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Cultura

Centro Cultural Univates: 10 anos de eventos, conhecimento, arte e cultura no Vale do Taquari

Por Lucas George Wendt

Postado em 24/07/2024 12:16:10


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Uma referência cultural e arquitetônica para o Vale do Taquari completou 10 anos no dia 3 de maio de 2024. O Centro Cultural Univates, inaugurado em 2014, desde o momento em que abriu as portas oficialmente com o show inaugural de Gilberto Gil e da Orquestra Sinfônica de Porto Alegre (Ospa), estabeleceu a posição do Vale do Taquari no circuito cultural nacional. 

As obras iniciaram em 2012. Foram mais de 26 meses (cerca de 2 anos) e aproximadamente 450 pessoas envolvidas para colocar de pé a edificação com cerca de 10 mil metros quadrados que abriga a Biblioteca Univates e o Teatro Univates. O investimento no complexo cultural foi de cerca de R$ 40 milhões. 

O projeto arquitetônico, proposto pelo escritório Tartan Arquitetura e Urbanismo, consiste no cruzamento de dois eixos conceituais que representam a passagem do tempo e a comunidade berço da Instituição, trazendo o conceito de livros abertos em direção ao céu. O Centro Cultural é considerado uma das obras de arquitetura mais importantes do Brasil, segundo a publicação especializada ArchDaily. 

Além disso, situado mais ou menos no meio geográfico do campus da Univates, que é uma faixa que atravessa diferentes bairros de Lajeado, o Centro Cultural passou a ser o ponto de união entre um segmento do campus já consolidado e com grande circulação de alunos ‒ entre os Prédios 1 e 12 ‒ e uma nova área de ocupação ‒ abaixo da avenida Alberto Müller ‒, que se intensificou desde então.

As inaugurações

A inauguração do Centro Cultural Univates para a comunidade do Vale foi precedida por um evento-teste em 15 de abril de 2014. Oficialmente, o local foi inaugurado no dia 3 de maio, com show de Gilberto Gil e da Ospa (com dezenas de músicos). O Teatro Univates, com capacidade para mais de 1,1 mil pessoas, é um dos maiores do Rio Grande do Sul. Repleta de depoimentos de autoridades ‒ institucionais, locais e regionais ‒, aquela noite foi finalizada com o lançamento da Cápsula do Tempo, instalada no saguão da Biblioteca, que deverá ser aberta em 2039, ano em que serão comemorados os 70 anos de Ensino Superior no Vale do Taquari. 

Na cápsula foram guardados o encarte da inauguração; livros; fotos; depoimentos do reitor da época, professor Ney José Lazzari, e do então presidente da Fundação Vale do Taquari de Educação e Desenvolvimento Social (Fuvates), atual Fundação Univates, professor Carlos Cândido da Silva Cyrne; além de depoimentos de alunos, professores e pessoas da comunidade que participaram do show de inauguração. 

Para comemorar a inauguração do Centro Cultural Univates, uma das atividades que compuseram a extensa programação foi a exposição “As Máquinas de Leonardo Da Vinci”, com a curadoria da Associação Cultural Italian Art. Estiveram expostas, no hall da Biblioteca e nos foyers do Teatro, cerca de 60 máquinas fielmente reproduzidas dos desenhos de Leonardo Da Vinci, uma das figuras mais importantes do Alto Renascimento. Cerca de 5 mil pessoas visitaram a exposição. 

Entre os eventos da inauguração, anunciados em uma coletiva de imprensa em 6 de março de 2014, também estiveram as peças teatrais “Homens de Perto 2” e “Os Melhores do Mundo”; palestra com o teólogo e escritor Leonardo Boff; espetáculo de ballet Giselle, da Escola do Teatro Bolshoi no Brasil; o Teatro Mágico; e uma apresentação do Grupo Tholl com Kleiton & Kledir. A Univates investiu aproximadamente R$ 900 mil na promoção desses eventos. 

Três meses se passaram e os últimos detalhes foram finalizados para que, em 4 de agosto, a Biblioteca Univates reabrisse suas portas para a comunidade em seu novo espaço. Para sua abertura, foi realizada uma cerimônia para professores e gestores da Univates, além de autoridades locais.  

Todos os ambientes da Biblioteca foram planejados para ampliar o conceito de Biblioteca Universitária, disponibilizando um espaço dinâmico, integrado e tecnológico, onde os estudantes e a comunidade pudessem não apenas buscar por conteúdo qualificado, mas também por conforto e aconchego para produção de conhecimento. 

