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Viver muito é uma opção pessoal

Postado em 07/11/2016 11h11min

Por Ana Amélia Ritt

O 6° Simpósio Interdisciplinar de Saúde e Ambiente (Sisa) trouxe o Dr. Fernando Lucchese à Univates em maio deste ano. Lucchese formou-se em Medicina, em 1970, na Universidade Federal do Rio Grande do Sul (Ufrgs). Fez sua formação inicialmente no Instituto de Cardiologia do Rio Grande do Sul e, depois, na Universidade do Alabama, em Birmingham,

Estados Unidos. Atualmente, dirige o Hospital São Francisco de Cardiologia, um dos hospitais da Santa Casa de Porto Alegre. Como professor, fez sua carreira na Fundação Federal de Ciências Médicas, antiga Faculdade Católica e atual Universidade Federal de Ciências da Saúde, em Porto Alegre. A longevidade e as possibilidades do ser humano diante desse tema foram discutidas pelo doutor. Para ele, solidariedade, otimismo e espiritualidade são itens importantes. “O médico vendedor de receita está com os dias contados. Hoje é mão no ombro e olho no coração. Exige uma postura completamente humana”, conclui.

Em uma de suas entrevistas, o senhor disse que a felicidade é um dos caminhos para a longevidade. De que forma uma pessoa muito feliz pode viver mais tempo?
Hoje existe uma tentativa clara de tentar entender e definir “felicidade”. Quanto mais se estuda felicidade, mais ela se relaciona com saúde e mais ela se correlaciona com estilo de vida. Estilo de vida é um conjunto de fatores que fazem a vida do sujeito ser feliz. Por exemplo, vida pessoal e vida financeira organizada, profissão prazerosa, alimentação adequada, família feliz. Mais do que isso, é preciso também um meio ambiente organizado e saudável, e espiritualidade, uma crença, seja ela qual for. Viver dentro do que se pode, realizar exercícios... Então, eu tenho uma equação: saúde é igual a um bom estilo de vida. E será que isso não é felicidade? Portanto, saúde é igual a estilo de vida, que é igual à felicidade, que leva à longevidade. É uma equação simples. Não existe um “porto felicidade. Serei feliz quando...”. Todos que pretendem ser felizes em um dia não serão felizes nunca. Eu tenho que estar feliz aqui e agora, nos momentos. A felicidade conduz, inevitavelmente, a uma vida mais prolongada. Nós temos exemplos disso nas zonas azuis.

O que são as zonas azuis?
São os locais do mundo onde o número de centenários é desproporcional, maior do que o usual. Existem várias zonas azuis no mundo, em todas as partes fica claro que a vida das pessoas é mais feliz naquela zona. Longevidade e felicidade entram juntas na mesma equação.

O senhor teria alguns exemplos?
Sardenha (ilha do mar Mediterrâneo); Costa Amalfitana (sul da Itália); ilha de Okinawa (que fica no Japão e tem 30 mil centenários); Loma Linda (cidade do Estado americano da Califórnia que é um núcleo da igreja Adventista, uma igreja voltada à saúde e à felicidade), existindo neste último as mulheres mais velhas dos Estados Unidos.

E como está o Brasil diante de tudo isso?
O Brasil é um dos países que envelhecem mais rápido hoje. Em 2013, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) afirmou que o brasileiro vive hoje em torno de 74,9 anos. As mulheres vivem em média 71 anos e os homens, 78. Essa afirmação vem conectada com outra, que diz que a cada três anos o brasileiro aumenta um ano de longevidade. Ou seja, daqui a três anos vamos estar vivendo 75,9 anos. É um país que envelhece muito rápido. Isso é, certamente, a soma do conhecimento do que se adquiriu no século XX. O século XXI vai nos dar uma perspectiva ainda maior de vida, pois estamos integrando o conhecimento do século XX.

O Brasil é conhecido como um dos países mais felizes do mundo, não é? Como isso se reflete?
Exatamente. É uma população que está se adaptando a essa situação e está vivendo melhor. Ainda com uma série de erros alimentares, mas isso “não importa”, a felicidade é maior do que isso. Principalmente a visão positiva do futuro. Isso tem uma importância fantástica na longevidade. Indivíduos que tenham uma visão positiva do seu futuro vivem mais do que indivíduos que tenham uma visão negativa do seu futuro.

E o planejamento, também influencia?
Planejamento é fundamental, não é? Mas planejamento não é para todo mundo, aí o sujeito tem que ter educação, tem que ter uma estrutura para planejar. Mas planejar a vida longa é uma forma de viver mais, quer dizer, você define isso. Você vai planejar seus exercícios, sua alimentação, a forma de conviver em família e assim por diante.

Esta entrevista faz parte da edição 2 da Revista Univates. A versão digital pode ser conferida aqui.

Texto: Ana Amélia Ritt

Dr. Fernando Lucchese afirma que longevidade relaciona-se com bem-estar e felicidade

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