Confira a entrevista com a pesquisadora realizada pela Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes) e publicada no site da entidade na quarta-feira, 26. O trabalho de Cibele recebeu destaque no quadro “Bolsista em destaque”.
O grupo de pesquisa do qual eu faço parte está consolidado sobre o estudo de plantas fósseis – Paleobotânica –, principalmente sobre o macro-charcoal (carvão vegetal fóssil), oriundo da queima incompleta de plantas, que é um indicativo direto da ocorrência de incêndios vegetacionais ao longo da história da Terra. O registro de macro-charcoal é encontrado em diferentes estratos sedimentares que datam do período logo após o surgimento das plantas terrestres, há cerca de 419 milhões de anos.
Capes - Como as plantas podem retratar eventos históricos?
Cibele - As plantas são extremamente sensíveis às mudanças climáticas, e essas alterações ambientais ficam registradas na sua anatomia. Além disso, o expelir de resina está fortemente relacionado a intervenções físicas de animais, estresses ambientais e fogo. A queima incompleta das plantas mantém as feições anatômicas e morfológicas preservadas, sendo, portanto, um objeto de grande importância na Paleobotânica. O estudo desses carvões, associado a outros tipos de análises, traz informações importantes sobre o ambiente, o ecossistema e o clima de onde essas plantas viviam, além de suas interações ecológicas. Isso possibilita construir um cenário mais próximo ao que era no passado. Assim, investigações sobre diferentes estruturas presentes no macro-charcoal e a interação desses dados com outras áreas da Paleobotânica e da Paleontologia possibilitam uma melhor compreensão de eventos como os incêndios de vegetação, os quais, sabemos hoje, estão fortemente associados às mudanças climáticas e podem levar a extremos climáticos de grandes dimensões.
Assim, divulgar esses dados permite à população compreender e perceber que é preciso ter consciência ambiental muito grande, a fim de desacelerar as mudanças climáticas, evitando grandes catástrofes ambientais em curto prazo.
Capes - Qual a importância do apoio da Capes para o desenvolvimento do seu projeto?
Cibele - Eu recebi bolsa do Programa de Suporte à Pós-Graduação de Instituições Comunitárias de Educação Superior (Prosuc) durante o mestrado. Com certeza, ter o apoio da Capes foi de fundamental importância para o projeto ser desenvolvido e concretizado, gerando bons resultados. As parcerias internacionais que são construídas durante o desenvolvimento do projeto, por meio da divulgação dos trabalhos e da oportunidade de participação em congressos, possibilitam a difusão do conhecimento e a troca de experiências entre pesquisadores, além do crescimento pessoal e profissional.
