O trabalho científico de um pesquisador é contínuo, ou seja, suas descobertas, quando observadas na totalidade, permitem compreender o conjunto do seu trabalho. É desta forma que a ciência avança: aos poucos, com cada trabalho funcionando como a peça de um quebra-cabeça que completa um cenário de pesquisa. E que pode abrir margem para mais perguntas.
Na Universidade do Vale do Taquari - Univates, diferentes equipes trabalham produzindo conhecimento científico. Entre pesquisadores e estudantes – bolsistas de iniciação científica, de mestrado e de doutorado –, são cerca de 500 pessoas diretamente envolvidas buscando na ciência as respostas para a solução de problemas coletivos e de inquietações de pesquisa individual.
A produção acontece em diferentes instâncias Univates, com destaque para os Programas de Pós-Graduação: Ambiente e Desenvolvimento (PPGAD), Biotecnologia (PPGBiotec), Ensino (PPGEnsino), Ensino de Ciências Exatas (PPGECE), Ciências Médicas (PPGCM) e Tecnologia e Gestão Sustentáveis (PPGTECG).
Todos os dias as equipes de pesquisa da Univates divulgam seus achados em publicações periódicas científicas nacionais e internacionais. Semanalmente os artigos científicos mais recentes são destacados no site da Instituição.
Pesquisas publicadas recentemente
Título do artigo: Preditores da ideação suicida em estudantes
universitários da área da saúde
Autoria: Ana Paula Oliveira, Michelle Engers Taube, Mary Sandra Carlotto
Revista científica: Thema
Do que trata a pesquisa científica: A morte por suicídio apresenta-se como um problema de saúde pública e suas consequências têm abrangido proporções em nível mundial. O presente estudo teve como objetivo identificar a frequência e os fatores associados à ideação suicida em estudantes universitários da área da saúde. Participaram 246 estudantes que responderam a um formulário on-line. Os instrumentos utilizados foram um questionário de dados sociodemográficos, clínicos, acadêmicos, laborais, estressores acadêmicos, escala de Ideação Suicida de Beck e a escala de Autoeficácia Geral Percebida. Os resultados, obtidos por meio de Análise de Regressão Linear Múltipla, indicaram um modelo explicativo constituído por quatro variáveis: a autoeficácia, pensar em desistir do curso e os estressores custos econômicos relacionados à sua formação e conciliar estudos e família. Sugerem-se ações de saúde pública e institucionais voltadas para a promoção e prevenção da saúde mental de estudantes universitários.
Título do artigo: Colorectal Cancer and Artificial Intelligence
Autoria: Laisa de Nadai Pin, Isadora Nascimento dos Santos, José Natallos Casseano de Souza, Rayssa Rocha Carvalho Santos, Jean Azevedo Araujo, Débora Blenda Castelo Branco Mendes, Ticianna Marcondes Alves Franco, Nicolas Lauxen Konrad, Maria Clara Moreira Santos, Carolina Santucci Queiroga, Daniela Kavlac
Revista científica: Artificial Intelligence Applied to Medicine
Do que trata a pesquisa científica: Em 2020, o câncer colorretal (CCR) ocupou a terceira posição entre as neoplasias mais incidentes no mundo, com 1.931.590 casos, correspondendo a 10% de todos os diagnósticos de câncer. No mesmo ano, foi a segunda principal causa de mortalidade por câncer, com uma taxa de 12,0 óbitos por 100 mil habitantes, sendo mais prevalente na população masculina (VISCAINO et al., 2021). O risco de desenvolver CCR é multifatorial, envolvendo histórico familiar, estilo de vida, hábitos alimentares e, sobretudo, a presença de pólipos — isolados ou associados a síndromes genéticas de polipose (VISCAINO et al., 2021). Modificar fatores comportamentais e garantir a detecção precoce de lesões precursoras, seguida do tratamento adequado, são estratégias fundamentais para reduzir tanto a incidência quanto a mortalidade relacionadas ao CCR (VISCAINO et al., 2021). Atualmente, a inteligência artificial (IA) vem sendo incorporada aos métodos de rastreamento e diagnóstico do CCR, principalmente por meio de sistemas de detecção assistida por computador (CADe) e de diagnóstico assistido por computador (CADx), que aumentam a precisão na identificação e classificação de pólipos durante procedimentos endoscópicos (ARIF; JIANG; BYRNE, 2023; ZACHARAKIS; ALMASOUD, 2022; VISCAINO et al., 2021). Embora a colonoscopia seja considerada o padrão-ouro para rastreamento do CCR, com alta sensibilidade para pólipos ?10 mm, ainda existem limitações