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Artigos

Equipes intergeracionais nas organizações

Por Por Bernardete B. Cerutti e Luciane Franke, docentes do CHSA da Univates

Postado em 11/11/2025 12:55:47


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Vivemos um momento inédito na história do trabalho: quatro gerações atuam lado a lado nas organizações - Baby Boomers, Geração X, Geração Y (ou Millennials) e Geração Z. Em alguns contextos, ainda há profissionais da Geração Silenciosa, ampliando essa diversidade etária. A composição intergeracional enriquece os ambientes com diferentes repertórios, modos de aprender, de se relacionar e de perceber o trabalho. Ao mesmo tempo, pode representar desafios para lideranças, equipes e para a cultura organizacional.

Diferenças de valores, expectativas, estilos de comunicação e relação com a tecnologia podem gerar ruídos e conflitos. No entanto, seria isso um problema ou uma oportunidade para reformular nossos modos de trabalhar?

Para compreender essas divergências, é útil retomar o pensamento do sociólogo Karl Mannheim, um dos pioneiros no estudo das gerações. Ainda na década de 1920, ele destacou que o pertencimento geracional vai além da idade cronológica, sendo marcado pela vivência de acontecimentos históricos que moldam mentalidades e visões de mundo. Para Mannheim, cada geração ocupa uma posição social específica, desenvolve laços de identificação entre seus membros e abriga subgrupos que interpretam a realidade de maneiras diversas. Essa perspectiva nos lembra que não existe apenas uma maneira de ser jovem, nem um único modo de envelhecer.

No Brasil, a realidade demográfica reforça a relevância desse debate. O Censo de 2022 indica que o Rio Grande do Sul é o estado com a maior proporção de pessoas idosas do país: cerca de 20% da população tem 60 anos ou mais. Trata-se de um grupo com ampla experiência profissional, que pode, e deve, seguir contribuindo economicamente, desde que as organizações criem condições de participação efetiva.

Ao mesmo tempo, profissionais mais jovens cresceram em um contexto de digitalização acelerada, intensa conectividade e busca por propósito e autonomia. Já profissionais de gerações anteriores foram formados em modelos mais estáveis, com carreiras lineares e estruturas hierárquicas bem definidas. O desafio está em conciliar expectativas e modos de trabalhar, sem reduzir essas diferenças a estereótipos.

Os contrastes entre gerações sempre existiram, mas o contexto atual, marcado pela velocidade, pela fluidez e pela constante mudança, intensifica a necessidade de diálogo. Como destaca Zygmunt Bauman, vivemos na era da “modernidade líquida”, em que tudo se transforma rapidamente. Nesse cenário, o gerenciamento sensível das relações intergeracionais pode transformar potenciais conflitos em aprendizagem mútua.

Uma das estratégias promissoras nesse sentido é a mentoria reversa: jovens compartilham conhecimentos, especialmente tecnológicos, enquanto profissionais experientes oferecem visão estratégica e memória institucional. Outra prática relevante é a formação de equipes multigeracionais, orientadas por metas comuns e estimuladas ao diálogo.

Para que essas práticas se consolidem, alguns aspectos merecem atenção. A comunicação deve ser clara e acessível, buscando reduzir ruídos e favorecer o entendimento entre diferentes estilos de expressão. A escuta ativa precisa estar presente nas interações cotidianas, assim como o uso de canais variados, presenciais, digitais e colaborativos, que permitam que todas as vozes sejam ouvidas. Realizar feedbacks contínuos, construtivos e bilaterais contribui para o alinhamento de expectativas e o fortalecimento da confiança.

A integração entre gerações também pode ser estimulada por dinâmicas colaborativas, como rodas de conversa, cafés com ideias, grupos mistos de trabalho e programas de mentoria reversa estruturados. Criar espaços em que a experiência dialoga com a inovação favorece o reconhecimento mútuo e ajuda a construir objetivos compartilhados. Da mesma forma, formar duplas ou equipes compostas por pessoas de diferentes idades e áreas pode ampliar o aprendizado e a cooperação.

Nesse caso, a liderança inclusiva assume papel fundamental. Mais do que coordenar tarefas, liderar significa promover um ambiente de respeito, sensibilidade geracional e valorização de talentos em todas as idades. Delegar responsabilidades de forma equilibrada e incentivar programas de formação contínua, com multiplicadores internos, contribui para consolidar uma cultura de aprendizado permanente.

 

A convivência intergeracional pode se tornar um diferencial competitivo. Para que isso ocorra, é necessário compreender, valorizar e integrar essas diferenças de forma estratégica. A diversidade geracional não é obstáculo - é potência. Quando reconhecida e bem trabalhada, fortalece a cultura organizacional, amplia a capacidade de inovação e qualifica o trabalho coletivo.

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