Nesta terça-feira, dia 2, o projeto de extensão Formação Pedagógica e Pensamento Nômade da Univates promoveu a palestra “Educação, governamento, pesquisa e educação”, ministrada pelo doutor em educação Samuel Edmundo Lopez Bello. A atividade buscou compreender o conceito de governamentalidade cunhado por Michel Foucault e suas implicações com a educação.

No início de sua fala, o palestrante explicou que busca discutir que sujeito está sendo formado pela escola e que sujeito deveria estar sendo formado para a contemporaneidade. Ao abordar a didática, Bello considerou que, apesar de servir como um fio condutor para entender determinados assuntos, ela também pode ser extremamente redutiva, em um ponto mais analítico. Bello disse que possui uma preocupação pela produção do sujeito. “Devemos pensar quais são as ideias, os saberes, as formas de pensar que nos fazem enterdermo-nos como determinados sujeitos de determinadas épocas”, explicou.

De acordo com ele, muitos entendem o conceito de governamentalidade de Foucault como uma determinada função da mente para governar, porém, não é esse o entendimento correto. “Quando ele fala nisso, a 'mente' não refere-se à mente, mas sim ao modo, à forma de governo, um conjunto de métodos e saberes criados para produzir um determinado tipo de conduta”, afirmou o palestrante.

Bello também abordou a ideia de normatividade, que refere-se ao entendimento para se conduzir na ordem prática. “Se escolho como me portar em determinado ambiente, sigo um conjunto de regras anônimas. Elas nos conduzem e nos colocam em determinado modo de ser e pensar”, exemplificou.

Além disso, o palestrante falou sobre o entendimento da matemática como um saber normativo constituinte das práticas. Durante sua fala, questionou sobre que tipo de condutas a escola vai utilizar para formar cidadãos que pensem de determinadas formas. “Não devemos dizer que a sociedade se numeramentalizou nos últimos anos, mas sim, utilizar esse conceito como um dispositivo da modernidade”. Para Foucault, a constituição do sujeito se dá pela forma com que ele se relaciona com a verdade. Dessa forma, conforme Bello, também pode-se pensar a docência.

Retornando ao conceito de numeramento, ele citou a quantidade de números utilizados em noticiários, que servem como indicativos do que a sociedade considera ser aceitável. Como exemplo, citou números de doenças, de violência, de riscos. “É uma série de números que estão ali, mas sobre os quais não se toma nenhuma decisão”, ressaltou.

Bello citou, ainda, a importância da história, conforme Foucault, para ressignificar o passado no presente. “É necessário entender a história para entender como nossa sociedade vem definindo determinados tipos de subjetividade”, assinalou.

 

Texto: Tuane Eggers