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Você é o que compra

Postado em 26/01/2018 13h41min e atualizado em 26/01/2018 15h12min

Por Elise Bozzetto

Elise Bozzetto

A humanidade consome hoje 30% mais recursos naturais do que a capacidade de renovação da Terra. Se os padrões de consumo continuarem nesse patamar, em menos de 50 anos serão necessários dois planetas Terra para atender nossas necessidades de água, energia e alimentos. O problema é que não temos dois planetas Terra.

A boa notícia é que muitas pessoas hoje pensam, refletem, discutem sobre novas formas de consumir. O assunto ganha adeptos e também visibilidade, mas ainda está longe de ser uma pauta diária na vida das pessoas. Em pesquisa realizada pelo Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil) e pela Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL), o percentual de consumidores que possuem comportamento de consumo consciente passou de 21,8% em 2015 para 32% em 2016. Ainda assim apenas três em cada dez brasileiros são consumidores conscientes.

Apesar do aumento percentual, o consumo não significa necessariamente maior consciência ambiental. “Assim como em 2015, os entrevistados associam mais frequentemente o consumo consciente com atitudes relacionadas apenas a aspectos financeiros, ficando em segundo plano as esferas ambientais e sociais”, afirmou a economista-chefe do SPC Brasil, Marcela Kawauti, em nota.

O consumo consciente é uma construção individual

O consumo consciente exige que o consumidor vá além das questões relacionadas à marca e ao preço na escolha dos produtos. “É necessário considerar tudo o que vem antes do consumo do produto em si, como, por exemplo, a quantidade de água utilizada no seu processo produtivo ou as condições sociais com as quais determinado produto é feito.

Mas também é importante considerar o destino dos produtos, a quantidade de embalagem associada, os resíduos gerados por aquele consumo e a possibilidade de reciclagem”, pondera Marlon Dalmoro, professor do Programa de Pós-graduação em Sistemas Ambientais Sustentáveis da Univates.

 

Maicon Toldi

Elise Bozzetto

Para Maicon Toldi, doutorando em Ambiente e Desenvolvimento da Univates, participante da ONG Ecobé, representante da ONG no Conselho do Meio Ambiente de Lajeado e membro da organização da Feira Regional de Agricultores Familiares Agroecologistas de Lajeado, o consumidor deve estar atento a diversas questões que envolvem a produção do que usa. “O problema é que as informações sobre a forma de produção são difíceis de buscar. Algumas empresas fazem o marketing verde falando que a produção é ambientalmente correta e socialmente justa, mas nem sempre a prática acompanha a propaganda. Entretanto os produtores estão atentos às tendências de consumo, pois a engrenagem da produção são os consumidores. Hoje existem ótimos exemplos de consumo consciente com compras compartilhadas, pessoas vivendo em ecovilas entre outros. Cada um deve buscar melhorar seu consumo pensando em mais eficiência e menos gasto de recursos naturais. O importante é o respeito e o compartilhamento de conhecimento”, comenta Toldi.

Para ele, é importante respeitar as escolhas dos outros. Nem sempre a gente enxerga o que de fato está acontecendo. “Lembro-me de um exemplo no qual uma pessoa foi criticada por estar lavando a calçada com água corrente, mas quem criticou não sabia que esta água vinha de uma cisterna. Neste caso, cada um tem um ponto de vista diferente em relação ao uso da água. Havendo um diálogo saudável todos podem crescer”, enfatiza o estudante.

 

Feira Agroecológica movimenta economia solidária

Na Univates, na primeira e na terceira quinta-feira do mês, acontece a Feira Regional de Agricultores Familiares Agroecologistas. Na feira podem ser adquiridos produtos orgânicos, de origem conhecida e com qualidade comprovada por Organismos de Avaliação de Conformidade (OAC).

Marizete Dalla Costa

Ana Amélia Ritt

Marizete Dalla Costa é de Estrela. Professora aposentada de língua espanhola, hoje trabalha com reiki. Sempre que pode ela participa de feirinhas de produtos naturais como a que acontece na Univates. "Me criei no interior. Então isso vem desde criança. Sempre fui habituada a ter horta em casa", conta. Marizete diz que é importante ser ecológico em tudo, mostrando que sua roupa é de brechó e afirmando que é adepta de móveis restaurados. "No momento em que compro e não quero, outra pessoa pode ter interesse e fazer uso. Tudo tem conserto. Reutilizo o que dá", afirma.

Para Toldi, a região do Vale do Taquari ainda tem que avançar no sentido de valorizar os alimentos saudáveis desse tipo de plantio.

 

A produção em alta escala sob monocultivo convencional de alimentos, no Brasil, usa agrotóxico que gera um passivo ambiental na água e contaminação do ambiente. Fornece alguns alimentos contaminados com veneno. Este modelo normalmente enriquece poucos e mantém grandes áreas com problemas sociais e baixa renda per capita. Já a produção de agricultores familiares agroecologistas produz com tecnologias mais limpas. A produção é mais diversificada e as plantas, ao se defenderem das pragas, produzem alimentos mais saudáveis. Buscar esses produtores é uma forma de conseguir produtos de melhor qualidade e diminuir o passivo ambiental da produção de alimento. Nas feiras desses produtores os alimentos nem sempre são mais caros do que no mercado. O importante é que cada um tenha uma forma crítica de consumo
Maicon Toldi

A feira é realizada pela Univates e possui o apoio da Articulação de Agroecologia do Vale do Taquari (AAVT). Mais informações pelo e-mail quintatemfeira@univates.br.

Esta matéria faz parte da edição nº 6 da Revista Univates, que pode ser conferida aqui.