na detecção de pólipos menores e/ou planos. Questões como qualidade da imagem, preparo intestinal e variáveis humanas — como fadiga e concentração do endoscopista — podem comprometer o desempenho do exame (VISCAINO et al., 2021). Nesse contexto, a IA contribui para mitigar essas limitações ao padronizar o procedimento e aumentar as taxas de detecção de adenomas, incluindo lesões planas e pólipos serrilhados, reconhecidos como precursores malignos na via serrilhada da carcinogênese colorretal (VISCAINO et al., 2021; UCHE-ANYA et al., 2022). A incorporação de algoritmos avançados em softwares de apoio à endoscopia, aliada a técnicas de cromoendoscopia virtual e ao processamento de imagens em tempo real, tem aprimorado a visualização e a caracterização das lesões, otimizando o processo diagnóstico (VISCAINO et al., 2021; ZACHARAKIS; ALMASOUD, 2022). Além disso, tecnologias como a cirurgia robótica assistida por IA oferecem abordagens minimamente invasivas, com maior precisão cirúrgica (VISCAINO et al., 2021), enquanto estratégias terapêuticas emergentes, como a quimioterapia mediada por nanopartículas, apresentam potencial promissor na redução de efeitos colaterais sistêmicos (MITSALA et al., 2021). Diante da alta incidência e mortalidade associadas ao câncer colorretal, investir em estratégias que promovam a detecção precoce e o tratamento eficaz é essencial. Nesse cenário, a aplicação da inteligência artificial no rastreamento e diagnóstico do CCR desponta como uma ferramenta promissora, capaz de ampliar a precisão diagnóstica, otimizar procedimentos e personalizar abordagens terapêuticas. Os avanços contínuos nessa área apontam para um futuro em que as tecnologias baseadas em IA terão papel decisivo na melhoria dos desfechos clínicos e na redução do impacto do CCR sobre a saúde pública global.
Título do artigo: NOVO ENSINO MÉDIO DE NOVO? ENTRE AVANÇOS E RETROCESSOS, AS DISPUTAS DO ENSINO MÉDIO NO BRASIL E A NECESSIDADE DE ROMPER COM A LÓGICA DA “ESCOLA DE PASSAGEM”
Autoria: José Neto de Oliveira Felippe, Lucas Teixeira Dezem, Ilda Neta Silva de Almeida, Vicente José Barreto Guimarães, Wilton Maia Velez, Daniele Soares da Silva, Lays Fernanda Franklin de Queiroz Cardoso Nascimento, Aline Simplicio da Silva, Josy Helena Murcia, Bruna Beatriz da Rocha, Júlia Maria de Oliveira Campos, Zenilci Gonçalves do Bonfim Alexandre Francisco Brito, Mayara da Costa Rodrigues, Jonny Alex Guimarães
Revista científica: Aracê
Do que trata a pesquisa científica: O debate em torno do Ensino Médio brasileiro intensificou-se nos últimos anos, especialmente após a implementação da Reforma do Novo Ensino Médio e, mais recentemente, diante das críticas e revisões em curso. A etapa final da educação básica, historicamente marcada por indefinições quanto a sua identidade formativa, tem oscilado entre ser um espaço de preparação para o mercado de trabalho, um caminho de acesso ao ensino superior ou ainda um ciclo de formação geral. Nesse contexto, consolidou-se a ideia de “escola de passagem”, isto é, uma etapa que não se afirma como formativa em si mesma, mas apenas como um corredor de transição que empurra os jovens para outros destinos, sem reconhecer plenamente seus direitos educacionais no presente. Assim, acumulam-se avanços e retrocessos que revelam não apenas as fragilidades das políticas educacionais, mas também a força das disputas ideológicas e econômicas em torno do currículo, da carga horária e das trajetórias de formação da juventude. O objeto de estudo deste artigo centra-se justamente na análise dessas disputas em torno do Ensino Médio no Brasil, considerando a implementação do Novo Ensino Médio e as críticas que se levantaram sobre ele, com destaque para as tensões entre flexibilização curricular, desigualdades regionais e precarização das condições de ensino. Ao problematizar as contradições entre as intenções oficiais e os impactos concretos sobre estudantes e professores, a investigação busca compreender de que maneira a escola média tem sido configurada no país. A pergunta de partida que orienta a reflexão é: como romper com a lógica da “escola de passagem”, que reduz o Ensino Médio a um mero instrumento de transição, e construir um projeto educativo capaz de articular formação crítica, cidadania e justiça social? Teoricamente, foram utilizados os trabalhos de Apple (1999; 2006; 2011; 2012; 2019), Dardot