Um estudo recente foi desenvolvido e publicado por pesquisadores, entre eles, docentes da Universidade do Vale do Taquari - Univates. A pesquisa revelou que apenas 17 dos 38 Institutos Federais (IFs) existentes no Brasil implementaram o Plano de Gestão de Logística Sustentável (PLS) - um instrumento de planejamento criado pelo governo para racionalizar o uso de recursos e tornar a gestão pública mais ecológica e eficiente.
A pesquisa, conduzida por Geisa Cavalcante Carbone Sato, Fernanda Cristina Wiebusch Sindelar e André Jasper, analisou o atual estágio de elaboração, monitoramento e divulgação dos PLS nos IFs. Os resultados indicam que a adoção das práticas sustentáveis ainda é incipiente e carece de mais transparência e fiscalização pelos órgãos governamentais. O estudo foi publicado na Revista de Gestão Social e Ambiental (RGSA).
A pesquisa identificou grandes disparidades regionais na implementação dos PLS. A Região Sul lidera a adoção, com 83,33% de seus IFs tendo implementado o plano. O Norte aparece logo em seguida, com 71,43%. Em contrapartida, as regiões Sudeste e Nordeste possuem taxas mais baixas, de 33,33% e 27,27%, respectivamente. A situação mais crítica está no Centro-Oeste, onde apenas um dos cinco IFs adotou o PLS.
Outro ponto crítico apontado pelo estudo é a falta de transparência. Mesmo entre os institutos que implementaram os PLS, poucos disponibilizam relatórios de monitoramento e avaliação, fundamentais para acompanhar a eficácia das medidas adotadas. Apenas três instituições publicaram relatórios sobre as iniciativas sustentáveis realizadas.
Desde 2012, a implementação do PLS é obrigatória para órgãos e entidades da administração pública federal. O Decreto nº 7.746/2012 e a Instrução Normativa nº 10/2012 estabelecem que as instituições devem elaborar e divulgar periodicamente planos de gestão sustentável, contemplando a redução no consumo de materiais, energia elétrica, água, entre outros recursos.
O estudo demonstrou, contudo, que a maioria das instituições não está cumprindo essas exigências, o que compromete a fiscalização e a implementação de boas práticas ambientais.
A importância dos PLS e suas práticas sustentáveis
Os PLS têm como objetivo principal garantir a gestão eficiente de recursos naturais e a redução do impacto ambiental das atividades das instituições públicas. Algumas das iniciativas contempladas incluem:
- redução do uso de papel e plástico descartável;
- uso de fontes de energia renovável, como paineis solares;
- coleta seletiva e destinação correta de resíduos;
- otimização no consumo de água;
- promoção de mobilidade sustentável para servidores e estudantes.
A pesquisa destaca que IFs como os do Sul e Norte do país estão mais avançados na implementação de tais práticas, enquanto outras regiões ainda precisam acelerar seus processos.
Casos de sucesso e desafios
Embora muitas instituições não implementem o PLS nem publiquem relatórios de atividades, algumas ainda desenvolvem iniciativas voltadas à sustentabilidade, demonstrando avanços na gestão ambiental. O Instituto Federal Sudeste 1, por exemplo, tem um centro de estudos ambientais e investe na geração de energia fotovoltaica, figurando entre as instituições mais sustentáveis do Brasil no ranking GreenMetric World University Rankings 2023.
Outro caso positivo é o Instituto Federal do Nordeste 3, que possui um plano de gestão de resíduos sólidos e um termo de compromisso voltado para os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS). Entretanto, ainda há desafios, como a falta de conscientização da comunidade acadêmica e a escassez de recursos para implementar projetos mais ambiciosos.
O estudo ressalta a necessidade urgente de mais transparência e comprometimento dos IFs na adoção de práticas sustentáveis. Entre as principais recomendações dos pesquisadores estão: mais fiscalização pelos órgãos governamentais para garantir que os PLS sejam elaborados e cumpridos; publicação regular de relatórios de monitoramento para que a sociedade possa acompanhar os avanços; promoção de campanhas educativas e incentivos para que estudantes e servidores adotem práticas sustentáveis; e busca por financiamento e parcerias para viabilizar projetos de maior impacto.