Em um movimento estratégico de fortalecimento da internacionalização do ensino superior, o Consórcio das Universidades Comunitárias Gaúchas (Comung) e o consórcio acadêmico português Erasmuscentro assinaram, nesta quarta-feira (23), um convênio de cooperação institucional.
A solenidade ocorreu na Universidade Feevale, em Novo Hamburgo, e contou com a presença de dirigentes acadêmicos de ambas as entidades, além de representantes diplomáticos e autoridades ligadas à educação superior internacional. A Universidade do Vale do Taquari - Univates esteve representada pela vice-reitora, professora Cintia Agostini, e por profissionais do Escritório de Relações Internacionais (ERI).
A parceria consolida uma articulação iniciada há cerca de um ano, durante encontros promovidos pela Associação Brasileira de Educação Internacional (Faubai), e representa um marco nas relações acadêmicas entre Brasil e Europa. O acordo é o primeiro firmado pelo Erasmuscentro com instituições fora da União Europeia, sinalizando uma abertura inédita para novas fronteiras da cooperação educacional lusófona.
Um passo estratégico para a internacionalização
A cerimônia foi conduzida pelo reitor da Feevale, José Paulo da Rosa, que destacou a qualidade da infraestrutura e da produção acadêmica das 14 instituições integrantes do Comung.
O presidente do Comung, Rafael Frederico Henn, também reitor da Universidade de Santa Cruz do Sul (Unisc), reforçou a importância estratégica da colaboração para o desenvolvimento regional e para o reconhecimento internacional das instituições gaúchas.
A diretoria do Comung esteve representada ainda pelos reitores Pe. Sérgio Eduardo Mariucci, secretário da entidade e reitor da Unisinos, e Dieter Rugard Siedenberg, tesoureiro e reitor da Unijuí, reafirmando o apoio unânime das instituições consorciadas ao novo acordo.
Representantes portugueses destacam o potencial da parceria
A delegação portuguesa presente à assinatura incluiu importantes lideranças do Erasmuscentro, consórcio formado pelos institutos politécnicos de Coimbra, Castelo Branco, Guarda, Leiria, Portalegre, Santarém, Viseu e Tomar. Entre os integrantes estavam João Vinhas Marques, presidente da Comissão de Gestão do Erasmuscentro e vice-presidente do Instituto Politécnico de Viseu; Maria João Pinto Cardoso, coordenadora do consórcio e pró-presidente do Instituto Politécnico de Coimbra; Carla Ravasco Nobre, pró-presidente do Instituto Politécnico da Guarda; Helder Orlando Cardoso Pereira, vice-presidente do Instituto Politécnico de Santarém; Célio Gonçalo Cardoso Marques, do Instituto Politécnico de Tomar; e Fátima Susana Amante, também do Instituto de Viseu. Participaram ainda, de forma remota, os pró-presidentes Nuno Miguel Almeida, do Instituto Politécnico de Leiria, e Maria José d’Ascensão, do Instituto de Portalegre.
Durante os discursos, os representantes portugueses ressaltaram que a missão do Erasmuscentro é promover a mobilidade acadêmica e docente, o intercâmbio de boas práticas institucionais e a construção de projetos conjuntos de pesquisa e inovação.
Raízes do acordo e perspectivas futuras
Segundo a diretora de Relações Internacionais e Institucionais da Feevale, Paula Casari Cundari, o entendimento firmado é fruto de um ano de articulações e aproximações institucionais. A parceria contempla, entre outras ações, a promoção de mobilidade estudantil e docente, a realização de estágios profissionais em países europeus para estudantes brasileiros, o desenvolvimento de projetos interinstitucionais em áreas estratégicas e a criação de redes internacionais de pesquisa, inovação e transferência de conhecimento. Além disso, pretende fomentar a visibilidade das universidades envolvidas e ampliar sua inserção em redes acadêmicas internacionais.
Cifras e impacto: bolsas Erasmus+ e intercâmbio bilateral
Uma das principais inovações do convênio é a adesão ao programa Erasmus+, financiado pela União Europeia. A expectativa é de que, a partir de 2025, estudantes brasileiros possam receber bolsas para estudar em Portugal por períodos de até quatro meses. O valor das bolsas, como exemplificado na cerimônia, gira em torno de 2.495 euros por aluno, quantia suficiente para cobrir despesas com passagem aérea, alimentação, alojamento e material acadêmico.
Do lado europeu, a previsão é de que pelo menos 32 estudantes portugueses venham ao Brasil anualmente, frequentando cursos de graduação nas universidades do Comung. A experiência permitirá não apenas o aprofundamento acadêmico dos estudantes, mas também um mergulho em contextos socioculturais diversos, promovendo o intercâmbio de experiências e o fortalecimento de laços entre os dois países.
Números
O impacto potencial do convênio se traduz também em números expressivos. O Comung, formado por 14 universidades comunitárias, é responsável por mais de 153 mil estudantes matriculados em aproximadamente 900 cursos de graduação. As instituições consorciadas mantêm ainda 16 mil colaboradores, oito parques tecnológicos com mais de 600 startups e cerca de 1.200 parcerias internacionais já estabelecidas.
Já o Erasmuscentro congrega oito institutos politécnicos que somam 46 mil alunos e estão integrados a 41 estruturas associativas empresariais em Portugal, abrangendo um universo de aproximadamente 40 mil empresas. Essa conexão entre o setor acadêmico e o setor produtivo é uma das forças do consórcio europeu, que aposta na formação técnica, na inovação e na empregabilidade como pilares de sua atuação.
Além dos benefícios imediatos para estudantes e professores, o acordo também reforça a filosofia das universidades comunitárias gaúchas, que se sustentam no modelo de governança autônoma, sem fins lucrativos e com forte inserção regional. Essa identidade, compartilhada pelas instituições portuguesas, é vista como um diferencial importante para o êxito da cooperação.
Caminhos para o futuro
O próximo passo da parceria é a publicação de editais conjuntos, prevendo a seleção de estudantes e professores para atividades de intercâmbio já no segundo semestre de 2025. Paralelamente, estão sendo elaboradas propostas para submissão em chamadas públicas europeias e brasileiras voltadas à pesquisa, inovação e desenvolvimento institucional.
A perspectiva é de que o convênio evolua para um modelo mais robusto de cooperação, incluindo programas de pós-graduação integrados, cursos em regime de dupla titulação e o compartilhamento de boas práticas em gestão acadêmica e inovação curricular.