Coordenação: André Jasper
Pesquisadores:
Fundação Vale do Taquari de Educação e Desenvolvimento - FUVATES
Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico - CNPq
O projeto representa a continuidade e ampliação da abrangência estratigráfica e paleogeográfica do estudo de evidências paleobotânicas de paleoincêndios vegetacionais presentes no registro fóssil e da análise da dinâmica desses processos. Os estudos inovadores desenvolvidos pelo grupo de pesquisa subsidiaram a consolidação da temática de fronteira da paleontologia estratigráfica, representando importante ferramenta na compreensão dos processos envolvidos na evolução do Sistema Terra. A consolidação de parcerias nacionais e internacionais garantirão o acesso a exposições de níveis sedimentares de ampla distribuição paleogeográfica, permitindo uma análise mais abrangente das características de diferentes ocorrências de macro-charcoal pré-Quaternário. É muito provável que exista uma relação direta entre esses eventos e as inegáveis mudanças climáticas às quais o planeta estará sujeito em médio e longo prazo. Por outro lado, pesquisas recentes têm demonstrado a relação do fogo com a evolução da vegetação, atmosfera e clima, mesmo quando as fontes de ignição eram exclusivamente não antrópicas. Dados iniciais indicam que evidências de paleoincêndios são mais comuns nas fases de amenização climática dos ciclos de longo termo (icehouse-greenhouse). Todavia, lacunas de amostragem têm dificultado a confirmação dessa relação, impedindo a compreensão causal entre as mudanças climáticas e a dinâmica dos paleoincêndios. Assim, o projeto pretende combinar os dados produzidos com os ciclos climáticos de longo termo (regionais e globais). Com base nisso, será possível definir a existência (ou não) de oscilações atreladas aos ciclos paleoclimáticos que influenciaram a biodiversidade continental ao longo do Fanerozoico. Além de representar um problema de pesquisa de interesse para a área de conhecimento, a elucidação dessa questão se constitui em conhecimento básico fundamental para a compreensão do impacto das ações humanas sobre o meio.
O Museu de Ciências da Univates (MCN/Univates) possui um acervo científico único de grande relevância para o desenvolvimento científico do país. Localizado no Vale do Taquari, Rio Grande do Sul, é o único museu de ciências da região e alberga amostras importantes para a compreensão da evolução dos sistemas naturais da área em que está inserido e do mundo. Constituído por coleções de Arqueologia, Botânica, Paleontologia e Zoologia, o museu é responsável pela salvaguarda de material proveniente de diferentes regiões do estado e do mundo, o que o torna referência nacional e internacional no âmbito da pesquisa científica e na produção de resultados de alto impacto. A proposta apresentada permitirá adequação e modernização da infraestrutura e dos equipamentos necessários para a preservação do acervo e para a sua disseminação e acesso pela comunidade científica nacional e internacional. Além disso, a disponibilização digital prevista contribuirá para a popularização da ciência brasileira, possibilitando que a sociedade tenha acesso facilitado aos materiais disponíveis nas coleções. A integração do MCN/Univates às diretrizes do Conselho Internacional de Museus (ICOM) e do Instituto Brasileiro de Museus (IBRAM), garantem a sua inserção no contexto atual dos sistemas de conservação e disseminação do patrimônio científico global.
Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico - CNPq
.Modelos quantitativos sugerem que incêndios vegetacionais naturais podem ser tornar mais frequentes e intensos em diferentes biomas modernos, devido às mudanças climáticas globais em curso. Porém, a compreensão da dinâmica do fogo no sistema Terra ainda é um processo em construção, e para um completo entendimento desta, é necessária uma visão integral sobre tal fenômeno ao longo da história da Terra. Em escala geológica, o intervalo Carbonífero–Permiano pode ser considerado uma janela de oportunidades para estudar a interação entre fogo, clima, atmosfera e vegetação, uma vez que este experienciou uma transição paleoclimática icehouse–greenhouse, potencialmente análoga às mudanças climáticas globais atuais. Os estratos da Bacia do Paraná registram tal transição, proporcionando ao Brasil uma oportunidade única para elucidar como os paleoincêndios se comportaram diante deste tipo de mudança paleoclimática, contribuindo para a compreensão da dinâmica do fogo no sistema Terra, além de fornecer insights sobre como os incêndios naturais atuais podem responder a mudanças climáticas atualmente em curso. Neste projeto, almeja-se elucidar a dinâmica dos paleoincêndios vegetacionais durante a transição icehouse–greenhouse do intervalo Carbonífero–Permiano da Bacia do Paraná. Como os paleoincêndios se comportaram diante desta mudança paleoclimática, quais os impactos paleoambientais destes eventos, e de que forma eles contribuíram ou não para tal mudança paleoclimática? Em estudos prévios documentaram-se evidências da ocorrência de paleoincêndios em estratos do Carbonífero e Permiano da Bacia do Paraná, porém a complexidade destes eventos e a reposta a pergunta de pesquisa acima permanece obscura. Este projeto vem sendo desenvolvido por uma equipe interdisciplinar, contando com cientistas brasileiros e estrangeiros, que utiliza uma abordagem metodológica multi-proxy que inclui análises paleobotânicas, tafonomicas, geoquímicas e petrográficas, que permitirá a resolução de tal problemática.