O abuso emocional infantil por meio de palavras é tema do artigo “More than words: the association of childhood emotional abuse and suicidal behavior”, publicado pelo professor do curso de Medicina da Univates Rafael Moreno de Araújo na European Psychiatry - a principal publicação na área de psiquiatria na Europa.

De acordo com Moreno, a pesquisa apresentada no artigo aponta que o abuso emocional, por meio de palavras, é o tipo de maus tratos infantis mais associado com comportamento suicida. “Fato que assusta, visto que poucos falam em abuso emocional infantil. O foco atual ainda é no abuso sexual e no abuso físico, encontrando associação menor do suicídio com o abuso sexual e não encontrando associação dele com o abuso físico. Ou seja, devemos cuidar muito o que falamos para nossas crianças”, avalia ele.

Conforme o estudo, os tipos mais comuns de trauma apontados foram a negligência emocional e o abuso emocional, seguidos por abuso e negligência física - abuso sexual foi trauma menos frequente na população estudada, de aproximadamente 70 mil participantes do Brasil inteiro. “O comportamento suicida foi intensamente associado com o abuso emocional na infância, com associações muito mais baixas para o abuso sexual e a negligência emocional. Além disso, o abuso emocional foi o subtipo de trauma mais associado com a progressão de ideias suicidas para tentativas consumadas”, explicou Araújo.
Para o professor, a partir dos dados do artigo, há oportunidade para que mais estudos se concentrem em sugerir intervenções para prevenir e tratar as consequências de abuso emocional. Moreno é professor e coordenador da área de saúde mental do curso de Medicina da Univates. Ele ministra os módulos de Psicologia e Medicina, Semiologia Psiquiátrica e, futuramente, Psiquiatria.

O artigo é resultado da dissertação de mestrado de Moreno no Programa de Pós-Graduação em Medicina e Ciências da Saúde, com ênfase em Neurociências, da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (Pucrs), com orientação do Dr. Diogo Lara. Hoje no doutorado, Moreno, agora sob orientação da Dra. Rita Mattiello, pesquisa o impacto da palmada, como método de punição parental durante a infância, no psiquismo humano.

Texto e foto: Nicole Morás