Na manhã desta sexta-feira, dia 27, a Univates deu início ao I Simpósio de Saúde do Trabalhador do Vale do Taquari, que prossegue nos turnos tarde e noite. A programação busca discutir os impactos ambientais e na saúde da população relacionados com a exposição ocupacional a solventes, além de discutir com profissionais da saúde os itinerários do usuário da Atenção Básica e a política voltada à saúde do trabalhador.
Na abertura do evento, o secretário de Saúde de Lajeado e professor da Univates, Glademir Schwingel, falou sobre a importância de abordar o tema, que muitas vezes é negligenciado. ?Muitos dos problemas de saúde que percebemos hoje são decorrentes das nossas formas de trabalhar?, ressaltou Schwingel, acrescentando que a intenção da Secretaria de Saúde é fortalecer o debate sobre o assunto. Em seguida, a diretora do Centro de Ciências Biológicas e da Saúde, Magali Grave, deu boas-vindas aos presentes e também salientou a importância de abordar o tema da saúde do trabalhador.
Após, a médica do trabalho com aperfeiçoamento em Saúde do Trabalhador, Adriana Skamvetsakis, iniciou sua palestra sobre ?Vigilância em Saúde do Trabalhador: efeitos da exposição ao benzeno?. Ela abordou o papel do Centro Regional de Referência em Saúde do Trabalhador da Região dos Vales ? Cerest/Vales, entidade em que atua na área da vigilância dos ambientes de trabalho. ?Está se trabalhando cada vez mais com o conceito de integralidade, e a atenção integral está indo muito além da integralidade da assistência, passando a atuar também na parte de vigilância?, explicou.
De acordo com Adriana, o benzeno é um tipo de solvente perigoso, principalmente porque pode causar câncer. Dessa forma, é uma substância que não oferece limite seguro de exposição, já que pode causar danos a diversos órgãos do corpo. ?Apesar de todo esse risco, essas substâncias estão constantemente presentes no nosso cotidiano, como é o caso dos derivados do petróleo. Então, há um grande número de trabalhadores exposto a elas?, alertou.
Segundo a médica, o benzeno é o mais tóxico dos hidrocarbonetos e conta com uma história de combate na saúde do trabalhador em nível mundial. ?Vocês sabem que é algo muito lucrativo, então colocar essa questão da saúde contra o desenvolvimento econômico é uma luta muito desigual. Hoje, não há nenhuma perspectiva de substituir o benzeno por outra matéria-prima, pois nosso mundo ainda depende muito do petróleo?, lamentou Adriana.
A palestrante acrescentou a importância de esclarecer que o risco não ocorre apenas para os trabalhadores. ?Por ser um contaminante do meio ambiente, o benzeno pode colocar a população em geral em risco?, destacou. Entre os locais em que o benzeno é mais encontrado estão indústrias de couro, metalurgia, adesivos e colas, tintas e indústrias de petróleo. ?Por contar com uso tão amplo, existe esse movimento no mundo de buscar o controle dessa substância?, complementou Adriana.
Após a palestra de abertura, foi abordado o tema ?Capacitação: discutindo o itinerário da população exposta aos solventes e seus agravos?, uma atividade exclusiva para profissionais da rede de Capacitação do Vale do Taquari. No turno da tarde, será realizada a palestra ?Vigilância em saúde do trabalhador: efeitos da exposição ao benzeno ? o papel do agente comunitário de saúde e do técnico em enfermagem?, que também será ministrada pela médica Adriana.
Depois da palestra, será realizada atividade sobre o tema, voltada para profissionais da rede de cuidado do Vale do Taquari. Já no turno da noite, o assunto abordado em conferência será ?Impactos na saúde relacionados ao trabalho e ao ambiente: a questão dos combustíveis?, também ministrada pela médica Adriana.
A atividade é gratuita e aberta a todos os interessados. Inscrições podem ser feitas pelo site www.univates.br/eventos. Mais informações podem ser obtidas pelo telefone (51) 3714-7000, ramal 5582.
Texto: Tuane Eggers