e Laval (2016), Frigotto (2001; 2010; 2017), Giroux (1997a; 1997b; 2011; 2024), Libâneo (1990; 2020), Saviani (2008; 2021), Silva (2007), Freire (1992; 2014a; 2014b; 2014c), entre outros. A pesquisa é de cunho qualitativa (Minayo, 2007), bibliográfica e descritiva conforme Gil (2008) e com o viés analítico compreensivo (Weber, 1949). A pesquisa evidenciou que o ensino médio brasileiro mantém, historicamente, a marca da indefinição identitária, consolidando-se como “escola de passagem” entre a educação básica, o mercado de trabalho e o ensino superior. A análise dos marcos normativos revelou a coexistência de concepções distintas, ora voltadas à formação integral e cidadã, ora reforçando itinerários flexíveis que ampliam desigualdades regionais e sociais. Observou-se também que a flexibilização curricular, ainda que apresentada como inovação, resultou em fragmentação do conhecimento e em restrições reais à autonomia dos estudantes, sobretudo em contextos periféricos e rurais. Os efeitos dessa lógica transitória manifestaram-se na evasão, no desengajamento e na percepção de falta de sentido do ensino médio, apontando para a necessidade de práticas pedagógicas contextualizadas e valorizadoras das culturas juvenis. Dito isso, concluiu-se que superar a condição de “escola de passagem” exige a articulação entre valorização docente, efetivação dos princípios legais de formação integral e fortalecimento de práticas democráticas no cotidiano escolar.
Título do artigo: Amamentação: a relação entre os determinantes maternos e sua duração
Autoria: Abighail Brune; Gabriela Gottems; Laura Marina Ohlweiler; Fernanda Majolo; Guilherme Liberato da Silva
Revista científica: Revista de Medicina (São Paulo. Online)
Do que trata a pesquisa científica: Introdução: Durante o processo de amamentação, as mulheres passam por dificuldades, como falta de conhecimento sobre como amamentar, técnica incorreta, complicações mamárias e falta de apoio, podendo levar ao desmame precoce. O objetivo do estudo foi verificar se existem determinantes relacionados ao tempo de aleitamento materno em mulheres atendidas na Unidade Básica de Saúde - Setor Pediátrico. Métodos: A amostra do estudo foi constituída por mulheres que tiveram filhos nascidos entre 1 de janeiro de 2017 e 31 de dezembro de 2021 e que estiveram acompanhando seus filhos em consultas, totalizando uma amostra de 26 mulheres. Os dados foram coletados em questionário de perguntas fechadas, realizado pelos pesquisadores. Resultados: Por meio de regressão logística ordinal, observou-se como determinantes significativos da duração do aleitamento uso de complemento (P= 0,003), percepção da produção de leite (P= 0,034) e experiência prévia (P= 0,022), sendo que mulheres com experiência prévia com a maternidade tiveram 35 vezes mais chances de amamentar por mais tempo em comparação com as que não tiveram (OR=35,64). Com base em uma Análise de Correspondência Múltipla (HOMALS), foram revelados três perfis de variáveis, identificando que as mães que amamentam por mais tempo são aquelas que não oferecem complemento, que possuem experiência prévia e que consideram sua produção láctea adequada. Conclusão: Portanto, os resultados indicam apenas alguns dos fatores envolvidos na duração do aleitamento materno, sendo que tais fatores (uso de complemento e leite de oferta) foram corroborados pelos achados de outros estudos.
Saiba mais sobre as publicações científicas
Os periódicos científicos são espaços reservados à comunicação científica. É por meio deles que os estudos são divulgados e os conhecimentos técnicos, acadêmicos e científicos são postos à disposição da sociedade. Assim como os eventos científicos, são espaços formais de apreciação e crítica do trabalho de pesquisadores – o que permite à ciência evoluir por meio da construção colaborativa do conhecimento, que só é possível se as informações científicas circularem.
As pesquisas científicas podem estar vinculadas a projetos de pesquisa, que seguem as diretrizes institucionais para produção do conhecimento científico, estando vinculadas aos Programas de Pós-Graduação – nesses espaços, em geral, ligadas ao trabalho dos pesquisadores docentes da Univates ou ao trabalho dos mestrandos e doutorandos –, ou também podem ser desenvolvidas nos cursos de graduação como requisito para obtenção dos títulos de bacharel, licenciado ou tecnólogo.