A mudança para o novo espaço foi realizada em duas semanas, contando com o trabalho de uma empresa especializada em mudanças e da própria equipe de funcionários da Biblioteca. Além de apresentar uma proposta diferente de acervo (dividido por áreas do conhecimento, estabelecidas pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico ‒ CNPq) e espaços acolhedores, a Biblioteca incorporou a tecnologia de identificação por radiofrequência (RFID) para a automação de processos de atendimento e gerenciamento do acervo físico, possibilitando aos atendentes a qualificação do atendimento na recuperação de informações relevantes aos usuários, enquanto processos mais básicos, como empréstimos e devoluções, passaram a ser realizados pelos próprios usuários, dando-lhes mais autonomia. A tecnologia RFID permitiu a rastreabilidade dos materiais do acervo, possibilitando aos usuários utilizar os ambientes com mais conforto, sem a necessidade de deixar mochilas e bolsas na entrada da Biblioteca, como é costumeiro em outras bibliotecas.

Dispondo de todas essas características, a Biblioteca da Univates foi e ainda é considerada uma das bibliotecas mais modernas e tecnológicas do Brasil.

A marca

Divulgação

A marca do Centro Cultural Univates foi inspirada e produzida a partir da simplificação das silhuetas das edificações da Biblioteca e do Teatro, somadas a um elemento integrador. As cores escolhidas foram laranja-escuro para a Biblioteca, marrom-avermelhado para o Teatro e laranja-claro para a área de intersecção, que traz unidade ao conjunto.

Tanto a Biblioteca quanto o Teatro contam com assinaturas de marcas complementares personalizadas, ou seja, logos específicos para cada um. Estes são compostos pelo mesmo símbolo do Centro Cultural Univates, mas alterando a escrita e a forma de preenchimento do símbolo.

A estrutura

No Teatro, a estrutura moderna permite a realização de todos os tipos de espetáculo. Os projetos cênico, de iluminação e de sonorização do local foram elaborados por uma empresa de São Paulo, responsável pela produção cenotécnica dos maiores e mais renomados teatros do País. O projeto de climatização foi desenvolvido por uma empresa conceituada do RS. Além disso, o espaço conta com camarins individuais e coletivos, coxias, quartelada, urdimentos, varandas de manobra, passarelas de iluminação técnica e doca seca – estrutura presente em poucos teatros do Brasil.

Entre os destaques está a estrutura do palco, com boca de cena de 17 metros de largura e 8 metros de altura. O projeto é comparado a grandes teatros do Rio Grande do Sul e do Brasil, sendo preparado para receber espetáculos musicais e de dança. A estrutura conta, ainda, com telão de cinema para exibição de filmes e para realização de congressos e convenções. 

Já o prédio da Biblioteca tem área total de 6.328,53 m², abrigando em seus cinco pavimentos: saguão; atelier/sala Aula+; recepção/informações; copa; guarda-volumes; atendimento presencial; setor administrativo; sala Aula+/Crie TI; três andares de acervo; área de pesquisa ao acervo, às bases de dados e mídias; áreas de autoempréstimo e autodevolução; salas de estudo em grupo e individual; lounges e área para autoatendimento em reprografia. Além disso, dispõe de acessibilidade por meio de rampa de acesso externo, portas automáticas, piso tátil, mapa tátil, catraca para pessoas com deficiência (PCDs), sinalização dos ambientes em braile, escada rolante, elevador com sinalização sonora/braile, sanitários para PCDs, scanner com voz, bebedouros e mobiliários adaptados. O prédio é ecoeficiente, utilizando sistemas automatizados que possibilitam a economia de água e de energia.

O nome

“Centro Cultural Univates” foi uma proposta da hoje diplomada do curso de Administração de Empresas Kasiana Vittorazzi, de Progresso, escolhida por meio de concurso que contou com a participação de alunos dos cursos de graduação, técnicos e sequenciais, professores e funcionários. “Quem convive comigo sabe quantas vezes já contei esta história”, diz Kasiana. “Já estive várias vezes no local… Formaturas de familiares e amigos, shows, palestras, entre outros. Foi uma ideia simples, mas com muito significado para mim. Estou muito orgulhosa de fazer parte da história deste deslumbrante projeto arquitetônico. Fazer parte de uma marca, que é reconhecida nacional e internacionalmente, é muito gratificante, pois consegui deixar minha contribuição para a Instituição”. 

