A Universidade do Vale do Taquari – Univates e o Governo do Rio Grande do Sul têm atuado lado a lado na reconstrução e no planejamento urbano sustentável de municípios atingidos pelas enchentes de 2024 e 2025. O trabalho conjunto ganhou destaque nacional ao ser mencionado em um dos episódios da nova série “Terra: Ainda Temos Tempo”, exibida pelo programa Fantástico, da TV Globo, que aborda o impacto das mudanças climáticas e as iniciativas em andamento para mitigar seus efeitos. Clique aqui para conferir o episódio.
A cooperação entre a Univates e o Estado foi formalizada por meio de um termo de cooperação técnica assinado com a Secretaria de Desenvolvimento Urbano e Metropolitano (Sedur). O acordo prevê apoio técnico da Universidade na revisão dos Planos Diretores de sete municípios do Vale do Taquari fortemente atingidos pelas enchentes de maio de 2024: Arroio do Meio, Colinas, Cruzeiro do Sul, Encantado, Estrela, Muçum e Roca Sales.
O objetivo é promover o desenvolvimento urbano aliado à adaptação climática, com diretrizes que ampliem a segurança da população e a resiliência das cidades diante de eventos extremos. A equipe da Univates, por meio do Escritório Modelo de Arquitetura e Urbanismo (Semeia – Emau), é responsável pelos estudos técnicos e pela revisão participativa dos Planos Diretores, documento de base para o ordenamento territorial e o planejamento de longo prazo.
Apoio técnico e laudos habitacionais
Além da revisão dos Planos Diretores, que foi destaque no episódio, a Univates também contribuiu tecnicamente com o processo de análise dos laudos habitacionais e de infraestrutura elaborados após as enchentes de abril e maio. O trabalho foi coordenado pela Sedur e teve o suporte de equipes técnicas da Universidade para avaliar a qualidade e a consistência dos dados.
Ao todo, foram analisados, ao longo de 2024, 20.448 laudos referentes a imóveis, estradas e pontes em municípios atingidos. Desse total, 18.970 laudos habitacionais foram aprovados e entregues, constituindo requisito essencial para que os municípios acessem programas habitacionais do Governo Federal voltados à reconstrução de moradias.
Também foram emitidos 446 laudos de estradas e 238 de pontes, abrangendo 98 municípios. Outros 794 laudos foram reprovados por não atenderem aos critérios técnicos exigidos para inserção no Sistema Integrado de Informações sobre Desastres (S2ID), base de dados federal utilizada para o repasse de recursos.
O trabalho envolveu dezenas de técnicos, docentes, estagiários e pesquisadores da Univates, que contribuíram com a experiência acumulada da instituição em planejamento urbano, geotecnologias, engenharia civil e gestão de riscos ambientais.
Os eventos climáticos que devastaram o Vale do Taquari nos últimos anos, especialmente as enchentes históricas de setembro de 2023 e maio de 2024, evidenciaram a importância de políticas estruturais voltadas à adaptação das cidades às novas condições ambientais.
Destaque nacional: “Terra: Ainda Temos Tempo”
O esforço regional do Rio Grande do Sul na reconstrução e adaptação às mudanças climáticas foi citado no contexto da nova série do Fantástico, intitulada “Terra: Ainda Temos Tempo”. A produção marca o retorno da jornalista Sônia Bridi e do repórter cinematográfico Paulo Zero à cobertura internacional sobre o clima, 15 anos após a exibição da série “Terra: Que Tempo É Esse?”.
Desta vez, os jornalistas percorrem países como Dinamarca, Groenlândia, China e Peru, além de diversas regiões brasileiras, para mostrar como o planeta e as sociedades estão reagindo ao desafio climático. No primeiro episódio, a dupla visitou um laboratório em Copenhague, onde cientistas armazenam testemunhos de gelo, amostras que permitem medir, ao longo de séculos, a concentração de gases de efeito estufa na atmosfera.
A série apresenta dados alarmantes: desde o início da Revolução Industrial, o planeta nunca aqueceu tão rapidamente, e nunca houve tanta concentração de carbono na atmosfera. Sônia Bridi ressalta que “os pontos negativos são que temos falhado muito em reduzir as emissões de gases de efeito estufa, seja pela queima de combustíveis fósseis, seja pela destruição das florestas. Isso levou ao aquecimento mais acelerado do que se previa há 15 anos”.
Apesar disso, a jornalista mantém uma perspectiva de esperança. “Estamos muito perto do abismo, mas não precisamos caminhar para ele. Por isso o nome da série mudou. Temos esperança, tecnologia e os meios para virar esse jogo. A consciência da crise está muito mais clara no mundo todo”, afirmou.
O destaque dado às ações desenvolvidas no Rio Grande do Sul e à parceria entre a Univates e o Governo do Estado insere o Vale do Taquari em um debate global sobre os impactos e as soluções para a crise climática. As iniciativas de reconstrução e revisão de políticas urbanas são exemplos de como a ciência e a gestão pública podem caminhar juntas para promover transformações estruturais e sustentáveis.
