Utilizamos cookies neste site. Alguns são utilizados para melhorar sua experiência, outros para propósitos estatísticos, ou, ainda, para avaliar a eficácia promocional do nosso site e para oferecer produtos e serviços relevantes por meio de anúncios personalizados. Para mais informações sobre os cookies utilizados, consulte nossa Política de Privacidade.

Complicado não é impossível

Postado em 02/02/2018 14h04min e atualizado em 22/02/2018 11h56min

Por Nicole Morás

Aprender é um processo complexo, que varia de acordo com o tempo de cada um, com a capacidade de estabelecer relações e atribuir significado ao conteúdo, além de ser necessária uma predisposição para se abrir a novos conhecimentos. De acordo com a professora do Programa de Pós-Graduação em Ensino (PPGEnsino) e do PPG em Ensino de Ciências Exatas (PPGECE) da Univates Márcia Rehfeldt, atualmente fala-se em processos de aprendizagem e de ensino, ou seja, ambos estão relacionados, mas devem ser considerados como partes distintas. “O fato de um ensinar não quer dizer que o outro vá aprender, embora o ideal seria que um se convertesse no outro”, explica ela, acrescentando que as dificuldades de aprendizagem, de maneira geral, estão relacionadas ao aluno apresentar um tempo mais lento para compreender o conteúdo. “Acrescentaria a isso o fato de muitos estudantes suprirem necessidades pontuais ao memorizarem ao invés de compreenderem os conteúdos, de forma que eles não consigam estabelecer relações”, analisa.

Márcia afirma que é possível perceber que a maioria das dissertações do PPGEnsino e PPGECE são justificadas a partir de alguma dificuldade de aprendizagem ou desmotivação,sendo um incentivo para o desenvolvimento de  novas metodologias e abordagens. “Acredito que deve haver uma predisposição para que ocorra o aprendizado. Isso também está relacionado com a motivação que o estudante tem para obter novos conhecimentos”, afirma. Para a pesquisadora, a linha entre dificuldade e transtorno de aprendizagem é muito tênue. Por isso ela indica que a busca de profissionais que possam auxiliar nesse processo é fundamental, como pedagogos e psicólogos, assim como reforço ou atividades de auxílio à aprendizagem.

Uniapren

 Fernanda Figueiredo, acadêmica do curso de Arquitetura e Urbanismo, e Henrique Branchier do Uniapren

Nicole Morás

É justamente buscando dar suporte a estudantes com dificuldades que o Uniapren - Laboratório de Aprendizagem da Univates realiza oficinas e monitorias, não apenas para estudantes da Instituição, mas também para alunos de Ensino Médio. Uma das estudantes a procurar o Uniapren, incentivada pela professora Andreia Spessatto de Maman, foi Fernanda Figueiredo, acadêmica do curso de Arquitetura e Urbanismo. No Ensino Médio ela cursou o primeiro e o segundo ano em uma escola com uma metodologia em que os estudantes podiam compor sua grade de matérias. “Ao final do Ensino Médio teríamos todos os conteúdos, então deixei matemática para o último ano; mas, como fui para uma escola regular na 3ª série do Ensino Médio, acabei não tendo boa parte do conteúdo que   seriam os fundamentos iniciais para a disciplina na graduação e reprovei duas vezes. Foi aí  que busquei ajuda no Uniapren e frequentei monitorias durante um ano toda quarta-feira”, explica.

Com o auxílio, Fernanda não só foi aprovada na disciplina com nota 9 como descobriu que não precisaria desistir do seu curso. “Toda essa trajetória despertou em mim o sentimento de que é possível conseguir. Estudar foi uma escolha e exigiu esforço, mas eu não desisti, o que teria sido o caminho mais fácil. No fim, eu vi que tenho competência sim”, afirma ela que, talvez por ironia do destino, como ela mesmo diz, hoje trabalha com programação e robótica como bolsista do Projeto de Extensão Tecnologias Multidisciplinares Aplicadas e utiliza bastante a matemática em seu dia a dia.

Confira alguns números do Uniapren:

“A sensação é que a vitória do estudante também é minha, e que juntos nós podemos mais, sempre!”

Do outro lado desta mesma história está o estudante de Engenharia Civil e funcionário do Uniapren Henrique Branchier. Foi ele quem acompanhou Fernanda durante o ano em que ela participou das monitorias. Para Branchier, a sua maior motivação em auxiliar estudantes surgiu quando ele percebeu que ambos crescem juntos. “É um processo em que estou ligado diretamente aos estudantes. Não basta saber explicar, é preciso compreender no que está a dificuldade do estudante, e realizar um processo de desconstrução do saber, voltar no tempo, sanar bloqueios e dificuldades que eles trazem desde a escola, como o medo da matemática, por exemplo, e então retomar o conteúdo visto aqui, reconstruindo todo o processo, ensinando o aluno a como estudar”, avalia ele.

Para Branchier é importante motivar os estudantes, mostrar-lhes que nada é impossível de ser compreendido. Ele acredita que, às vezes, a maior tarefa é justamente desmistificar a ideia de que, na área das exatas, tudo é muito difícil. “Fico muito feliz quando encontro meus alunos pelos corredores, e eles me cumprimentam, agradecem a ajuda que tiveram aqui no setor. Ser monitor só me fez ganhar até hoje. Tenho muito orgulho do que eu faço, porque faço com amor e me dedico para ver o sucesso do outro. Isso é combustível pra mim, me alegra e me motiva a seguir em frente nos meus planos profissionais, que é ser  professor universitário. Mostra que eu não estou aqui em vão, e que o setor é muito importante na vida de muitos estudantes, pois faz a diferença”, comemora ele, acrescentando que seu maior desejo é poder mostrar dentro de sala de aula que, quando se tem vontade, a gente pode vencer. E foi justamente nesse processo com a Fernanda que surgiu o assunto que Branchier vai abordar em seu trabalho de conclusão de curso que ele apresenta em dezembro. “O meu estudo busca compreender como podemos estudar cálculo de estruturas de uma forma mais dinâmica, facilitando o processo de aprendizagem dos estudantes”, finaliza.

Esta matéria faz parte da edição nº 6 da Revista Univates, que pode ser conferida aqui.