Um legado de arte, cultura e conhecimento

O presidente da Fundação Univates, professor Ney José Lazzari, explica que “sempre que se pensou no plano diretor do campus da Universidade de Lajeado e, mais tarde, da Universidade do Vale do Taquari, foi com a ideia de disponibilizar amplos espaços livres para estudo, lazer e convivência para quem permanece o dia todo na universidade. Assim, à medida que a Instituição foi crescendo, se consolidando e agregando novas áreas do conhecimento, com mais cursos e mais alunos, todas essas possibilidades saíram do papel e ganharam vida no campus”.

“Nos projetos de expansão e consolidação do campus, o prédio da Biblioteca sempre teve uma atenção especial. A primeira biblioteca, numa sala mais ampla no primeiro piso do Prédio 1, funcionou até o final dos anos 1990, quando foi substituída por um prédio específico e desenhado para ser uma biblioteca no atual Prédio 2. À medida que as discussões e os esboços de projetos foram sendo elaborados, resolveu-se juntar a ideia de uma nova biblioteca interligada fisicamente com um teatro moderno e qualificado, tão necessário para a Universidade, para Lajeado e para o Vale do Taquari”, lembra Lazzari. 

“Assim nasce o Centro Cultural Univates: um espaço para a guarda de informações e conhecimentos e, ao mesmo tempo, para a transferência e a divulgação desses mesmos conhecimentos, para o lazer, para a cultura diletante e para a convivência humana. É nesse espaço que a região sente, dança, canta, ri, chora, aprende, ensina, empossa, odeia, ama, aplaude, vaia, abraça, palpita… Enfim, é nesse espaço nobre que a região se reconhece, alimenta sua autoestima, se orgulha da sua universidade e de ser Vale do Taquari”. 

A reitora da Univates, professora Evania Schneider, diz que “desde sua inauguração há uma década, o Centro Cultural Univates tem sido um catalisador para o desenvolvimento artístico e cultural na região do Vale do Taquari, tornando-se um ponto de encontro para artistas locais e nacionais, promovendo intercâmbios culturais, eventos diversos e enriquecendo a vida da comunidade regional e da comunidade universitária”. 

Para Evania, “o show inaugural em 2014 foi uma celebração da cultura brasileira e um testemunho do compromisso da Univates de proporcionar experiências artísticas de qualidade para a comunidade – o que orienta o trabalho da Universidade desde então. Ao longo dos últimos 10 anos, o Centro Cultural Univates tem se mantido relevante por meio de uma programação diversificada e uma abordagem inclusiva para engajar a comunidade. No palco, sonhos são realizados, conexões são promovidas, o riso e a reflexão são estimulados. Que sigamos assim. Vida longa ao Centro Cultural Univates!”

Centro Cultural: os últimos dez anos em números

Tuane Eggers

Entre palestras acadêmicas, solenidades de formatura, shows, espetáculos e eventos corporativos, o Teatro Univates sediou mais de 800 atividades desde sua abertura, com público estimado de 500 mil pessoas. O local já recebeu artistas e autoridades políticas nacionais e internacionais.

Biblioteca

Desde a inauguração, a Biblioteca Univates já recebeu 588.193 acessos à sua estrutura física (sem considerar os acessos de funcionários da Instituição), sendo que 77.372 correspondem aos visitantes, pessoas da comunidade e de outras localidades que vieram conhecer a estrutura. 

De agosto de 2014 a maio de 2024 foram realizados 1.560.659 empréstimos de materiais diversos, principalmente livros. O Repositório Institucional foi acessado por pessoas de mais de 150 países. A Instituição assina duas plataformas digitais, disponibilizando mais de 20.000 e-books, que, durante estes 10 anos, tiveram 874.915 acessos.

Tuane Eggers

Teatro: grandes personalidades

Destaca-se a presença, ao longo dos dez anos de atividades, de artistas, bandas e grupos (muitos mais de uma vez) como Gilberto Gil, Roupa Nova, Zezé Di Camargo e Luciano, Claudia Raia, Orquestra Sinfônica de Porto Alegre, Fábio Porchat, Nando Reis, Jota Quest, Paralamas do Sucesso, Neto Fagundes, Dean Z, Tom Cavalcante, Cissa Guimarães, Oscar Magrini, Oswaldo Montenegro, Alceu Valença, Zé Ramalho, os humoristas Cris Pereira, Tirulipa, Whindersson Nunes e Jair Kobe, o filósofo Clóvis de Barros Filho, o jornalista Alexandre Garcia, Monja Coen; e personalidades políticas, como o governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite, o presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, e deputados estaduais e federais. 

