Entre os dias 1º e 17 de maio, a professora doutora Jane Mazzarino esteve em Portugal, onde visitou o Instituto Politécnico de Leiria (IPL) e participou de diversas atividades na área ambiental, por meio de um convênio estabelecido entre o IPL e a Univates. Ao retornar para o Brasil, ela conta alguns detalhes dessa experiência, comparando diversos aspectos entre os dois países.

As atividades foram organizadas pelo professor anfitrião, Mario Oliveira. Uma delas foi a participação em reunião com professores das áreas de comunicação, educação e meio ambiente que atuam no Núcleo de Investigação e Desenvolvimento em Educação (Nide) e no Centro de Investigação, Identidade e Diversidade (Cidd), em Leiria.

Jane ministrou aulas em dois cursos de graduação: Animação Sociocultural e Educação Social, voltados para a atuação em grupos sociais. “Divulgamos as metodologias das vivências na natureza realizadas pelo projeto de extensão da Univates Comunicação para Educação Ambiental. São atividades que podem ser desenvolvidas pelos profissionais desses dois cursos”, conta ela.

A professora também reuniu-se com um dos coordenadores do Projeto Rios em Portugal, Pedro Teiga. O objetivo foi conhecer o projeto, que busca envolver grupos sociais em saídas de campo para coletar informações socioambientais sobre trechos dos rios europeus. O projeto é originário da região da Catalunha, na Espanha, e existe a intenção de desenvolver ações semelhantes na região do Vale do Taquari.

Jane observou que, em Portugal, os rios são lugares de encontro e não um divisor de territórios, como é comum no Brasil. Em Leiria, ela conheceu o projeto Polis, uma iniciativa de revitalização financiada pela União Europeia, que criou pontes temáticas ao longo do rio Lis, voltadas exclusivamente para as pessoas, sem trânsito de carros e motos. “É um processo de revitalização do rio. Criaram nas proximidades diversos locais de recreação, com elementos lúdicos e que testam até mesmo as leis da física, unindo também algumas atividades esportivas. Dessa forma, o rio se tornou um lugar de integração social”, ressalta a professora.

Ela considera que temos muito o que aprender e desenvolver em relação à ocupação dos espaços da cidade, para torná-los lugares de encontros, e não apenas de passagem. Em sua estadia em Portugal, Jane também percorreu o rio Lis, da nascente até a foz, passando por áreas rurais da região de Leiria, onde observou a diferença de ocupação do espaço em relação ao Vale do Taquari. No local, há inúmeras pequenas propriedades, sem espaços vazios ou de grandes cultivos entre elas.

Além disso, participou de duas visitas técnicas, quando buscou conhecer também os processos de comunicação e educação ambiental envolvidos. A primeira visita foi à Estação de Tratamento de Águas Residuais (Etar) Norte, que trata esgotos dos cerca de 250 mil habitantes da região de Leiria. Segundo a professora, é um projeto “arrojado e completo tecnicamente”. Além de tratar resíduos domésticos e industriais, também trata os suinícolas. “Nesse sentido, entendo que poderia ser implementado aqui no Vale do Taquari, pois a região conta com características semelhantes”, comenta.

Outra visita foi realizada ao Valorlis, que recolhe resíduos na região de Leiria. Por meio de um processo tecnológico e inovador, a estação de tratamento é capaz de separar e reaproveitar os diferentes tipos de lixos, incluindo aqueles que chegam sem prévia triagem. “Mesmo com todo investimento e tecnologia exemplar, os resultados de reaproveitamento dos resíduos domésticos não são tão diferentes dos que atingimos no Brasil, por meio de processos simples e manuais. Isso me faz reafirmar uma velha hipótese: enquanto não se investir maciçamente também em educação ambiental contínua e focada na cultura dos diferentes grupos sociais, a tecnologia sozinha não resolverá o problema”, salienta a pesquisadora.

As experiências e informações coletadas na viagem serão tema das aulas no Programa de Pós-Graduação em Ambiente e Desenvolvimento, no qual Jane leciona. “Além disso, o conhecimento também acaba perpassando as atividades do projeto de Comunicação para Educação Ambiental e será colocado em circulação nos grupos sociais com os quais interagimos”, completa.

 

 

Texto: Tuane Eggers