Lucas George Wendt
Pesquisa de estudante da Univates analisa dados sobre a violência na cidade de Lajeado
Postado as 30/07/2020 12:35:14
Por Vinicius Mallmann
Com base nos dados levantados pelo programa “Pacto Lajeado pela Paz”, a estudante do curso de Engenharia da Computação da Universidade do Vale do Taquari - Univates, Cândida Bruxel, buscou sistematizar, agregar e organizar dados importantes obtidos sobre violência na cidade de Lajeado. A pesquisa é resultado de seu Trabalho de Conclusão de Curso - TCC, orientado pelo professor Marcelo Malheiros, e intitulado “Sistematização do Processo de Mineração e Análise de Dados Aplicado ao Setor Público”.
Em seu estudo, Cândida utilizou o processo de Mineração de Dados, que busca identificar padrões, regras, correlações e anomalias em determinados conjuntos de dados para extrair conhecimento e ajudar os gestores na tomada de decisão. Para isso, a estudante estruturou uma base de dados com as informações passadas pelo governo municipal, e assim aplicou a metodologia Cross-Industry Standard Process for Data Mining (CRISP-DM) para compreender, planejar e fazer a avaliação do processo de forma objetiva a cada fase e de seus problemas. “Essa metodologia é basicamente uma uniformização de técnicas e conceitos para auxiliar na busca de conhecimentos específicos. Ela possui seis fases, então durante o trabalho, fiz o entendimento de cada uma e coloquei elas em prática”, explica a estudante.
Resultados apontam predominância da violência entre população adulta
Com os dados coletados junto à prefeitura de Lajeado, além de descobrir informações úteis e ainda desconhecidas, Cândida analisou as ferramentas e algoritmos atualmente disponíveis, e com isso iniciou suas abordagens da pesquisa. Na primeira, a estudante realizou uma análise do ciclo de vida dos autores da violência.
Como resultado, Candida categorizou o ciclo de vida estabelecida no formulário SINAN, onde o valor ‘um’ representa autores considerados crianças (0 a 9 anos), ‘dois’ representa os adolescentes (10 a 19 anos), ‘três’ representa os jovens (20 a 24 anos), ‘quatro’ representa os adultos (25 a 59 anos) e ‘cinco’ representam os idosos (60 anos ou mais). Assim, é possível visualizar que o ciclo de vida que mais praticou atos de violência é de pessoas adultas, entre 25 a 59 anos com mais de 1750 casos, enquanto os grupos de jovens e adolescentes aparecem com um pouco mais de 250 casos cada. Já o grupo de crianças contou com 1 registro e o público idoso não registra nenhum caso.
Outra abordagem feita pela estudante é relacionada ao índice de notificação de violência por bairros. Para isso, Cândida agrupou todos os registros por cada bairro, apresentando em ordem decrescente os bairros, conforme a quantidade de registros de violência nestes ocorridos. Neste caso, é possível verificar que os três bairros com maior número de registros são: bairro Santo Antônio com 384 casos, bairro Centro com 375 casos e na sequência o bairro Jardim do Cedro com 284 casos.
Por fim, durante o estudo, Cândida identificou que o sexo feminino sofreu o maior número de registros de violência e que a violência mais registrada era a física. Além disso, a estudante concluiu que o principal motivo da violência envolvem questões ligadas ao sexismo, e com base nisto, resolveu analisar o número de registros de violência física por sexo da vítima.
Nesta análise, a pesquisa identificou que estão registrados cerca de 600 casos de violência não físicas contra homens, e cerca de 400 casos em que houve violência física. Já na análise com o público feminino, os números são bem maiores, com mais de 1500 casos de agressão não físicas, e por volta de 1400 casos envolvendo agressão física contra mulheres.
Por fim, Cândida conta que devido à pandemia da Covid-19 não foi possível realizar uma etapa crucial da pesquisa. “Por conta do momento em que estamos vivendo, infelizmente o trabalho não teve uma análise especializada da Secretaria da Saúde, pois eles atuam diretamente na área epidemiológica e estão com muita demanda durante a pandemia”, finaliza a estudante.