilã Baburu, a borbulhenta, e, a partir disso, criaram heróis, universos, ilustrações e histórias capazes de derrotá-la. Suas produções serão transformadas futuramente em um livro que será disponibilizado na Biblioteca e na Slan.
O objetivo do grupo com o projeto é promover um espaço em que os alunos possam se empenhar ao máximo e exercitar sua criatividade após terem passado por momentos delicados e de distanciamento durante a pandemia. “Em cada encontro percebemos o quanto esses momentos estavam sendo importantes para essas crianças e o quanto o seu protagonismo é essencial para que qualquer prática possa acontecer”, observa Sofia.
“O que mais nos surpreendeu foi o envolvimento dos alunos. Nosso projeto dependia inteiramente de sua participação, e, antes de iniciar, receávamos que pudesse não dar certo. Mas os estudantes aderiram rapidamente às propostas e transformaram uma simples ideia em algo concreto e maravilhoso”, comemora a jovem.
“Me formei! E agora?”, em Imigrante
A estudante Kauane Haberkamp, do curso de Letras, está atuando com a colega Rafaela Carminatti, do curso de Pedagogia, em uma iniciativa em Imigrante. A intervenção delas é na Escola Estadual de Ensino Médio (EEEM) 25 de Maio, com jovens que, logo, poderão realizar escolhas profissionais para ingressarem no Ensino Superior ou Ensino Técnico. É uma forma de ampliar as possibilidades dos jovens.
Para Kauane, o mais positivo é conseguir atuar em um território que, de alguma forma, tem uma necessidade com a qual os estudantes da Univates podem contribuir. “Me surpreendi com a adesão da escola e a necessidade do projeto em outros contextos além deste que escolhemos”, relata Kauane. “Experiências como esta nos formam como profissionais. Participar está sendo muito legal. A ideia de fazer um componente curricular sobre extensão foi muito bacana. Colecionar experiências docentes e voluntárias é um diferencial num curso de graduação”, complementa ela.
