A curiosidade científica e o desejo de compreender melhor o comportamento dos animais levaram quatro estudantes do 9º ano da Escola Municipal de Ensino Fundamental São Caetano, de Arroio do Meio (RS), a desenvolver um projeto que tem chamado atenção pela criatividade e pelo rigor experimental. O estudo “A coloração aposemática reduz o risco de predação em escorpiões?”, desenvolvido por Ana Luiza Schwarzer, Emanuele Luísa Reckziegel, Sthefany Dutra e Tainá Kamili Liesenfeld, foi apresentado na 33ª Feira Municipal de Ciências e Ideias (FEMUCI 2025), realizada nos dias 8 e 9 de outubro, em Esteio (RS).
O trabalho, vinculado à Universidade do Vale do Taquari – Univates, contou com orientação do professor Luiz Liberato Costa Corrêa, coorientação da professora Liana Johann e parceria do mestrando Mathias Hofstätter, todos ligados à instituição. O projeto foi um dos representantes da Univates na feira estadual, que reúne iniciativas científicas de estudantes de várias regiões do Rio Grande do Sul e promove o intercâmbio de ideias, a troca de experiências e a formação de jovens pesquisadores.
Embora o trabalho não tenha recebido premiação na FEMUCI, a participação foi considerada fundamental para o aprendizado das estudantes. “Elas tiveram a oportunidade de conhecer projetos de outras escolas, compartilhar experiências, fazer novas amizades e ampliar sua visão sobre a pesquisa científica”, destaca o professor Luiz Liberato Corrêa. “Esses momentos são extremamente ricos para o desenvolvimento pessoal e acadêmico dos alunos.”
A trajetória do grupo, no entanto, já é marcada por conquistas. Em 2024, o mesmo projeto foi vencedor da Feira de Ciências da Univates, na categoria Anos Finais do Ensino Fundamental. O primeiro lugar garantiu às alunas bolsas de Iniciação Científica Júnior e a oportunidade de representar em outros eventos científicos, como a FEMUCI.
O objetivo do estudo foi investigar se a coloração aposemática, um tipo de coloração de advertência exibida por muitos animais (em tons de vermelho, amarelo e laranja), realmente reduz o risco de predação em escorpiões. Esse tipo de coloração é amplamente observado na natureza e tem como função sinalizar perigo a possíveis predadores, geralmente indicando que o animal é venenoso, tóxico ou de gosto desagradável.
Para testar essa hipótese, as estudantes confeccionaram modelos de escorpiões usando massa de modelar atóxica, nas cores preta, vermelha e amarela. Os modelos foram dispostos em um ambiente natural na área da Univates, em Lajeado (RS), e deixados expostos por 48 horas.
Após o período de observação, os resultados mostraram um padrão claro: escorpiões pretos foram os mais atacados (58%), enquanto os vermelhos (32%) e amarelos (10%) sofreram menos eventos de predação. Esses dados confirmaram a hipótese do grupo de que as cores de alerta reduzem o risco de ataque, especialmente por aves predadoras.
Além da relevância científica, o projeto destacou-se pelo caráter didático e inovador, ao utilizar uma metodologia acessível e segura para estudar um tema que normalmente exige infraestrutura de pesquisa mais complexa. A iniciativa reforça a importância da educação científica e ambiental nas escolas e o papel das universidades no incentivo à iniciação científica desde as etapas básicas da formação escolar.
Para o mestrando Mathias Hofstätter, que acompanhou o trabalho de perto, o projeto mostra como a ciência pode ser feita de maneira colaborativa e significativa. Com o apoio da Univates, o grupo segue inspirando outros estudantes da Escola São Caetano e de toda a região do Vale do Taquari a explorar o universo da pesquisa científica, mostrando que a curiosidade e o interesse pelo conhecimento podem transformar a forma como os jovens veem o mundo natural.
