As atividades serão orientadas pela professora doutora Neli Teresinha Galarce Machado, docente permanente do PPGAD, coordenadora do Programa e bolsista de Produtividade em Pesquisa CNPq, Nível 2. Estarão envolvidas as Universidades Federal de Pelotas (Ufpel), Comunitária da Região de Chapecó (Unochapecó), do Vale do Rio dos Sinos (Unisinos) e Federal do Piauí (UFPI). Os estudos também terão envolvimento do Instituto Nacional de Antropología y Pensamiento Latinoamericano (INAPL, Buenos Aires, Argentina).
A pesquisadora quer entender se, apesar de uma mesma origem amazônica, ao se dispersarem por ambientes heterogêneos carregando consigo especificidades na língua, na cultura material e na organização social, teriam apresentado também variações regionais no uso e no consumo de recursos botânicos.
Para isso, Fernanda vai investigar e adicionar dados ao tema comparativamente a partir da análise de três contextos arqueológicos Tupi-Guarani distintos: um sítio Guarani do Sul do Brasil (sítio RS-T-114, no Rio Grande do Sul), um sítio Tupinambá do Nordeste do Brasil (Sítio Ipanema, Pernambuco) e um sítio Proto-Tupinambá do Nordeste do Brasil (Sítio Baixio dos Lopes, Ceará).
Nos sítios selecionados serão realizadas análises de assembleias de vestígios carpológicos carbonizados seguindo quatro fases metodológicas: coleta, triagem, análise tafonômica e análise taxonômica.
“Entre muitas possibilidades da Arqueobotânica optou-se pela análise de vestígios carpológicos porque, em geral, essa classe de vestígio apresenta excelente preservação nos contextos arqueológicos, e tem aparecido em grande quantidade nas camadas de ocupação Tupi-Guarani (em especial nas terras pretas)”, revela Fernanda. Além disso, é de fácil recuperação e aplicação metodológica em laboratório, possui alto potencial para a identificação de espécies cultivadas e silvestres e, por fim, apresenta baixo custo de análise”, explica.
Entre os resultados esperados, Fernanda tem a expectativa de observar semelhanças e diferenças na utilização de recursos botânicos entre os diferentes contextos Tupi-Guarani avaliados, possibilitando, assim, inferir sobre o grau de prescritividade Tupi-Guarani quanto à utilização dos recursos botânicos, além de avaliar possíveis mudanças nas estratégias econômicas ao longo do tempo e do espaço ou mesmo observar adaptações alimentares regionais vinculadas aos ambientes ocupados.
“Embora esse seja um tema bastante discutido hipoteticamente no cenário arqueológico, ainda necessita de dados consolidados e sistemáticos para o caso Tupi-Guarani, tal como este projeto se propõe a investigar”, explica a doutora. Destaca também o seu impacto com relação à difusão do conhecimento e colaboração científica. Neste caso, uma vez que a proposta está associada a um grupo composto por pesquisadores sediados em diferentes instituições nacionais e internacionais, estimulará a cooperação científica e, por consequência, a difusão do conhecimento produzido.