Estudantes dos cursos de graduação em Jornalismo e de graduação em Publicidade e Propaganda da Universidade do Vale do Taquari - Univates produziram um documentário experimental sobre o projeto de extensão “Vem Pra Cá”, que promove ações para o ensino da língua portuguesa a migrantes e refugiados que vivem em Lajeado. A atividade foi desenvolvida no componente curricular Projeto Audiovisual de Comunicação, ministrada pelo professor Marcus Staudt.
Staudt, que também é coordenador dos cursos de Comunicação da Univates, explica que a produção do documentário permitiu aos estudantes unir teoria e prática, além de se familiarizar com uma temática social relevante. “Neste componente, abordamos conceitos, ideias e propostas audiovisuais que são aplicadas nos processos de captação e edição dos conteúdos. Iniciamos as aulas com exemplificações, reflexões e, posteriormente, partimos para a fase de instrumentalização e realização de experimentações. A teoria esteve alinhada com a prática o tempo todo”, relata o professor.
“Aplicar tudo o que aprendemos e discutimos ao longo do semestre, especialmente para materializar um último e significativo produto audiovisual, foi um desafio”, relembra Staudt. Ele destaca a responsabilidade dos estudantes em retratar com sensibilidade e respeito as experiências dos imigrantes, ressaltando que o conteúdo do documentário vai além do espaço formal da sala de aula e chega até outros públicos. Isso ajuda a ampliar o alcance e o impacto social do projeto de extensão, fortalecendo a conexão entre a universidade e a comunidade local.
A atividade ajudou os estudantes a desenvolver habilidades pessoais e profissionais. “A produção coletiva de um material experimental que evidencia a veracidade dos fatos e retrata diferentes realidades possibilita debates sobre a temática abordada, estimulando o pensamento crítico dos alunos. A maneira como a narrativa é construída, a partir dos relatos dos entrevistados, faz com que os acadêmicos tenham de exercer a criatividade para dar direcionamento ao documentário”, comenta o professor.
“Os cursos de graduação em Jornalismo e de graduação em Publicidade e Propaganda da Univates inserem os estudantes em espaços de experimentação e protagonismo. Esse trabalho, especificamente, foi inteiramente produzido pelos acadêmicos, o que gerou um sentimento de pertencimento. Acredito que esse envolvimento deles tornou a construção do documentário ainda mais interessante, já que puderam participar da produção, roteirização, escolha de cenários e enquadramentos para as captações de imagens, além da edição do material audiovisual. Preparamos os alunos para o mercado de trabalho da comunicação quando os colocamos em contato com desafios assim”, conclui Staudt.
“Confirmei a premissa de que o conhecimento tem poder, ele liberta”
Daniela Alves Brandão é uma das estudantes que ajudou a produzir o documentário. Ela, que cursa Publicidade e Propaganda, conta que a experiência foi transformadora tanto no aspecto acadêmico quanto no pessoal. “Esse projeto me despertou uma mistura de sensações e me permitiu realmente fazer a diferença. Pude retratar histórias reais, dando visibilidade e identidade a um grupo de pessoas que, muitas vezes, é esquecido ou ignorado”, diz.
“Aprendi a ter um olhar mais cuidadoso e empático, a me colocar no lugar do outro e a interagir com mais sensibilidade”, afirma Daniela. Para ela, o processo de captação de imagens para o documentário foi algo delicado, uma vez que notou que as pessoas costumam se sentir vulneráveis em frente às câmeras. “Nesse sentido, o desafio foi conseguir captar imagens verdadeiras que transmitissem o cotidiano dos imigrantes com autenticidade”, explica a estudante.
“O que me marcou também foi perceber que alguns imigrantes estavam aprendendo o básico, adquirindo informações que a maioria das pessoas já nasce praticamente sabendo. Isso só me fez confirmar a premissa de que o conhecimento tem muito poder, ele liberta”, reflete Daniela.
Documentário fará parte das ações da Cátedra Sérgio Vieira de Mello, vinculada à ONU
Coordenadora do projeto de extensão Vem Pra Cá, a professora Maristela Juchum revela que o documentário feito pelos estudantes fará parte das ações da Cátedra Sérgio Vieira de Mello da Univates, órgão que integra a agência da ONU para Refugiados (Acnur). “Também pretendemos divulgar o vídeo em eventos acadêmicos dentro e fora da Universidade para sensibilizar as pessoas sobre a situação dos migrantes e refugiados que chegam a Lajeado”, acrescenta.
“Para além da aprendizagem da língua, as ações do nosso projeto demonstram a importância do olhar sensível e da escuta atenta às necessidades básicas dos indivíduos que aqui chegam e buscam, no conhecimento da língua e da cultura do Brasil, a possibilidade de estabelecer novos vínculos e de ter melhores condições de vida”, finaliza Maristela.
Atualmente 35 imigrantes participam do projeto de extensão Vem Pra Cá. Eles são oriundos de países como Haiti, Bangladesh, China, Taiwan, Cuba, Venezuela e Benin.
Assista ao documentário experimental em primeira mão
Clique aqui para assistir ao documentário sobre o projeto de extensão.