A Univates promove encontros mensais com empresas, indústrias, prestadores de serviço e lideranças da região. Os objetivos da ação são dialogar e pensar de forma conjunta o desenvolvimento regional, além de manter relacionamento próximo com os diversos setores da sociedade. 

 

Nesta terça-feira, dia 08, a participação foi da Mercur, representada pelo conselheiro de administração e facilitador Jorge Hoelzel Neto. Fundada em 1924, em Santa Cruz, a Mercur atua no desenvolvimento e produção de materiais para educação (borrachas, corretivos líquido, colas e tintas), saúde (bolsas de água quente, cintas estéticas e para cuidado da coluna, andadores, bengalas) e revestimentos (pisos e mantas de borracha). Além da Reitoria, estiveram presentes no encontro dirigentes e gestores de diversas áreas da Univates.  

 

Sobre a Mercur

 

Em 2008 a empresa passou por um processo de reestruturação. A partir da pergunta “Você já pensou como seria o mundo se você não existisse mais?”, a Mercur optou por reposicionar a marca com o propósito de buscar a sustentabilidade social e ambiental. “O propósito da Mercur é ajudar a construir um mundo de um jeito bom para todo mundo, pensando no bem-estar coletivo e a partir daquilo que sabe fazer. Sabemos que é uma utopia, mas as utopias estão aí para serem alcançadas”, defende Jorge.

 

Com a reestruturação, o primeiro compromisso assumido foi unir pessoas e organizações para criar soluções sustentáveis. “A questão não é buscar fazer menos mal para o meio ambiente, é fazer de acordo. Fazer do melhor jeito”, explica. A partir do estudo, foram elencados direcionadores da empresa. Entre os princípios assumidos pela indústria estão: atuar em função das pessoas; buscar soluções relevantes com simplicidade; atuar com ética em todos os relacionamentos; preservar para a posteridade e atuar em mercados éticos, que valorizam a vida. A partir do reposicionamento, a empresa deixou de atender empresas que envolvem operações com tabaco, armamentos, jogos de azar, agrotóxicos, bebidas alcoólicas e que impõem maus tratos a animais.

 

Ações como comprar borracha de seringueiros da Amazônia, um mercado esquecido que deixou famílias sem renda, é uma das propostas da Mercur. “A gente não quer fomentar a extração da borracha na Amazônia, mas manter aquele mercado é importante pois onde tem seringueiro ninguém derruba árvore. É uma forma de preservar e dar renda para aquelas pessoas que não tinham como voltar para suas casas e precisavam de renda depois que o mercado parou de usar a matéria-prima deles”, comenta Jorge. Hoje a compra dos seringueiros representa cerca de 3% da borracha natural utilizada pela indústria. “Outra meta que temos é diminuir cada vez mais os insumos não renováveis. Para isso temos trabalhado incessantemente em nossos laboratórios, modificando nossos produtos”. A Mercur ostenta hoje o selo de carbono neutro. Depois de diminuir sensivelmente a emissão de carbono, a empresa equilibrou a conta com plantio de árvores nativas no Rio Grande do Sul. Para o conselheiro, os avanços na sustentabilidade são constantes. “A cada passo descobrimos coisas que precisam ser melhoradas, trocadas. Sabemos que temos teto de vidro, que estamos longe ainda do ideal, mas estamos construindo para estar cada dia mais perto”, sinaliza.

 

Saúde financeira melhorou com reposicionamento

 

Questionado sobre o impacto financeiro que a indústria teve com o reposicionamento, Jorge apontou o crescimento da Mercur. “Agora a responsabilidade com o dinheiro da empresa é maior. No momento em que nos propomos a fazer um trabalho mais coletivo, a criar uma cadeia de sustentabilidade, cuidamos melhor do nosso dinheiro, da saúde financeira da empresa, pois hoje temos a resposta que buscávamos em 2008, quando nos reposicionamos: hoje temos impacto na vida das pessoas. Então hoje a responsabilidade com gastos é muito maior. Nada pode ser desperdiçado”, revela o facilitador.

 

Atualmente há diversos alunos da Univates estagiando na indústria da Mercur. Além disso, a Mercur foi parceria da Instituição no Desfile de Moda Inclusiva do Curso de Design de Moda, por exemplo. Para Jorge, é importante esse relacionamento com universitários. “Queremos estar onde podemos aprender. E os jovens universitários apresentam uma pegada despojada, que é necessária para entendermos melhor as pessoas para as quais trabalhamos. Além disso, unir a teoria com a prática é uma ótima oportunidade para eles entrarem no mercado de trabalho”, finaliza.

 

Texto: Elise Bozzetto