
Birgith Roosipuu
Estudantes do curso de Biomedicina da Univates investigam ação do óleo de coco em infecções
Postado as 22/02/2023 11:35:18
Por Lucas George Wendt
Duas estudantes do curso de Biomedicina da Universidade do Vale do Taquari - Univates, Rafaela Andreola e Vitória Couto da Cruz, em conjunto com a professora doutora Geórgia Muccillo Dexheimer, publicaram um estudo na Revista Brasileira de Análises Clínicas. As três pesquisaram o uso etnofarmacológico do óleo de coco para a inibição de Candida sp., Escherichia coli e Pseudomonas aeruginosa, bactérias que provocam infecções.
Entendendo o estudo
A ideia surgiu por conta da disseminação de informação na internet sobre o uso do óleo de coco encontrado no mercado para tratamento de infecções vaginais, especialmente a candidíase. Também foram encontradas indicações para tratamento de infecções bacterianas não somente cervicovaginais, mas também urinárias. Por isso, as duas alunas testaram a eficácia do óleo de coco na inibição do crescimento de bactérias e fungos comumente presentes nessa região do corpo feminino.
As infecções vaginais ou urinárias podem causar desconforto para a mulher, como coceira, irritação e ardência. Isso é provocado pelo dano nos tecidos em razão do processo inflamatório na região. Nesses casos, é indicado utilizar uma medicação que tenha capacidade de diminuir a quantidade do microrganismo no local, eliminando-o. Apenas tratar o sintoma pode causar a recorrência da infecção.
Entendendo os resultados
“O que encontramos no trabalho realizado pelas alunas foi que o óleo de coco extravirgem comprado em mercado, que é muito utilizado para ‘tratamento’ dessas infecções, não é uma boa opção isolada para essa finalidade”, explica a professora Geórgia. “Isso porque o óleo de coco nessa formulação (a do mercado) não inibiu sozinho o crescimento dos microrganismos. Contudo, ele pode auxiliar no controle dos sintomas, amenizando a inflamação e auxiliando no reparo dos tecidos”, acrescenta a docente.
A partir dos resultados obtidos na pesquisa, percebeu-se que o óleo de coco comercial não apresentou potencial antimicrobiano mínimo para promover inibição do crescimento microbiano. O óleo de coco pode apresentar funções importantes no processo anti-inflamatório e no reparo de tecidos. Sendo assim, o uso etnofarmacológico do óleo pode permitir o alívio de sintomas provocados por infecções, como irritação local, prurido e ardência, porém sem controlar o agente etiológico, necessariamente.
Portanto, salienta-se a importância de avaliar corretamente cada processo patológico e fazer uso da terapêutica adequada a fim de evitar recidivas da infecção mal curada. Com a pesquisa, percebeu-se a necessidade de realizar outros testes de sensibilidade antimicrobiana do extrato de óleo de coco que demonstrem em qual concentração ou fração desse extrato situa-se o elemento responsável pela ação inibitória do crescimento de patógenos. Por fim, cabe destacar que tratamentos não convencionais devem apresentar efetividade e segurança para uso.
Importante salientar que a melhora dos sintomas em si não simboliza a eliminação do agente causador ou regressão da infecção, que, se não tratada corretamente, pode retornar. “É importante que, ao aparecerem os sintomas, a pessoa procure auxílio médico para realização de exames que permitam a identificação do microrganismo para escolher o melhor método de tratamento”, explica a professora Geórgia.
O estudo acende um alerta sobre os métodos de tratamento não convencionais para problemas de saúde de diferentes tipos e origens. “Devemos sempre verificar a efetividade e segurança dessas opções. No caso do óleo de coco, existem técnicas diferentes para sua extração, e esse é um dos fatores que refletem nas diferentes composições do produto final, alterando sua efetividade para algumas finalidades”, finaliza a docente.