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Há 10 anos Univates realiza atividades com indígenas Kaingang

Postado as 17/04/2019 14:43:49

Por Carla Bagnara

Em abril de 2009, a Universidade do Vale do Taquari - Univates iniciava práticas e ações que integram estudantes e comunidade indígena. O objetivo? Conhecer mais a história, os traços culturais e as condições atuais de sustentabilidade, meio ambiente, educação e saúde dos indígenas da região. Nascia o projeto de extensão História e Cultura Kaingang.

Vinculado ao Programa de Pós-Graduação em Ambiente e Desenvolvimento (PPGAD) e ao curso de licenciatura em História, o projeto atua com as comunidades indígenas Kaingang localizadas principalmente nos municípios de Lajeado, Estrela, Tabaí e Farroupilha.

Com seis professores (quatro voluntários e dois colaboradores) de diferentes áreas de conhecimento, dois bolsistas e dez estudantes voluntários da graduação e pós-graduação, as intervenções realizadas têm em vista o impacto positivo tanto na formação do aluno participante quanto na vivência com a comunidade indígena por meio da troca de saberes.

Um território historicamente Kaingang

Conforme dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), os Kaingang são classificados pelo Censo Demográfico Indígena de 2010 como o terceiro maior grupo populacional indígena do Brasil, totalizando aproximadamente uma população de 38.000 pessoas. Conforme o coordenador do projeto, doutor Luís Fernando Laroque, os Kaingang pertencem ao tronco linguístico Jê e à família linguística Macro-Jê do Brasil Meridional e tradicionalmente ocupam porções territoriais nos estados de São Paulo, Paraná, Santa Catarina, Rio Grande do Sul e até o século XIX também na região de Misiones, na Argentina. “A Bacia Hidrográfica Taquari-Antas é um tradicional território indígena Guarani e Kaingang que, principalmente ao longo dos séculos XVIII e XIX, foi tomado por colonizadores e fazendeiros”, comenta.  Outra característica da comunidade Kaingang é que os indígenas consideram o espaço atual onde vivem como o grande e antigo território, não importando se a sociedade o organizou e dividiu geograficamente em cidades.

Para eles, a relação é a mesma. Tem aldeia em Lajeado, em Estrela, em Tabaí, em São Leopoldo, duas em Farroupilha e três em Porto Alegre, e os Kaingang vão circulando, pois também há relação de parentesco entre essas aldeias. Isso porque é o tradicional território deles
Professor Laroque

Os grupos Kaingang são liderados por um cacique principal e por lideranças menores. A sociedade, conforme explica Laroque, organiza-se entre duas metades: Cayurucré - regida pela lua - e Camé - regida pelo sol. “Os casamentos somente podem ocorrer entre metades opostas. Alguém que tenha a marca Cayurucré  somente pode casar com alguém da marca Camé, caso contrário, são tomadas como relações indesejadas pelo grupo, algo que na nossa cultura é conhecido como incesto”, exemplifica.  

Na literatura, os Kaingangs também são conhecidos com o nome de Ibiraiáras, Guananases, Caaguás, Coroados e Bugres. O idioma tradicionalmente usado é o Kaingang. Além disso, a comunidade valoriza a relação com a natureza em uma perspectiva de respeito e reciprocidade.

“O contato com os indígenas Kaingang foi uma quebra de preconceitos”

Natalia Sarmento (à direita) é aluna do curso de História e participa do projeto de extensão desde 2017. A jovem afirma que antes de conhecer a cultura e os valores dos indígenas tinha os mesmos preconceitos que “boa parcela da população tem”. As atividades do projeto fizeram-na mudar de opinião.

A partir da oportunidade de participar do projeto História e Cultura Kaingang eu fui descobrindo o quanto estava equivocada e que nossas noções de sociedade ocidental não podem ser aplicadas aos indígenas, pois é um modo diferente de ver e viver o mundo. Aprendi muito observando os indígenas. Aprendi respeito, amor à natureza e humildade
Natalia Sarmento

A estudante atua como voluntária nas atividades. Para ela, a extensão já acrescentou muito tanto na vida pessoal como na profissional. “Minha missão como professora de História é falar sobre os povos indígenas e colaborar para erradicar o preconceito contra eles. Na graduação, apesar de as disciplinas abordarem a temática indígena, não há uma experiência real, e isso o projeto me proporcionou. Com certeza eu falarei dos indígenas com muito mais propriedade e empatia”, conclui Natalia.

O coordenador do curso de Engenharia Ambiental da Univates, Rafael Rodrigo Eckhardt (à esquerda na foto), também participa do projeto de extensão como voluntário. Para ele, o projeto contribui para a compreensão da cultura indígena tradicional e contemporânea e fornece informações para a própria aldeia. “Também melhora a interlocução das culturas não indígenas com a cultura indígena, quando da realização de eventos na Universidade e na própria aldeia”, completa.

Saiba mais

As atividades desenvolvidas pelo projeto de extensão são:

- saídas de campo às áreas indígenas;

- diálogos com as comunidades indígenas Kaingang;

- reuniões de estudos;

- diálogos com gestores e agências do Vale do Taquari.

Se você tem interesse em participar do projeto como estudante voluntário de graduação, entre em contato pelo e-mail projetokaingang@univates.br.