Guilherme Giovane Marmitt, diplomado em Educação Física - bacharelado pela Universidade do Vale do Taquari - Univates, realizou um estudo que correlaciona a capacidade funcional e a qualidade de vida de idosos praticantes de ginástica comunitária por pelo menos um ano na cidade de Cruzeiro do Sul. Orientado pelo professor Carlos Leandro Tiggemann, o Trabalho de Conclusão de Curso (TCC) foi desenvolvido com um grupo de 50 pessoas, de ambos os sexos, com 60 anos ou mais, residentes no município.
De caráter quantitativo, descritivo e correlacional, a pesquisa envolveu a aplicação de um questionário impresso, dividido em três etapas. Em um primeiro momento, os participantes responderam a questões sociodemográficas, fornecendo informações pessoais como nome, idade, peso e altura. Depois, Marmitt aplicou os questionários WHOQOL - OLD e HAQ-20, utilizados para avaliar a qualidade de vida e a capacidade funcional dos idosos, respectivamente.
O questionário WHOQOL - OLD é constituído de 24 perguntas, divididas em seis facetas: Funcionamento do Sensório (FS), Autonomia (AUT), Atividades Passadas, Presentes e Futuras (PPF), Participação Social (PSO), Morte e Morrer (MEM) e Intimidade (INT). Já o questionário HAQ-20 apresenta 20 questões que avaliam a capacidade de realizar tarefas cotidianas como vestir-se, levantar-se, caminhar, fazer a higiene pessoal e alcançar e pegar objetos.
Os resultados do estudo revelaram que idosos fisicamente ativos e com boa capacidade funcional tendem a ter uma qualidade de vida superior àqueles que apresentam uma capacidade funcional um pouco abaixo do ideal. Verificou-se que os indivíduos com melhor qualidade de vida estão mais propensos a manter um estilo de vida ativo por meio da prática de exercícios físicos, como a ginástica comunitária.
O período de tempo dedicado à prática regular de ginástica pode ter sido um dos fatores que contribuíram para os resultados da pesquisa. Foram observadas correlações fracas, mas relevantes, entre qualidade de vida e capacidade funcional. Essas correlações foram mais evidentes em áreas como o funcionamento sensorial e a percepção de aspectos relacionados à morte e ao morrer, assim como em atividades do dia a dia, como vestir-se, realizar a higiene pessoal e pegar objetos.
Envelhecer de forma saudável envolve, além da manutenção da saúde física, o fortalecimento das dimensões emocionais e sociais da vida. A pesquisa de Marmitt constatou que a prática de ginástica comunitária tem impacto na capacidade funcional e na qualidade de vida dos idosos, promovendo benefícios como o aumento da independência nas atividades diárias e a melhora da autoestima.
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Os bastidores da pesquisa
Conversamos com Marmitt e Tiggemann para entender quais são os maiores desafios enfrentados durante o processo de envelhecimento e como a prática regular de exercícios físicos pode ajudar a superá-los. Leia os depoimentos do orientando e do orientador.
“Acredito que o primeiro passo é o mais desafiador para o idoso: a mudança de hábitos. Ele precisa sair da sua zona de conforto (seu sofá quentinho) para buscar qualidade de vida por meio da realização de alguma atividade física. Todos querem ter uma vida independente e longeva, mas questiono: quantos estão dispostos a trabalhar arduamente para poderem chegar lá?
Para que possam chegar lá, é necessário observar, além da quantidade de treinos, a qualidade de movimento e sua continuidade pela prática de exercícios durante os anos. É importante lembrar, baseado em evidências atualizadas, que o público idoso tende a perder massa magra conforme o passar dos anos. Por isso, essas pessoas devem realizar alguma atividade física, acompanhadas de um profissional qualificado que seja capaz de orientá-las durante as práticas. Dessa forma, os idosos conseguirão melhorar seus índices de força, flexibilidade e equilíbrio.
A ginástica comunitária pode proporcionar todas essas capacidades físicas, que sabemos que são fundamentais para que os idosos consigam manter uma vida mais ativa, desempenhar suas atividades diárias e tornarem-se pessoas mais independentes.” - Guilherme Giovane Marmitt
“A prática de exercícios físicos é fundamental para um envelhecimento saudável e, principalmente, funcional. Não basta melhorar os marcadores metabólicos e fisiológicos como a glicemia, a pressão arterial ou o peso corporal, é fundamental que o idoso consiga desempenhar satisfatoriamente suas tarefas do dia a dia. Dois aspectos são importantes de mencionar, baseados nas evidências científicas mais atuais: idoso precisa de massa muscular para envelhecer bem.
Treinamentos com bons volumes e um tanto intensos são necessários para gerar um bom nível de hipertrofia muscular e, dessa forma, ter melhor saúde. Outro ponto importante é que os treinamentos contenham na sua sobrecarga semanal pelo menos uma boa sessão de exercícios de potência. Isso mesmo: potência muscular. Desempenhar força com velocidade é um dos parâmetros mais importantes para uma boa funcionalidade.” - Carlos Leandro Tiggemann