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Artigos

Gestão do conhecimento como estratégia de resiliência organizacional

Por Bernardete B. Cerutti e Luciane Franke, professoras universitárias

Postado em 16/10/2025 14:46:25


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A crescente competitividade e a instabilidade do mercado exigem das empresas ações que vão além da simples eficiência operacional. Nesse cenário, a gestão do conhecimento constitui um recurso estratégico para potencializar o desempenho organizacional e garantir a continuidade em contextos adversos. 

A gestão do conhecimento pode ser compreendida como um processo sistemático voltado à identificação, criação, renovação e aplicação dos saberes considerados fundamentais para a empresa. Trata-se da administração dos conhecimentos já existentes, permitindo reconhecê-los, organizá-los e utilizá-los de forma eficaz, aproveitando a experiência e a prática acumuladas (Takeuchi; Nonaka, 2008). 

Ao articular competências individuais e organizacionais, o conhecimento exerce uma função indispensável dentro da empresa. Incorporado de forma prática às tarefas, ele contribui para fortalecer os relacionamentos interpessoais, sustentar a inovação, aumentar a adaptabilidade e ampliar a capacidade de resposta em situações críticas.

É importante destacar que as competências individuais correspondem aos conhecimentos técnicos, habilidades e atitudes dos colaboradores, enquanto as competências organizacionais representam o conjunto de qualificações e tecnologias essenciais, e de difícil reprodução pelos concorrentes, que sustentam o alcance dos objetivos estratégicos.

Logo, a gestão do conhecimento atua como elo entre as competências individuais e as organizacionais, promovendo uma integração dinâmica que apoia o desempenho superior. Essa perspectiva reforça que não basta possuir recursos tangíveis e intangíveis; é necessário mobilizá-los de forma coordenada, garantindo que sejam raros, inimitáveis e insubstituíveis. Essa combinação constitui a base para vantagens competitivas duradouras. 

Quando as empresas não conhecem as competências e experiências de seus colaboradores, tornam-se mais vulneráveis, especialmente em períodos de instabilidade. A ausência de um mapeamento dos conhecimentos e habilidades disponíveis pode gerar desperdício de talentos, ineficiências na alocação de pessoas, atrasos na execução de projetos e fragilidades nos processos de tomada de decisão. 

A empresa que aceita o desafio da gestão do conhecimento deve, antes de tudo, ter clareza sobre o que sabe e o que não sabe. Dessa forma, estará em condições de desenvolver estratégias fundamentadas em suas competências. Ao adotar instrumentos de avaliação, feedback estruturado e planos de desenvolvimento, as empresas conseguem transformar o potencial individual em competências coletivas, ampliando a resiliência e criando condições para a manutenção do desempenho. 

Outro ponto relevante é que a aprendizagem organizacional depende diretamente da aprendizagem individual. Sem indivíduos em constante processo de aprendizado, não há possibilidade de desenvolvimento coletivo. A gestão do conhecimento cria o ambiente necessário para que as competências sejam compartilhadas e aprimoradas, favorecendo melhoria contínua na preservação das práticas que já se mostraram eficazes. 

Esse processo de aprendizagem continua impactando diretamente o modo como o desempenho organizacional deve ser avaliado. Não basta considerar unicamente indicadores financeiros; é necessário adotar múltiplas perspectivas, como processos internos, clientes, inovação e aprendizado, para compreender a efetividade da gestão do conhecimento. Desse modo, ela contribui para alinhar as competências às necessidades estratégicas e sustentar resultados que extrapolam o horizonte do curto prazo. 

Por fim, conhecer profundamente as competências e experiências dos colaboradores é mais do que um ato de valorização do capital humano, é uma importante estratégia de resiliência organizacional. Esse processo permite direcionar recursos de maneira inteligente, fortalecer a adaptabilidade e sustentar a competitividade. Ao transformar conhecimento em prática, a empresa não apenas sobrevive, mas cria condições para que as pessoas aprendam permanentemente em grupo e se destaquem em ambientes marcados por mudanças constantes. 

TAKEUCHI, Hirotaka; NONAKA, Ikujiro. Gestão do conhecimento. Tradução Ana Thorell. Porto Alegre: Bookman, 2008.

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