Um estudo científico do Grupo de Pesquisa Práticas Ambientais e Redes Sociais, vinculado ao Programa de Pós-Graduação em Ambiente e Desenvolvimento (PPGAD), foi publicado na revista internacional Latin American Research Review (LARR), da Associação de Estudos Latinoamericanos da Universidade de Pitsburgo, Pensilvânia, Estados Unidos. O artigo intitulado “Interações comunitárias com os recursos hídricos em Marques de Souza, RS, Brasil: o elo perdido” aprofunda a relação da comunidade com a água a partir do viés sociocultural. As autoras são Jane Mazzarino, Luciana Turatti, Laura Barbieri de Oliveira, Cristiana Ruwe e Monique de Moraes Quadros. A revista é considerada de altíssima qualidade em duas áreas de conhecimento: caracteriza-se como A1 na área Interdisciplinar e B1 nas Ciências Ambientais.

 

O estudo baseou-se em pesquisas bibliográficas e de campo realizadas em 2011 e 2012. Foram realizadas 34 entrevistas em profundidade com moradores que representa a diversidade de ocupações sociais. Identificaram-se mudanças em relação às fontes, usos e modos de tratamento da água ao longo do tempo. Verificou-se que os moradores perceberam diferenças também em relação à quantidade da água que acessam, que era considerada mais abundante. Alguns entrevistados afirmaram que a enxurrada ocorrida no município em janeiro de 2010 os fez repensar a relação com os recursos hídricos. Entre as mudanças ocorridas com o maior acesso à informação os moradores afirmam poupar mais o recurso hídrico, reutilizar, armazenar e quem tem ocupação rural afirmou que diminuiu o uso de agrotóxicos. 

 

As principais fontes de informação são midiáticas. Nas relações sociais, os pesquisados preferem que sejam abordados aspectos econômicos, de saúde e higiene, ecológicos, legais e de gestão. Verificou-se que os moradores carecem de informações sobre a água, principalmente em relação às formas de tratamento, o que gera conflitos. Enquanto alguns defendem o tratamento da água para consumo, outros preferem que a água não passe por tratamento. Isso porque enquanto uns acreditam que o cloro ajuda a diminuir o risco de doenças, outros entendem que ele causa doenças. 

 

O tipo de ocupação dos informantes mostrou-se um elemento relevante nas relações que têm com a água. Outro dado apontado na pesquisa é que as relações sociais cotidianas se dão em contato com a água: o chimarrão com os amigos e os banhos nos campings do município. Mesmo assim, os informantes demonstraram preocupação com a contaminação das águas e, por isso, muitos evitam os banhos de rios.