Um dos projetos de extensão da Universidade do Vale do Taquari - Univates é o Arqueólogo por um dia: ações de educação patrimonial, que, desde a sua origem no início dos anos 2000, desenvolve ações educativas nas escolas do Vale do Taquari e do entorno. As oficinas oferecidas abordam temas transversais, como patrimônio, cultura, ambiente e história regional.
Durante o ano de 2021, em razão da pandemia, as atividades foram realizadas em duas modalidades. Na primeira, desenvolveram-se as atividades com as adaptações realizadas em 2020, ou seja, as oficinas foram realizadas virtualmente, utilizando ferramentas digitais de dinamização das atividades. Com o retorno à presencialidade nas instituições de ensino, as oficinas voltaram a acontecer presencialmente. Em 2021 as ações foram realizadas com 14 turmas, contemplando aproximadamente 200 estudantes de diferentes escolas. Além da região do Vale do Taquari, o projeto esteve pela primeira vez em Fontoura Xavier, município que pertence à região do Alto da Serra do Botucaraí.
O projeto é direcionado a estudantes dos anos finais do Ensino Fundamental e do Ensino Médio das escolas públicas e privadas. Atende prioritariamente a comunidade regional, a partir da interlocução com professores parceiros, que, ano após ano, incluem as oficinas desenvolvidas no projeto como complemento nas abordagens de suas aulas.
A equipe
A equipe do projeto de extensão “Arqueólogo por um dia: ações de educação patrimonial” é composta pela professora e coordenadora Neli Teresinha Galarce Machado, pelo professor Sérgio Nunes Lopes e pela coordenadora do Centro de Memória, Documentação e Pesquisa da Univates (CMDPU), Patrícia Schneider. Os bolsistas integrantes são os estudantes do curso de História Andressa da Rosa Souza e Rodrigo Antoniazzi Finkler. São também integrantes do projeto estudantes e funcionários voluntários da Univates, além de seis professores voluntários das escolas de Educação Básica da região do Vale do Taquari.
Os pesquisadores, como mestrandos e doutorandos, ligados ao Laboratório de Arqueologia (Labarq) participam das discussões enriquecendo o aporte teórico para qualificar o que é didaticamente pensado para as oficinas.
Como são as oficinas?
As ações do projeto abordam temas transversais, como patrimônio, cultura, ambiente e história regional, e são pedagogicamente organizadas em etapas no formato de oficinas.
A oficina dialogada consiste em apresentar as conexões entre o que é a centralidade do projeto e a matriz curricular trabalhada pelos professores parceiros nas escolas. Também nesta oficina são apresentadas algumas pesquisas realizadas na região do Vale do Taquari pelo Labarq da Univates. Outra abordagem diz respeito à desmistificação do trabalho do arqueólogo e às competências da Arqueologia. Essa oficina é sucedida pelas oficinas práticas a serem efetivadas em outra oportunidade. Nas oficinas os estudantes experienciam o que foi tratado na oficina teórica.
As práticas envolvem a confecção de vasilhas cerâmicas com o uso dos métodos estudados na literatura arqueológica como tendo sido as técnicas das quais lançavam mão os grupos humanos estabelecidos na região em temporalidades que superam em muitos séculos o período da colonização e até concomitantemente a ele. Já durante a segunda etapa da oficina os estudantes realizam a simulação de escavação em um sítio arqueológico organizado pelos bolsistas em local previamente determinado pelo professor parceiro e com a ciência da escola.
Antes de efetivamente simularem a escavação, os estudantes vivenciam as etapas que a precedem, como a observação do ambiente e caminhada pela área. Em seguida, os estudantes demarcam as quadrículas e, por fim, utilizam as técnicas de escavação aprendidas na oficina teórica, a fim de encontrar fragmentos de cerâmica (não arqueológica) previamente enterrados pela equipe do projeto.
A simulação das atividades de laboratório em Arqueologia é realizada mediante a montagem das vasilhas, que são reconstituídas a partir dos fragmentos evidenciados. Essa etapa se dá em sala de aula ou em área adequada para isso perto do sítio arqueológico simulado.
“A partir desse diálogo vêm à tona reflexões sobre a responsabilidade social e ambiental no sentido de estabelecer uma política de bem viver nos espaços a partir da perspectiva de que se vive em relação o tempo todo. Convencionando formas de viver da perspectiva social, sempre atentando para as questões sociais e ambientais”, complementa.
Tendo em vista as quase duas décadas de trabalho do projeto nas redes pública e privada de ensino da região, diversas são as contribuições do projeto de extensão “Arqueólogo por um dia” para a educação no Vale do Taquari. No âmbito do contato interinstitucional, espera-se contribuir com o professor para a reflexão sobre temas fundamentais no que diz respeito à educação patrimonial, com ênfase no estabelecimento de vínculos entre os sujeitos e seus espaços.
No que concerne à formação acadêmica dos estudantes da Univates, o projeto é uma das formas de oportunizar a curricularização da extensão, uma vez que, além dos bolsistas, estudantes voluntários podem participar das atividades, qualificando a sua formação.
Da perspectiva dos impactos sociais, os temas tratados na oficina teórica e vivenciados nas oficinas práticas incentivam a responsabilidade social e ambiental das crianças e jovens a partir da abordagem aos patrimônios locais.
Do ponto de vista da construção do conhecimento, os pesquisadores percebem um processo de retroalimentação que se torna, também, fonte para o desenvolvimento das pesquisas arqueológicas e históricas realizadas no Laboratório de Arqueologia da Univates.
