Coordenação: Eduardo Périco
Pesquisador(a):
Eduardo Périco
Fontes Financiadoras:
Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico - CNPq
Resumo:
Ecossistemas de água doce (e.g., riachos, rios, lagoas, lagos, áreas úmidas, águas subterrâneas) apresentam grande importância socioambiental, devido a ampla oferta de serviços ecossistêmicos, tais como de provisão (consumo de água potável e recursos pesqueiros), de regulação (agricultura, pecuária, indústria e geração de energia, etc.) além de importância turística e paisagística, sendo a maioria deles proporcionado direta ou indiretamente pela biota aquática. Os serviços ambientais são a interface básica entre o capital natural e o bem-estar humano. O desenvolvimento econômico, a qualidade de vida e a união das sociedades humanas, são irremediavelmente dependentes dos serviços gerados pelos ecossistemas, sendo indispensável seu mapeamento e valoração. Os Campos do Sul do Brasil abrangem uma variedade de fisionomias de vegetação, os quais caracterizam diferentes estruturas de paisagem, e que estão cada vez mais sujeitas à conversão para uso antrópico, principalmente para pastagens e terras agrícolas. A conversão de ecossistemas originais acarreta perda de habitat e altera a composição das espécies nas áreas remanescentes. Por conta disso, as funções ecológicas são severamente afetadas e comprometem a capacidade dos ecossistemas de suprir os chamados serviços ecossistêmicos. Estudos prévios no bioma Pampa indicaram que as comunidades de insetos aquáticos são altamente dependentes das condições ambientais circundantes aos corpos d’água, porém as respostas são variadas conforme as classes de uso da terra. Com base na ausência de estudos sobre serviços ecossistêmicos para a avaliação ambiental dos ecossistemas aquáticos dos Campos Sulinos, e suportados pelas premissas de que: (i) os limiares de efeitos de perda de cobertura vegetal natural sobre a biodiversidade de insetos aquáticos variam entre biomas; (ii) serviços ecossistêmicos são frequentemente associados ao aumento da heterogeneidade da paisagem e a quantidade de vegetação original; entretanto, esse padrão não é uma regra; (iii) de que as comunidades de insetos aquáticos estão fortemente associadas ao uso da terra circundante e de que (iv) estas respondem de forma diferente a variáveis ambientais de acordo com o ecossistema aquático nos Campos Sulinos, a hipótese geral desta proposta é de que as comunidades de insetos aquáticos, e consequentemente os serviços ecossistêmicos por elas prestados, irão apresentar associação distinta com os usos da terra predominantes no entorno dos ecossistemas de água desta região. Assim, o objetivo geral desta proposta é entender como o uso do solo no entorno de áreas úmidas podem influenciar na distribuição de espécies de insetos aquáticos, e, consequentemente, nos processos ecológicos, funções e serviços ecossistêmicos associados em ecossistemas aquáticos dos Campos Sulinos. Para isso, coletaremos insetos aquáticos, que serão classificados conforme o tipo de serviço ecossistêmico que oferecem, utilizando um dataset composto inicialmente por 180 sítios locais incluindo variados ecossistemas aquáticos (i.e., riachos, reservatórios e áreas úmidas), distribuídos ao longo da extensão dos Campos Sulinos e submetidos a diferentes usos antrópicos da terra no seu entorno (agricultura, silvicultura, pecuária) bem como de vegetação original nativa. Os resultados deste projeto buscam relacionar os achados ao risco ecológico da conversão da paisagem sobre os serviços ambientais providos pelos insetos aquáticos e pelas áreas úmidas naturais, e servirão, entre outras coisas, para embasar a criação e promulgação de leis de proteção ambiental, que busquem regulamentar e melhorar o uso solo associado às áreas úmidas.