Um novo estudo publicado na revista EDUCAmazônia - Educação, Sociedade e Meio Ambiente revelou a percepção dos estudantes de diferentes níveis de ensino sobre espécies de plantas nativas e exóticas. O artigo, intitulado "Percepção de estudantes de diferentes níveis de ensino sobre plantas nativas e exóticas", foi elaborado pelos pesquisadores Tásio Machado de Azeredo, Julia Gastmann, Lucélia Hoehne e Elisete Maria de Freitas, vinculados à Universidade do Vale do Taquari - Univates.
Pitangueira, Eugenia uniflora, uma planta nativa. Crédit - Forest e Kim Starr, publicado originalmente na Wikipédia
O estudo e sua relevância
As espécies exóticas invasoras representam a segunda maior ameaça à biodiversidade global, ficando atrás apenas da destruição de habitats. O estudo enfatiza que a valorização e o resgate do conhecimento da flora nativa por meio de atividades de educação ambiental podem ser estratégias eficazes para mitigar esse problema.
Os pesquisadores destacam a necessidade de verificar o grau de conhecimento dos estudantes em relação às categorias de plantas nativas, exóticas e exóticas invasoras. Para isso, aplicaram um questionário a alunos do Ensino Médio e de cursos de graduação em Ciências Biológicas, incluindo perguntas conceituais e uma lista de espécies vegetais comuns na região do estudo, solicitando sua classificação.
Os resultados revelaram um baixo percentual de acertos na classificação das espécies, ainda que a maioria dos estudantes demonstrasse compreender os conceitos teóricos. Os alunos dos semestres finais de graduação apresentaram maior nível de conhecimento em comparação com os do Ensino Médio, evidenciando a necessidade de aprofundar a abordagem do tema nas escolas.
Mamona, Ricinus communis, uma planta exótica. Conteúdo originalmente publicado por Geographer na English Wikipedia.
Impacto no ensino e na educação ambiental
O estudo indica que há um grande desafio na transmissão desse conhecimento em ambiente escolar e universitário. Os resultados mostraram que, em geral, os estudantes têm dificuldades em reconhecer e classificar espécies vegetais, o que reflete a necessidade de investir em atividades que promovam uma compreensão mais profunda sobre a temática.
Os autores sugerem que os cursos de graduação em Ciências Biológicas abordem mais extensivamente essa questão, inserindo-a nas grades curriculares. Isso contribuiria para a disseminação do conhecimento sobre plantas nativas e exóticas, não apenas na academia, mas também para a sociedade em geral.
A pesquisa foi conduzida com 94 estudantes do Ensino Médio e da graduação em Ciências Biológicas da Univates, no Rio Grande do Sul. O questionário aplicado consistia em duas partes:
1. Definição de conceitos - os alunos foram solicitados a definir espécies nativas, exóticas e exóticas invasoras.
2. Classificação de espécies - uma lista de 31 espécies botânicas foi apresentada para que os estudantes as classificassem corretamente.
Os resultados apontaram que:
- 95,4% dos estudantes compreenderam corretamente o conceito de espécies nativas;
- 74,6% acertaram a definição de espécies exóticas;
- apenas 62,2% conseguiram definir corretamente o que são espécies exóticas invasoras.
Quando confrontados com a classificação de espécies reais, o percentual de acertos, no entanto, caiu drasticamente, o que indica a necessidade de práticas educativas mais efetivas.
Consequências e recomendações
O estudo reforça a necessidade de iniciativas que incentivem a educação ambiental nas escolas e universidades. A compreensão das diferenças entre espécies nativas e exóticas é essencial para que futuras gerações possam tomar decisões mais adequadas sobre a conservação da biodiversidade.
Os pesquisadores enfatizam que é importante promover campanhas de sensibilização e capacitação para professores, de modo que eles possam abordar a temática de forma mais didática e eficaz. Também é sugerida a inserção do tema nos currículos escolares e universitários, garantindo uma abordagem mais ampla e aprofundada.
