Pesquisa sobre carvão vegetal fóssil conta com participação de pesquisador alemão
Postado em 20/08/2014 09h58min
Por Nicole Morás
A internacionalização da Univates vai muito além do intercâmbio realizado todos os semestres por alunos de Graduação. A contribuição estrangeira em pesquisas é mais uma prática que expande o conhecimento. Exemplo disso é a vinda do pesquisador alemão Prof. Dr. Dieter Uhl, do Senckenberg Forschunginstitut und Naturmuseum, de Frankfurt am Main, que colabora com o projeto “Carvão vegetal macroscópico do Paleozoico Superior Gondwânico e suas contribuições para a construção de modelos paleoambientais globais”, coordenado pelo Prof. Dr. André Jasper.
De acordo com o Prof. Dr. Uhl, esta é a segunda vez que ele participa de atividades na Univates. “Desde 2005 trocamos informações e experiências. Queremos saber como as mudanças globais afetam os ecossistemas, fazendo uma relação com o que ocorreu no passado e o que poderia ocorrer no futuro para criarmos uma simulação de clima”, afirma.
Ele explica que é possível que as reações dos ecossistemas sejam as mesmas em situações similares. “São realizados estudos similares da Europa, África do Sul e Índia para que seja viável uma visão global sobre o tema, pois estas são áreas que compunham o paleocontinente de Gondwana durante a Era Paleozoica”, acrescenta.
O pesquisador explica ainda que entender o que ocorreu durante o final do Paleozoico no Gondwana é fundamental para que se possa construir modelos ambientais para o futuro, tendo em vista que este paleocontinente passou por um processo de aquecimento semelhante ao que alguns teóricos do clima estão prevendo para a Terra nas próximas décadas. Segundo ele, o que já pode ser estabelecido é que uma das principais medidas que devem ser adotadas para amenizar o impacto das mudanças climáticas é a redução da emissão de dióxido de carbono na atmosfera, além de frear o desmatamento.
Durante sua estada em Lajeado, o Prof. Dr. Uhl participou de ações de campo para as localidades de Quitéria e Curva do Belvedere, onde foram coletadas amostras de rochas sedimentares com carvão vegetal para análise. “Os pontos pretos que observamos no material indicam que houve incêndios”, afirma. Neste primeiro momento, o pesquisador deve acompanhar ainda atividades em Santa Maria, São Pedro do Sul e Aceguá.
Para o professor que coordena a pesquisa na Univates, Prof. Dr. André Jasper, a contribuição do pesquisador estrangeiro é fundamental para que o projeto alcance cada vez mais projeção internacional, além de demonstrar que a pesquisa feita na Instituição é de grande interesse, tanto social quanto científica, já que aborda um tema que impacta diretamente a qualidade de vida da população humana global.
O intercâmbio do professor é realizado por meio do Programa Ciência Sem Fronteiras, com recursos do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes). Estão previstas mais três vindas do docente à Univates, cada uma com a duração de um mês. Além disso, estudantes de doutorado do Programa de Pós-Graduação em Ambiente e Desenvolvimento da Univates devem realizar atividades junto à instituição de origem do pesquisador, na Alemanha, em três estadas de um ano.
Sobre a pesquisa
O projeto “Carvão vegetal macroscópico do Paleozoico Superior Gondwânico e suas contribuições para a construção de modelos paleoambientais globais” é desenvolvido pela equipe coordenada pelo Prof. Dr. André Jasper, no âmbito do Programa de Pós-Graduação em Ambiente e Desenvolvimento (PPGAD) da Univates. O tema geral abordado na proposta de pesquisa, que integra a linha de pesquisa Ecologia, na temática Gênese e Evolução dos Biomas Terrestres do PPGAD, é carvão vegetal macroscópico como indicativo direto de ocorrência de paleoincêndios vegetacionais durante o Paleozoico Superior do Gondwana e a sua importância para as análises paleoambientais regionais e globais. Estão envolvidos na pesquisa mais dois docentes do PPGAD, pesquisadores de outras instituições de ensino do Brasil e do exterior, além de estudantes de graduação em Ciências Biológicas da Univates e alunos de mestrado e doutorado.
Texto: Nicole Morás
Nicole Morás