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Divulgação/Unsplash

Professor do Curso de Medicina da Univates é premiado em congresso nacional da Associação Brasileira de Estudos do Álcool e outras Drogas

Postado as 27/09/2021 14:06:44

Por Lucas George Wendt

O professor do curso de Medicina da Universidade do Vale do Taquari - Univates Alexandre Kieslich da Silva apresentou um trabalho com o qual foi premiado no XXVI Congresso da Associação Brasileira de Estudos do Álcool e outras Drogas (Abead). O evento foi online, realizado entre os dias 9 e 11 de setembro de 2021. 

O evento reúne médicos, psicólogos, advogados e professores em busca de saídas para tratar dependentes químicos. A discussão passa por novos tratamentos, segurança e qualidade de vida para essas pessoas.

Kieslich recebeu o prêmio Vicente Araújo da Abead, referente à pesquisa clínica. Seus estudos envolvem o canabidiol (CBD), que tem sido estudado como uma ferramenta farmacológica potencial para tratamento de transtornos clínicos e mentais. A pesquisa destacada pelo evento e realizada pelo docente foi uma análise dos estudos em humanos e modelos animais com o CBD no tratamento das adições. A investigação feita por Kieslich amplia a compreensão da área da Psiquiatria sobre o estado da arte da pesquisa sobre o CDB realizada no mundo. 

Divulgação

Para entender 

A Cannabis sativa, substância psicoativa ilícita mais utilizada no mundo, está associada a efeitos danosos, principalmente sintomas psiquiátricos como ansiedade, depressão e psicose. Seus principais compostos são o canabidiol (CBD) e o delta-9-tetrahidrocanabinol (THC). Embora o THC tenha efeitos principalmente psicoativos e possa causar ansiedade, psicose e déficits cognitivos, o CBD geralmente não tem nenhum desses efeitos e pode até atenuá-los.

Estudos pré-clínicos realizados ao redor do mundo sugerem que o CBD tem efeitos no tratamento da adição de opioides e estimulantes em modelos animais. Além disso, estudos preliminares em humanos sugerem que o CBD reduz o consumo de cigarros, os sintomas da dependência e a própria síndrome de abstinência de maconha. 

As evidências de eficácia ainda são, contudo, limitadas ou com resultados mistos sobre o uso do CBD em modelos científicos na redução da autoadministração, bem como para tratar os efeitos negativos da síndrome de abstinência de substâncias como tabaco, cocaína, opioides e anfetaminas. 

“Uma revisão sugeriu recentemente que os resultados pré-clínicos preliminares indicam que o CBD pode atenuar o consumo de álcool e potencialmente proteger contra certos efeitos prejudiciais do álcool, como danos ao fígado e cérebro, mas os efeitos do CBD no uso de álcool e potenciais implicações terapêuticas no transtorno por uso de álcool ainda não estão claros”, explica o professor. 

“Recentemente, dois ensaios clínicos randomizados e controlados por placebo não conseguiram provar que o CBD poderia diminuir o desejo em indivíduos dependentes de crack. Novos medicamentos para o tratamento das adições têm valor significativo e importância crítica para a saúde pública”, defende Kieslich. 

A Cannabis continua, no entanto, sendo a droga ilícita mais usada no mundo, com cada vez mais pacientes legalizando seu uso. “Por isso, a diferenciação das propriedades terapêuticas do CBD, e inclusive do THC, em relação aos efeitos psíquicos do THC torna-se fundamental. Deve-se, acima de tudo, distinguir os potenciais benefícios para a saúde mental do CBD nos efeitos adversos da maconha”, observa o docente. 

Alexandre Kieslich

É psiquiatra com residência em psiquiatria pelo Hospital Psiquiátrico São Pedro e Psiquiatria da Adição pelo Hospital de Clínicas de Porto Alegre. Mestre em Ciências da Saúde pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Tem formação em Terapia Comportamental Dialética (DBT) pelo Behavioral Tech Institute. Atua no curso de Medicina da Univates desde 2018. O professor atua em Lajeado e em Porto Alegre. 

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