Visibilidade às populações “esquecidas”
Os professores que atuam nas escolas de Educação Básica normalmente sentem dificuldade em encontrar informações sobre a história regional, o povoamento e a colonização do Vale do Taquari. O livro didático é a principal ferramenta utilizada em sala de aula, que tem carência nesse assunto. Outro obstáculo é a formação dos professores das séries iniciais, em sua grande maioria diplomados em Pedagogia. Normalmente eles não conhecem com mais profundidade o tema, tendo dificuldade em tratar do assunto.
Desde 2001 são desenvolvidas pesquisas na Univates sobre as etnias inclusas no processo de formação social, política e econômica do Vale. Os estudos abordam as sociedades que se estabeleceram na região até o século XIX. “O projeto surge para suprir uma lacuna regional. Há obras com foco na imigração europeia – portuguesa, alemã e italiana –, mas que não falam sobre os indígenas que se estabeleceram no Vale, os jesuítas e escravizados africanos, por exemplo”, conta Kreutz.
O projeto publicou um livro para dar visibilidade às populações que são geralmente “esquecidas”, mas que contribuíram para a formação social, econômica e política do Vale. A obra aborda a colonização dos períodos pré-colonial e colonial, a preservação da memória histórica regional e os patrimônios legados. “É o papel da Arqueologia e da História, entre outras ciências, disponibilizar ferramentas que auxiliem na compreensão da diversidade cultural, para diminuir as diferenças sociais e formar cidadãos mais justos e tolerantes”, reconhece o pesquisador.
Os professores precisam ter um material de apoio em que possam basear suas aulas. O livro não conseguiu abranger toda a história da região, pois é uma compilação de dados sobre o povoamento, mas pode ser usado na sala de aula. A obra reúne dissertações e artigos de pesquisadores vinculados ao Laboratório de Arqueologia do Museu de Ciências (MCN) da Instituição.