Ações realizadas

Ao longo dos últimos 10 anos, muitas ações artísticas e culturais promovidas pelo Núcleo de Cultura também ocorreram nas imediações do Centro Cultural, que funciona como um ponto de encontro no campus. Dentre elas, destacam-se a exposição internacional As Máquinas de Leonardo Da Vinci, edições do evento Arte na Universidade, mostras diversas, recitais de piano e dezenas de lives durante a pandemia de covid-19.  

A Biblioteca tem se aproximado da comunidade regional ingressando com publicações ativas nas redes sociais, realizando exposições para conscientização dos usuários para a conservação dos materiais, oficinas de dobradura e contação de histórias para crianças, capacitações para os acadêmicos, visitações, planejamento e organização de novas bibliotecas institucionais, participação em diversas Feiras do Livro com a dinâmica do Troca-Troca, além de envolver-se com atividades de incentivo à comunidade como o Dia do Desafio, arrecadação de livros para as escolas atingidas pelas cheias, entre outras.

Lucas George Wendt

Biblioteca: marcos da década

Após sua abertura, a Biblioteca continuou a inovar, agregando tecnologias para facilitar a vida dos usuários, como o mapa 3D do acervo – que adicionou mais um nível de autonomia aos usuários na localização de livros físicos nas estantes – e o aplicativo Biblioteca Univates – que seguiu uma tendência global, disponibilizando serviços por meio de dispositivos móveis, para que os usuários possam receber notificações, efetuar pesquisas, reservas e renovações por meio de seus celulares.

Além das inovações tecnológicas que vem agregando, a Biblioteca trabalha para aprimorar seus serviços entregando melhorias para que o usuário tenha a melhor vivência e experiência possível nos espaços. Em 2017 a Biblioteca da Univates disponibilizou mais um serviço em seu catálogo de pesquisa: a pesquisa integrada. Essa nova funcionalidade permitiu que todo conteúdo disponibilizado pela Instituição, como o acervo físico, repositório, e-books e bases de dados, ficasse reunido em uma única interface/pesquisa.

A Biblioteca Digital da Univates (BDU), existente desde 2008, mas regulamentada em 2022 como Repositório Institucional (RI), reúne e disponibiliza todos os trabalhos de conclusão de cursos de graduação e pós-graduação produzidos na Instituição. 

Em 2023 foram elaborados e disponibilizados templates, modelos de documentos que otimizam a performance dos acadêmicos, apresentando dicas para formatar a produção científica de maneira mais simples.

Além de a edificação ser considerada um marco arquitetônico, empresas parceiras (nacionais e internacionais) têm apresentado a Biblioteca Univates como referência em seus produtos, bem como fomentado para toda a América Latina a estrutura e serviços entre os melhores disponibilizados no mercado de bibliotecas.

Lucas George Wendt

O futuro

“O papel do Teatro Univates está diretamente vinculado à educação e ao desenvolvimento integral da comunidade local. O espaço seguirá cumprindo um papel sociocultural, abrigando grandes movimentos acadêmicos, políticos e artísticos. O Centro Cultural representa toda a diversidade cultural que a Instituição valoriza em sua visão e é espaço para potencializar a arte e compartilhar o conhecimento, também pensando no entretenimento de forma sustentável”, projeta a gestora do espaço, Mariana Heemann Betti. 

Lucas George Wendt

“Para o futuro, almejamos aumentar exponencialmente nossa relação com o público, por isso, temos o desafio de garantir a diversificação da nossa grade de conteúdos e programações. Os últimos 10 anos serviram para formar plateia e construir parcerias com produtores em nível nacional. Os próximos 10 anos serão de consolidação de plateia para criar cultura de cultura. Assim, quanto mais a comunidade vier ao Teatro, mais se familiariza com esse ambiente, é sensibilizada e será instigada a retornar para consumir ainda mais arte. Com esse mecanismo, contribuímos para o desenvolvimento de uma sociedade multicultural e do artista local”, explica a gestora. 

“Ao longo destes 10 anos muitos foram os desafios e as mudanças enfrentados pela Biblioteca, mas, devido a sua capacidade de adaptação, ela tem se reinventado a cada transformação e ofertado novas experiências aos usuários”, explica a gestora da Biblioteca, Danusa Vicente. “Para o futuro, espero que continuemos a propiciar experiências transformadoras e vivências inovadoras, fomentando a construção de novos conhecimentos, possibilidades e sonhos. Então eu pergunto: onde moram os seus sonhos? O Centro Cultural é um potencializador do conhecimento, viabilizando educação e cultura para instigar vidas e comunidades. É com esse propósito que a Instituição vem trabalhando, para ser, também por meio da Biblioteca, uma força que impulsiona novas oportunidades”.

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