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Professora conta sobre as ilhas de Timor-Leste

Postado em 18/10/2012 13h38min

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A professora e socióloga do Centro de Ciências Humanas e Jurídicas (CCHJ) da Univates, Shirlei Mendes da Silva, foi selecionada para lecionar durante o ano letivo de 2012 na Universidade Nacional de Timor-Leste (UNTL). Ela envia notícias periódicas das atividades desenvolvidas nesse país.

Confira o último relato:

As cavernas de Tutuala

 

Timor-Leste possui belezas naturais impressionantes. Fui visitar a ilha de Jacó, uma espécie de área de preservação ambiental, porém desabitada. Jacó é um paraíso para o mergulho, com águas absolutamente transparentes.

Para chegar a Jacó deve-se ir para Tutuala, que possui duas pequenas pousadas para receber os corajosos turistas dispostos a enfrentar cerca de dez horas de estradas, aliás, péssimas estradas. Fiz o percurso em dois dias. Primeiro, parei em Baucau, a segunda maior cidade depois de Díli. São 120 quilômetros de subida de montanha e depois chega-se às belas praias de Baucau. Levei quase cinco horas para fazer este percurso. E comecei a descobrir o interior de Timor.

Ao longo da estrada deserta, asfaltada, porém esburacada, começo a entender o que é ser timorense. As plantações de arroz vão tomando conta do horizonte, herança dos vizinhos indonésios durante a ocupação. Junto aos campos de arroz, búfalos, muitos búfalos. Alguns vão para o abate, mas boa parte é oferecida como dote do noivo para o casamento, compondo a tradição do barlaque. Juntamente com os búfalos, as cabras têm o mesmo destino. Além dos búfalos e das cabras, aparecem aqui e ali as pequenas vilas, compostas, em sua maioria, por choupanas feitas de palapa. A palapa é uma espécie de coqueiro, cujo talo é usado para construir as “paredes” e as folhas servem para construir o telhado das casas (ver foto abaixo).

No dia seguinte, segui para Tutuala, mais 130 km de estrada, que pioravam a cada trecho. Parei para almoçar em Los Palos. Até Tutuala são sete quilômetros de uma estrada de chão totalmente esburacada. Confesso que meu espírito aventureiro diminuía a cada buraco. Finalmente, depois de seis horas de muita paciência, o paraíso. Primeiro, atravessar(percorrer?) dois quilômetros, de lancha, para me banhar nas águas de Jacó. Retornei no final do dia, com uma lua cheia me guiando em meio à noite totalmente escura. Na manhã seguinte marquei com a guia (uma moradora local) para irmos às cavernas pré-históricas de Tutuala. São 30 minutos de subida constante, em meio à mata.

De repente, a caverna, enorme, escura, silenciosa. Segundo os arqueólogos, são 13 mil anos de história, cujo legado são os desenhos rupestres no teto da caverna (conforme foto), cerca de 2 ou 3 metros do chão. O silêncio da história me cerca, apenas o canto dos pássaros me lembra que estou numa caverna perto do fim do mundo… ou do início, conforme o ponto de vista. Depois de tudo isto, a volta parece-me mais amena, pois o espírito está inundado de novos sentimentos. E lembro de Fernando Pessoa: “Tudo vale a pena, se a alma não é pequena”.

Shirlei Ines Mendes da Silva

De Díli, Timor-Leste

Professora Shirlei Mendes da Silva

Divulgação

Shirlei Mendes da Silva

Shirlei Mendes da Silva

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