Coordenação: Daiane Heidrich
Pesquisadores:A identificação clínica de microrganismos, em muitas vezes, é dispendiosa ou não é capaz de identificar o microrganismo em nível de espécie. Além disso, a falta de ensaios de suscetibilidade a antimicrobianos utilizados na prática clínica ou o tempo necessário para obtenção desses resultados estimulam a resistência a antimicrobianos, além de gerar aumento na geração de custos de internação, medicamentos e exames complementares. Outras infecções causadas por microrganismos emergentes, como SARS-CoV2, e suas consequências, também carecem de maiores avanços diagnósticos e de previsão de possíveis desfechos com os pacientes. Assim, há busca de tecnologias limpas em medicina laboratorial que aliem redução de geração de custos e resíduos com robustez, rapidez e sustentabilidade de implementação, como a Espectroscopia no Infravermelho com Transformada de Fourier (FT-IR), que tem se tornado uma ferramenta de grande utilidade para fins diagnósticos na área da saúde através da promoção de modelos FT-IR utilizando como referência (supervisionados) por métodos clássicos ou padrões-ouro de análise. Na área de infectologia humana, a utilização de modelagem FT-IR para diagnóstico de doenças infecciosas, identificação e caracterização de isolados clínicos a partir de culturas de bactérias e fungos está documentada. No entanto, observa-se a utilização de baixo número de isolados para análise FT-IR propostas ou os estudos não utilizaram como referência o padrão-ouro de identificação dos microrganismos (sequenciamento do DNA) ou a metodologia conhecida não está disponível na região, sendo necessária adaptações e aplicações para utilização na prática clínica. Desta forma, o objetivo deste projeto é desenvolver modelos por FT-IR para auxílio diagnóstico e terapêutico de doenças infecciosas. Após a obtenção dos modelos, em uma única aplicação do material clínico ou do microrganismo no equipamento FT-IR disponível no Tecnovates/Univates, serão obtidos resultados de diagnóstico da infecção, identificação em nível de espécie e suscetibilidade em poucos minutos de avaliação espectral. Além da maior rapidez, a utilização da ferramenta FT-IR gera menor custo e menor impacto ambiental com a mesma robustez, sensibilidade e especificidade dos teste padrão-ouro laboratoriais. Este projeto se constitui num primeiro passo para simplificação do diagnóstico de doenças infecciosas na Região do Vale do Taquari.
Sub projetosFundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio Grande do Sul - FAPERGS
Fusarium é um gênero de fungo filamentoso responsável por causar infecções superficiais, subcutâneas e sistêmicas, denominadas de fusariose, que acometem principalmente pacientes com comorbidades e imunocomprometidos. Nestes pacientes, a taxa de mortalidade decorrente de infecção por fusariose invasiva é de 75%. Fusarium sp. é multirresistente, apresentando sensibilidade restrita a poucos fármacos, como anfotericina B e voriconazol. Desta forma, faz-se necessária a implementação de novos fármacos para uso no tratamento da fusariose. Para tanto, torna-se de extrema relevância identificar alvos terapêuticos promissores. Estes podem, por exemplo, constituir enzimas que compõem vias metabólicas de grande importância para este fungo. A via do chiquimato, que leva a biossíntese de corismato, o precursor dos aminoácidos aromáticos tirosina, triptofano e fenilalanina, está presente em fungos (além de bactérias, algas, plantas e parasitas do filo Apicomplexa), mas encontra-se ausente em mamíferos. As proteínas 3-desoxi-D- arabinoheptulosonato 7-fosfato sintase (DAHP sintase) e corismato sintase são, respectivamente, a primeira e a última enzima da via, se destacando das demais em fungos por serem funcionalmente independentes, podendo representar promissores alvos terapêuticos. Assim, propomos estas enzimas, e a reações catalisadas pelas mesmas, como alvos de estudo funcional e estrutural. A partir disto, serão selecionadas moléculas com potencial inibitório para as mesmas, e serão realizados testes in vitro para mensurar seus potenciais antifúngico, de mutagenicidade e de citotoxicidade. Estes estudos devem contribuir para guiar o desenvolvimento de novos fármacos com toxicidade seletiva contra espécies de Fusarium, de forma a otimizar os já comprometidos tratamentos disponíveis.